Velhice cidadã

Velhice cidadã

Se é importante viver mais, é mais importante viver muito, viver a velhice com autonomia e qualidade de vida. E isso o nosso país ainda não conquistou. Por isso o Velhice Cidadã 2.0.

Gilberto Natalini (*)


Como sabemos, a população do mundo está envelhecendo rapidamente. Pelas conquistas da ciência, da medicina e por melhor qualidade de vida, os seres humanos estão vivendo mais. No Brasil, esse processo de envelhecimento é ainda mais rápido e abrangente. Os brasileiros estão vivendo mais, com uma expectativa de vida próxima a 75 anos. Porém, se é importante viver mais, é mais importante viver muito, com autonomia e qualidade de vida. E isso o nosso país ainda não conquistou. Portanto, nossa bandeira de luta, nosso trabalho, nosso compromisso é conquistar o Envelhecimento Saudável e Ativo para os brasileiros.

A legislação brasileira em vigor é avançada. Temos o Estatuto do Idoso, a própria Constituição e as Leis Ordinárias que abrangem muito bem os direitos dos idosos. Porém, as Leis não são cumpridas.

Os direitos dos idosos, portanto, não são respeitados no Brasil em sua abrangência. A primeira grande violência contra os idosos no Brasil é a pobreza. É claro que a pobreza atinge a maioria da população brasileira, mas com os idosos ela é mais cruel, mais desumana, mais visível.

A pessoa trabalha uma vida inteira e na velhice, sua aposentadoria não provém suas necessidades de vida.

A pobreza maltrata a velhice.

A assistência à velhice nos serviços essenciais, também são precários.

A saúde, em que pese o esforço do SUS, não consegue amparar os doentes idosos, em sua amplitude.

A segurança pessoal e coletiva também deixou a desejar, e os idosos são as principais vítimas de vários tipos de violência, de golpes, de agressões.

Os idosos acompanham com dificuldade a rápida evolução da tecnologia da informação e são milhões deles excluídos dos serviços bancários, da cultura, dos serviços públicos, enfim, da vida moderna.

E, por fim, mas não menos importante, temos o grave problema do idadismo.

Esse item contém todo tipo de preconceito, de exclusão, de solidão, de desumanidade, de sofrimento, de abandono contra boa parte das pessoas que superam os 60 anos.

O combate ao idadismo é uma bandeira mundial. E, dessa forma, inclui todos os outros itens.

No ano passado, tivemos uma estrondosa vitória contra o idadismo e o preconceito. Conseguimos, com um amplo movimento unitário #velhicenaoedoenca, que se organizou entre nós, e ganhou a parceria em vários outros países, fazendo a OMS recuar e a CID 11 excluir a velhice como doença. A verdade prevaleceu, pois temos idosos com doenças, mas #velhicenaoedoenca.

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A participação de nós, brasileiros, nessa vitória, foi muito forte. Foi uma vitória histórica.

Ancorados nessa conquista, o grupo #velhicenaoedoenca, decidiu ter continuidade, agora ampliando e abraçando a causa do Envelhecimento, um trabalho continuado, somando o conhecimento e o ativismo de cada pessoa e cada entidade, de forma política, mas suprapartidária, e de forma técnico científico, com o conhecimento acumulado.

O grupo passa a se chamar Velhice Cidadã 2.0, com o subtítulo #velhicenaoedoenca.

Para se ter uma ideia, a 1ª reunião do grupo neste ano teve mais de 150 pessoas envolvidas com a causa do Envelhecimento.

Estamos fazendo uma pauta de trabalho para o ano inteiro, inclusive uma carta manifesto para divulgar à nação e discutir com todos os candidatos aos cargos eletivos na próxima eleição. Além disso, vamos participar dos fóruns nacionais do Envelhecimento e se caminha para a formação da Liga Ibero Americana do Envelhecimento Ativo e Saudável.

Aqui em São Paulo, parte significativa do grupo, entre eles o Prof. Alexandre Kalache está ajudando a organizar nosso 6º Congresso, via Câmara Municipal, que será dentro da Longevidade Expo+Fórum 2022.

Avançamos no tema e avançamos na luta.

Para terminar, deixo uma provocação como desafio: todo ser humano que hoje é jovem, caminha para ser um velho no futuro.

Por isso, essa causa não tem idade. É de todos!

(*) Gilberto Natalini – Médico e Ambientalista, em 16 de fevereiro de 2022

Foto de destaque: Pexels


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