Rio Grande do Sul lança projeto para fiscalizar ILPIs

Atualmente, 7,8 mil pessoas moram em Instituições de Longa Permanência. No Rio Grande do Sul, são mais de 346 casas. Ao todo, 105 promotores de justiça, Conselhos Municipais de Idosos e a Vigilância Sanitária estarão empenhados no projeto.

Rachel Batista Araújo

 

O responsável pelo projeto, André Gelatti, relatou à grande imprensa que “(…) a nossa cultura é cartesiana, em que cada um faz a parte que lhe cabe. Temos cultura da separação das coisas. E estamos buscando juntar isso, para ter visão do sistema como um todo. Queremos criar instrumentos para que promotores possam fomentar e criar redes de cooperação entre os outros órgãos fiscalizadores e outros organismos da sociedade civil e do setor público”.

A história do projeto, segundo o coordenador André Gelatti, é resultado de uma experiência acumulada desde fev./2004, quando o Promotor de Justiça Especializado iniciou o trabalho de fiscalização de “casas asilares” em Caxias do Sul (RS), cooperado com o Serviço de Vigilância Sanitária na cidade, e também com a Coordenação da Política de Saúde Mental, Conselho Municipal do Idoso, Fundação de Assistência Social (FAS) e Universidade de Caxias do Sul (UCS). O resultado foi a interdição de algumas instituições de longa permanência que não apresentaram evolução para a qualidade mínima de atendimento exigidas, melhoria no atendimento das instituições que permaneceram em funcionamento, e constatação de que as novas instituições que se instalaram e estão se instalando já iniciam suas atividades em um patamar de atendimento digno e garantidor dos direitos dos idosos.

Todos os estabelecimentos serão fiscalizados até dezembro de 2011, término da operação. Se forem constatadas irregularidades, haverá autuação, e em caso de reincidência, a casa será interditada. Uma das irregularidades mais frequentes é a falta de enfermeiros nos locais, e o promotor de justiça responsável pela gerência do projeto alerta que o principal erro das casas de abrigo é não adotar um tratamento específico para os idosos. Interessante ressaltar que podem existir empresários interessados apenas com o valor financeiro ganho com o serviço asilar em detrimento da sua qualidade, mesmo sabendo que cuidar de velhos em situação frágil envolve histórias preciosas de vidas reais.

Nós, do Portal do Envelhecimento, acreditamos que existem outros quesitos importantes envolvidos, além das más condições físicas das instituições de longa permanência. Entre eles ressaltamos: O acompanhamento inadequado realizado pelos familiares dos idosos; Falta de interesse de averiguar as condições dessas instituições; Situação frágil dos velhos que se encontram nos asilos, e quando isso acontece, há uma displicência nos tratamentos com estes, pois quaisquer indivíduos em situação frágil não se colocam; Os profissionais, empresários ou profissionais de saúde, se interessam financeiramente pela atividade rentável que é assistência a anciãos frágeis, mas não buscam conhecimento a respeito; Necessidade de gerontólogos regulares, e ainda pouca repercussão na utilidade desses profissionais.

Recentemente foi publicado um artigo interessante na edição de setembro de 2010 da Revista Ciência e Saúde Coletiva sobre fatores relacionados a violência doméstica. Queiroz, Lemos e Ramos analisaram e descreveram perfil de cuidadores de idosos por prontuário construído para a pesquisa, dos velhos cuidados por dados presentes nos prontuários clínicos e aplicação do instrumento Careviger Burden Scale (CBS), avaliando as dimensões tensão geral, isolamento, decepção, envolvimento emocional e ambiente. Entre os idosos, predominou o sexo feminino, sem vida conjugal e totalmente dependentes; entre os cuidadores, a maioria era do sexo feminino, sem vida conjugal, residente com o idoso, com idades entre 29 e 86 anos. Os filhos eram responsáveis pelo cuidado, com dedicação diária entre 13 e 24 horas.

Quanto ao impacto no cuidado, a dimensão tensão geral e isolamento estiveram mais pontuados, e o envolvimento emocional apresentou menor escore. As variáveis dos pacientes apresentaram relação capacidade funcional/tensão geral e isolamento; o gênero esteve associado ao envolvimento emocional.

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Os cuidadores que assistiam velhos totalmente dependentes tinham maior tensão geral e isolamento, comparados aos cuidadores dos parcialmente dependentes; os de pacientes sexo masculino apresentavam menor impacto envolvimento emocional; os cuidadores com depressão tinham maior tensão geral, e os que apresentavam cardiopatia eram melhor pontuados na dimensão ambiente.

O estudo sugere algo interessante para os atuantes em Gerontologia, Saúde e Direito, e Psicologia, a construção de um perfil ideal para o ato de cuidar, a construção de uma equipe ideal para trabalhar com velhos em asilo, capaz de qualificar a assistência. Perfil este que deve ser apresentado na seleção na equipe e na investigação das condições na instituição de longa permanência.

Iniciativas como a do Ministério Público Estadual Rio Grande, e do estudo publicado na Revista Ciência e Saúde Coletiva Setembro de 2010 são muito importantes para se pensar a nossa longevidade!

Para conferir o que foi publicado leia os sites:

Soma. Acesse Aqui 

adriogelattiblog. Acesse Aqui

Diário Popular. Acesse Aqui

Leouve. Acesse Aqui 

Scielo. Acesse Aqui

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