Um viés de idade pode influenciar o menor transporte de pacientes de trauma idosos para centros de traumatologia

De acordo com os resultados de uma análise retrospectiva publicada na edição de agosto de Archives of Surgery, é menos provável o transporte de pacientes vítimas de trauma para um centro de traumatologia por equipes prestadoras de serviços de emergência médica quando se trata de um paciente idoso.

Laurie Barclay *


Segundo David C. Chang, PhD, MPH, MBA, da Johns Hopkins School of Medicine e Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health, Baltimore, Maryland, e colaboradores as diretrizes de prática clínica baseadas em evidências recomendam veementemente que os pacientes idosos vítimas de trauma devam ser tratados tão eficientemente quanto pacientes jovens. No entanto, alguns estudos sugerem que o viés de idade pode ainda ocorrer na assistência ao trauma, mesmo na fase pré-hospitalar.

O objetivo desse estudo foi avaliar se o viés de idade é um dos fatores dos erros de triagem. Os pesquisadores realizaram uma análise retrospectiva de dados coletados durante 10 anos (de 1995 a 2004) no sistema estadual de informação de ambulâncias de Maryland. Em seguida, realizaram pesquisas com equipes de serviço de emergência médica em conferências regionais deste serviço e com equipes de centros de traumatologia de nível 1.

Os pacientes de trauma foram definidos como aqueles que apresentavam os critérios fisiológicos, de lesão e/ou mecanismo do American College of Surgeons e subjetivamente declarados pela equipe de emergência médica em estado de prioridade 1 (que exige atenção imediata). O objetivo primário foi a “subtriagem”, definida como a falha no transporte de pacientes de trauma para um centro de traumatologia.

Entre 26.565 pacientes de trauma identificados pela análise do registro, a taxa de subtriagem foi maior em pacientes com 65 anos ou mais em comparação aos pacientes mais jovens (49,9% versus 17,8%; P < 0,001). A análise multivariada revelou que pacientes com 50 anos de idade também foram associados a um menor número de transporte para os centros de traumatologia (odds ratio [OR], 0,67; intervalo de confiança [IC] de 95%, 0,57 a 0,77), com uma redução ainda mais acentuada para pacientes com 70 anos de idade (OR, 0,45; IC de 95%, 0,39 a 0,53) em comparação com os pacientes abaixo dos 50 anos de idade.

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Dentre os 166 participantes que responderam a pesquisa (127 de equipes de emergência médica, 32 de equipes médicas e 7 participantes se recusaram a identificar a sua formação) e que completaram a pesquisa de acompanhamento, os três principais fatores responsáveis pela subtriagem foram o treinamento insuficiente para a conduta de pacientes idosos (25,3% ), a falta de familiaridade com o protocolo (12%) e o possível viés de idade (13,4%).

Segundo os autores do estudo, mesmo quando o trauma é reconhecido pela equipe de emergência médica, há uma probabilidade consistentemente menor do transporte de pacientes idosos para um centro de traumatologia. O estudo identificou como uma possível causa o inconsciente viés de idade, tanto da equipe de emergência médica no campo quanto da equipe do centro de traumatologia ao receber o paciente.

As limitações desse estudo incluem o efeito desconhecido dessa subtriagem sobre os desfechos do paciente e a tentativa frustrada para a associação dos dados da equipe de emergência médica aos dados de alta hospitalar do hospital de Maryland.

O problema do viés de idade levantado no presente estudo pode anular os esforços para a melhora do atendimento clínico de pacientes de trauma idosos em centros de traumatologia se o sistema como um todo não funciona adequadamente e não encaminha os pacientes de forma adequada ao atendimento necessário. Pode ser útil destacar a literatura que, atualmente, sugere que os pacientes idosos de trauma, de fato, retornam a sua vida produtiva após a lesão, essa informação poderia eliminar a idéia da inutilidade da assistência, já que a mesma pode influenciar conscientemente ou subconscientemente o viés de idade.

Dr. Chang recebeu apoio financeiro com um prêmio do Serviço Nacional de Pesquisa Individual do Instituto Nacional de Ciências Médicas Gerais para parte deste estudo e recebeu o PrêmioMaryland EMS-Geriatrics pelo governador de Maryland em 2005. Os autores não declararam conflitos de interesse.
*Laurie Barclay é revisora e escritora freelancer para o Medscape.

Fonte: Arch Surg. 2008;143(8):776–781. Disponível Aqui

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