Portugueses enfrentam desemprego e solidão na velhice, uruguaios lutam por cuidados no envelhecimento

Portugueses enfrentam desemprego e solidão na velhice, uruguaios lutam por cuidados no envelhecimento

O desemprego invade a Europa. Países outrora “modelo” como França, Inglaterra e Suécia têm, hoje, uma média de mais de 20% de jovens entre 16 e 24 anos, desempregados. Portugal também já se coloca em situação de alerta e, o mais grave, a população idosa sofre com os efeitos da crise.

 

A Base de Dados de Portugal Contemporâneo (Portada) divulgou números alarmantes em torno das taxas de emprego quando o mundo inteiro celebrava o dia do idoso. Resultados da pesquisa apontam que em 2010 a taxa de emprego entre os 25 e os 44 anos era de 80,5% e na faixa dos 45 aos 54 se situava nos 77,1%. No entanto, esta base de dados revela um agravamento abrupto na situação dos portugueses que estão no intervalo etário seguinte, entre os 55 e os 64 anos, com uma taxa de emprego em torno de 49,3%, ou seja, mais da metade dos portugueses (50,7%) estão desempregados e quase 80% dos pensionistas recebem menos de 500 euros por mês.

Os números revelam uma população idosa composta por “desempregados e solitários”, que carece de atenção e cuidados. Ainda, segundo a pesquisa, Portugal é o décimo país da União Europeia com maior percentagem de idosos que vivem abaixo do limiar da pobreza e sozinhos.

Na América Latina o cenário não é diferente. O processo de envelhecimento no Uruguai, resultante de uma reduzida taxa de natalidade, de um aumento da expectativa de vida e da evasão de jovens do país, coloca o Uruguai como o país mais envelhecido da América Latina onde 19% dos uruguaios tem mais de 60 anos, 13,4% mais de 64 anos e 40% dos domicílios no país tem, pelo menos, um idoso entre seus membros. Outro dado importante: 37% do comando financeiro dos lares uruguaios fica sobre responsabilidade de idosos.

No “Encuentro Nacional de Organizaciones de Adultos Mayores” foi apresentado um estudo sobre “Vejez y envejecimiento en el Uruguay” cujos resultados foram: o aumento da participação econômica das pessoas idosas reforçando o orçamento doméstico, um significativo atraso na formação profissional e humana no entendimento de temas como envelhecimento e velhice, apesar de ser um tema de grande importância social para o país.

Quanto à promoção da saúde, o Uruguai possui taxas elevadas de independência funcional entre os idosos, mas pede atenção à violência, ao abuso e maus tratos de idosos. O encontro ressaltou, também, a necessidade de aprofundar a construção de ambientes para o envelhecimento, tanto nos lares onde vivem os idosos como em espaços públicos. O transporte público foi outra questão de fundamental importância.

Podemos pensar: como viver com tamanha solidão, dificuldade, sem recursos e muitas vezes, em completo abandono? Como ver sentido na vida diante de um cenário com tão poucas perspectivas?

Refletindo sobre o sentido da vida, o escritor e psiquiatra Viktor E. Frankl (1905 – 1997) em sua obra “Em busca de sentido”, propõe uma forma diferente de enfrentar e viver situações de profundo sofrimento: “Precisamos aprender e também ensinar às pessoas em desespero que a rigor nunca e jamais importa o que nós ainda temos a esperar da vida, mas sim exclusivamente o que a vida espera de nós”.

Referências
AMARAL, Paulo Alexandre. (2011). Metade dos portugueses entre 55 e 64 anos estão desempregados. Disponível Aqui. Acesso em 02/10/2011.
Envejecimiento: el 19% de los uruguayos tiene más de 60 años. Disponível Aqui. Acesso 03/10/2011
FRANKL, Viktor E. (2009: 102). Em Busca de Sentido. Rio de Janeiro: Vozes.
GIANNOTTI, Vito. (2011). Desemprego na Europa. Disponível Aqui. Acesso em 02/10/2011.

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