Que tal voltar ao “velho diário” para se curar?

Ao registrar eventos sob os quais nem sempre se consegue falar, é possível colocar os fatos em ordem cronológica e estabelecer nexos. Na maturidade, com as inúmeras mudanças físicas, hormonais, emocionais, sociais, familiares a que homens e mulheres são acometidos, o exercício da escrita alivia as tensões e, principalmente, permite a reelaboração dos fatos e a reflexão, ampliando a compreensão e facilitando os relacionamentos.

Mariúza Pellozo Lima *

 

que-tal-voltar-ao-velho-diario-para-se-curarEscrever sobre experiências traumáticas pode ajudar as pessoas a refletirem sobre si e sobre as situações, possibilitando a superação de dores físicas, emocionais ou psicológicas.

Ao registrar eventos sob os quais nem sempre se consegue falar, é possível colocar os fatos em ordem cronológica e estabelecer nexos, como também ajudar as pessoas a descreverem detalhes de experiências negativas, a explicitarem sentimentos, tudo isso favorecendo a organização psíquica.

que-tal-voltar-ao-velho-diario-para-se-curarNa escrita terapêutica, o objetivo é ajudar as pessoas a compreenderem melhor as questões que as inquietam, a aproximarem-se dos sintomas e da dor psíquica de forma protegida, traduzindo emoções em palavras.

A técnica da escrita também é muito interessante para qualquer pessoa, independente do uso terapêutico em clínicas, pois o registro periódico de vivências favorece a cognição e o entendimento das experiências.

Na maturidade, com as inúmeras mudanças físicas, hormonais, emocionais, sociais, familiares a que homens e mulheres são acometidos, o exercício da escrita alivia as tensões e, principalmente, permite a reelaboração dos fatos e a reflexão, ampliando a compreensão e facilitando os relacionamentos.

Como usar a técnica da escrita para cura?

1. Durante alguns dias, a pessoa deverá escrever todos os dias, por uns 15 minutos, pensamentos suscitados por experiências traumáticas, ou pensamentos perturbadores de situações que a afligem, seja a perda de um ente querido, dificuldade de aceitação de mudanças, de doenças, inadequações no emprego, relacionamentos tumultuados, etc.

2. Não deverá se preocupar com a qualidade do texto, tampouco com a ortografia, a gramática ou a estrutura do período. O importante é escrever tudo que incomoda, com a intensidade das emoções que emergirem.

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3. Uma vez iniciada a escrita, deverá prosseguir por uns dias, sem se deter.

Depois de um tempo, a pessoa verificará que as emoções diminuem ou se modificam.

Por que funciona?

É muito difícil encontrar uma única explicação para um fenômeno tão complexo. Porém, especialistas reconhecem a mudança que a escrita é capaz de provocar na percepção de si.

É um exercício mental que ajuda nas relações com os outros e consigo mesmo, ativando habilidades sociais, e maior facilidade para se expressar afetivamente. Isso porque houve um esvaziamento de emoções tumultuadas, como a raiva, a mágoa, a tristeza. Esses espaços começam a ser preenchidos com outra visão: de tolerância, de compreensão, de calma, etc.

Essa técnica foi utilizada com pessoas que sofriam de asma, artrite reumática que, depois de quatro meses em uso, manifestaram uma nítida melhora nos sintomas: redução da dor e aumento da mobilidade, no caso da artrite reumática, e um incremento da capacidade pulmonar, no caso dos asmáticos. Uma possível explicação é o efeito da escrita sobre o sistema imunológico.

Foi utilizada em diferentes situações e mostrou-se eficaz.

Tive a oportunidade de sugeri-la a uma amiga que, na época, fazia quimioterapia por lutar contra um câncer de mama. Aconselhei-a a fazer o registro de sua revolta, suas dores, seus medos. Isso permitiu que as sensações e pensamentos negativos saíssem do seu corpo e no lugar deles, posteriormente, entrassem paz, amor dos amigos, aceitação e esperança de algo que poderia ser modificado e ela, felizmente, curou-se. O tratamento foi muito mais eficaz.

A escrita para curar é uma técnica tão simples e à medida que colocamos no papel os desejos, as necessidades e as emoções, tudo se torna mais claro para compreendermos e redirecionarmos nossas expectativas, nossas metas, nossos sonhos e sermos mais saudáveis e felizes.

Vamos voltar a escrever o “velho diário”?

Vamos tentar?

* Mariúza Pellozo Lima – Educadora, há anos trabalha no ensino superior com jovens e, atualmente, com pessoas na maturidade. É também terapeuta, entendendo o homem como um ser biopsicossocial e espiritual. Acredita que educar é curar, e curar é educar. Sua formação acadêmica: pedagoga; Mestre em Psicologia da Educação e em Gerontologia, ambos pela PUC-SP; pós-graduação em Psicologia Transpessoal; psicomotricidade; psicodrama; terapia antroposófica. Editora do blog Portaldamaturidade: Disponível Aqui

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