Qualidade do sono e Doença de Alzheimer

Qualidade do sono e Doença de Alzheimer

Existe relação entre o padrão de sono dos adultos com o desencadeamento da Doença de Alzheimer? É o que este artigo tenta responder.

 

Frequentemente as pessoas com Doença de Alzheimer apresentam alterações do padrão de sono. Algumas dormem durante o dia e não à noite, outras passam a dormir menos e outras ainda não conseguem mais identificar o dia e a noite. Mas, não é sobre as perturbações do sono em pessoas que são portadoras da Doença de Alzheimer que vamos conversar hoje, e sim se existe relação entre o padrão de sono dos adultos com o desencadeamento desta síndrome demencial.

Em artigo publicado pela Universidade de Medicina de Harvard, Estados Unidos, pesquisadores encontraram associação entre sono pobre e maior deposição de substância amilóide no cérebro. Esta deposição é característica da Doença de Alzheimer.

As proteínas amilóides, associadas à doença, parecem ser um produto normal do metabolismo cerebral e seriam resultantes da energia gasta para que ocorra a comunicação entre as células cerebrais. Estas proteínas são “varridas” durante uma fase do sono conhecida como de “ondas lentas”. Esta fase do sono também está relacionada à fixação das memórias.

Assim, as interrupções do sono, nesta fase, levariam ao acúmulo de substâncias amilóides no cérebro e formação de placas, estágio inicial da doença e que pode ocorrer anos antes do aparecimento dos sintomas.

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Notou-se também que pessoas portadoras da síndrome demencial apresentam alterações de padrão de sono que estão relacionadas à função de memória em nosso cérebro, a fase de ondas lentas, daí os pesquisadores terem investigado se o padrão do sono adulto pode ser um preditor ou fator predisponente para a enfermidade.

Ainda não temos a resposta do que vem primeiro: as interrupções do sono e deposto de placas ou o depósito de placas e as alterações do padrão de sono, mas um estudo realizado no ano de 2015 pela Nature Neuroscience explorou esta questão.

Vinte e seis pessoas com idades entre 65 e 81 anos, que não apresentavam diagnóstico ou sintomas de demências e que não relatavam problemas de sono, realizaram uma série de exames que medem os níveis de amilóide no cérebro. Primeiro estas pessoas fizeram os exames para que fosse possível verificar o quanto de substância amilóide cada um tinha. Depois estas pessoas tiveram que memorizar 120 pares de palavras e aí os pesquisadores testaram o quanto eles se lembraram destas. Na sequência, estas pessoas dormiram por oito horas. Durante o sono, a atividade cerebral foi avaliada, especialmente a fase de ondas lentas. Na manhã seguinte, seus cérebros foram examinados enquanto tentavam recordar as palavras memorizadas.

Os resultados mostraram que, de maneira geral, as pessoas com os níveis mais altos de amilóide no cérebro tiveram a qualidade de sono mais pobre e apresentaram pior desempenho no teste de memória, tendo alguns esquecido mais da metade da informação.

Tudo isso significa que melhorar a qualidade do nosso sono pode nos proteger contra a Doença de Alzheimer? Talvez, mas o estudo ressalta que o mais importante é considerar o sono de qualidade como parte de um todo que pode auxiliar na prevenção desta doença. A realização de exercício físico e a perda de peso são dois dos fatores hoje em dia considerados como muito importantes na prevenção da doença, mas, só lembrando, eles também melhoram a qualidade do sono.

Voltamos ao começo…

Maria Elisa Gonzalez Manso

Médica e bacharel em Direito, pós-graduada em Gestão de Negócios e Serviços de Saúde e em Docência em Saúde, Mestre em Gerontologia Social e Doutora em Ciências Sociais pela PUC SP. Orientadora docente da LEPE- Liga de Estudos do Processo de Envelhecimento e professora titular do Centro Universitários São Camilo. Pesquisadora do grupo CNPq-PUC SP Saúde, Cultura e Envelhecimento. Gestora de serviços de saúde, atua como consultora nas áreas de envelhecimento, promoção da saúde e prevenção de doenças, com várias publicações nestas áreas.

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Médica e bacharel em Direito, pós-graduada em Gestão de Negócios e Serviços de Saúde e em Docência em Saúde, Mestre em Gerontologia Social e Doutora em Ciências Sociais pela PUC SP. Orientadora docente da LEPE- Liga de Estudos do Processo de Envelhecimento e professora titular do Centro Universitários São Camilo. Pesquisadora do grupo CNPq-PUC SP Saúde, Cultura e Envelhecimento. Gestora de serviços de saúde, atua como consultora nas áreas de envelhecimento, promoção da saúde e prevenção de doenças, com várias publicações nestas áreas.

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