Um mercado cada vez mais promissor para um país que envelhece

A sala reservada no 20o. andar para o evento se mostrou acanhada para o grande número de interessados em participar do workshop “Idosos no Brasil: oportunidades de negócios”, coordenado pelo Observatório da Longevidade Humana e Envelhecimento (OLHE) e realizado no mês passado em São Paulo (SP).

Maria Lígia Mathias Pagenotto / Fotos: Alessandra Anselmi

 

um-mercadoO encontro contou com apoio da Danone – Divisão de Nutrição Especializada –, empresa que também apoia o programa Cuidar é Viver, voltado para a formação de cuidadores de idosos, também sob a coordenação do OLHE.

A ideia que permeou o workshop foi a que o envelhecimento populacional representa muito mais uma saída para a crise econômica, ao contrário de ser responsável por ela. Muito foi dito sobre como a população idosa vem crescendo no Brasil e como é possível enxergar nesse dado uma maneira de empreender de forma responsável – ou seja, sem perder de vista a melhora, para todos, na qualidade de vida na longevidade.

 

um-mercadoO jornalista Jorge Félix, especializado em economia da longevidade e autor do livro “Viver Muito” (editora Leya), abriu a manhã com uma palestra sobre o cenário do envelhecimento brasileiro e as oportunidades de negócios. Segundo ele, cada vez mais as empresas e o governo estão percebendo a longevidade dessa forma. “O Brasil conta hoje com 6 milhões de consumidores em potencial para quem quer empreender na área”, afirmou.

Para tanto, os empresários precisam abandonar preconceitos e estereótipos, tirar da cabeça a ideia de assistencialismo que permeia o tema. “É preciso pensar de forma transgeracional, é preciso de fato conhecer quem é o idoso hoje, um público muito heterogêneo”, disse o jornalista.

Outros países já estão mais adiantados em relação a esse mercado. Félix apresentou dados do governo francês. Por lá, as autoridades estimam um crescimento de 150% no mercado de consumidores idosos até 2050.

“O envelhecimento não pode mais ser visto como o grande entrave para o desenvolvimento econômico. O mundo começa a perceber que o envelhecimento é uma saída para a crise econômica”, observa.

Um dos principais alvos do governo francês, disse o jornalista, é a teleassistência – o Estado tem uma série de políticas públicas para estimular o setor. Ampliar o poder de compra do idoso também tem sido uma preocupação do governo francês, que tem utilizado os imóveis dos próprios idosos para isso – como investimento e renda que reverte para eles, e consequentemente, para o mercado.

O público se entusiasmou com o tema e, ao final, apresentou diversas questões para serem debatidas com os palestrantes, entre eles José Carlos Vasconcelos, proprietário da maior empresa brasileira de teleassistência, a Telehelp.

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Acreditando muito no setor, Vasconcelos contou como a Telehelp nasceu – por conta da preocupação com sua mãe – e como ela cresceu. O empresário precisou buscar soluções fora do país, onde, reconhecidamente o mercado de teleassistência é muito grande e consolidado. O serviço, mais do que oferecer assistência, busca estimular que mais pessoas se sintam seguras a viver sozinhas. “Se precisarem de auxílio, elas têm a quem recorrer”, diz Vasconcelos.

uploads/images/MARCO2014/um-mercado-foto-3.jpgWorkshop chamou atenção pelo ineditismo em trazer o tema à tona

Também falaram ao público o consultor de negócios Paschoal Milani Netto e Carol Duarte, representante da Danone, que reafirmou a importância do Programa Cuidar é Viver. Segundo ela familiares e a população precisam estar preparados para conviver com a quarta idade – idosos acima dos 80 anos de idade. “Trabalhamos com nutrição e com o conceito do envelhecimento ativo – por meio deles, esperamos que todos os idosos possam ter boa qualidade de vida e serem reconhecidos como úteis na sociedade”, afirmou.

A parceria da Danone com o OLHE, por meio do Programa Cuidar é Viver, foi enaltecida na palestra de Milani, que abordou basicamente como o terceiro setor pode se viabilizar financeiramente.

Ele citou a relação entre a empresa e a organização como “um feliz casamento”, quando falou como captar recursos para entidades do terceiro setor. Segundo ele, a Danone colabora com o OLHE em projetos de longo prazo, viabilizando a sustentabilidade de suas ações. “Isso é muito interessante, embora seja raro de ocorrer”, assinalou.

Milani apresentou ainda os desafios do terceiro setor de forma geral. Carol acrescentou dados a essa exposição, explicando por que a Danone tem investido tão fortemente no mercado de cuidadores de idosos em parceria com o OLHE. Com uma linha de nutrição especializada para este público, a empresa acredita que, cada vez mais, num contexto de um país que envelhece rapidamente, os cuidadores serão necessários.

Ricardo Barboza, diretor geral da Sensil Brasil, foi uma das pessoas que marcou presença no workshop e elogiou a iniciativa do OLHE. Segundo ele, o conteúdo oferecido ampliou sua visão sobre o setor. “Eu já conheço muita coisa, mas esse evento me mostrou que é um mercado em permanente evolução. Quem não conhecia nada, pode ter uma boa mostra do que está sendo feito e do que pode ser explorado”, assinalou.

um-mercadoEm relação ao mercado para o cuidador, ele disse que é “gigantesco”. E ressaltou a importância do treinamento. “É um diferencial importante, os profissionais precisam ser bem preparados, isso é fundamental.”

Outro ponto positivo do evento, segundo Barboza, esteve na oportunidade que as pessoas tiveram “de parar e de escutar novidades e pontos de vista diferenciados sobre o envelhecimento, além da oportunidade de conhecer novas pessoas interessadas neste mercado”.

Margherita de Cassia Mizan, psicóloga e gerontóloga, à frente da Senior Services, disse que a empresa nasceu da observação de profissionais da saúde que já trabalham há algumas décadas com esta população idosa. Para ela, o próprio nome do OLHE já aponta para uma mudança nas perspectivas do mercado. “O OLHE nos mostra que é preciso olhar para o futuro, com o objetivo de nos prepararmos para ele. Essa discussão é muito importante e, com certeza, irá agregar valor e melhorar a vida da população idosa.”

Mais um participante – Willians Fiori, da Hymermarcas – ressaltou o quanto foi importante o espaço criado pelo OLHE – “para compartilhar informações e discutir oportunidades”. A mesma impressão o evento deixou em Marcos Carvalho, que agradeceu a chance de ouvir novidades sobre o mercado.

Ao final do encontro, o tempo foi curto para a troca de experiências, debates e questões, o que só comprova o potencial que o setor aponta e o entusiasmo do público presente.

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