Pesquisa revela como alunos imaginam o envelhecimento em outros e em si-mesmos

Pesquisa revela como alunos imaginam o envelhecimento em outros e em si-mesmos

Pesquisa realizada em uma escola pública no Rio Grande do Sul mostra a experiência da inserção pedagógica de conteúdos voltados ao processo de envelhecimento, contribuindo para um processo de humanização e relacionamento prazeroso e respeitoso entre as gerações.

Nara Rosana Godfried Nachtigall (*)


[…] então eu soube, eu descobri. Assim de repente. Descobri que nada é de repente. Dessa vez, a pesquisa do colégio não é só em livros nem fora de mim. É também na minha vida mesmo dentro de mim. Nos meus segredos, nos meus mistérios, nas minhas encruzilhadas escondidas […] […] mudanças que eu mesma vou fazendo, por isso é difícil, às vezes dá vontade de chorar. Olhando para trás e andando para frente, tropeçado de vez em quando, inventando moda. É que eu também sou inventora, inventando todo dia um jeito novo de viver (Bisa Bia, Bisa Bel).”

A dissertação “Como alunos dos anos iniciais visualizam o envelhecimento em outros e em si-mesmos?”, realizada no Rio Grande do Sul e defendida em 2019, trata do processo natural do envelhecimento como um elemento importante a ser trabalhado em sala de aula, desde a educação básica; tema expresso no Estatuto do Idoso, sob a Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, que dispõe, no artigo 22: “Nos currículos mínimos dos diversos níveis de ensino formal serão inseridos conteúdos voltados ao processo de envelhecimento, ao respeito e à valorização do idoso, de forma a eliminar o preconceito e a produzir conhecimentos sobre a matéria”.

Partindo disso, foi realizada, em uma escola pública na cidade de Viamão/RS, a experiência da inserção pedagógica de conteúdos voltados ao processo de envelhecimento. Com base nessa experiência, o estudo traz práticas a serem encorajadas, a fim de evidenciar as características e mudanças nos aspectos que vêm acontecendo no mundo e no Brasil, referente ao crescente envelhecimento etário da população, o que, por sua vez, poderá contribuir para um processo de humanização e para o relacionamento prazeroso e respeitoso entre as gerações.

Entendendo que o envelhecimento é um fenômeno mundial, e que o crescimento da população de idosos nos remete à consciência de que a velhice é uma questão social, e que o Estatuto do Idoso nos aponta a importância de trabalhar o envelhecimento da população desde a educação básica, esta pesquisa visa contribuir para a reflexão e estudos acerca do preparo da sociedade para lidar com os aspectos concernentes ao processo de envelhecimento, a fim de que se possa pensar em práticas que levem os indivíduos a conhecerem e compreenderem a importância do desenvolvimento humano, a ponto de se reconhecerem e conhecerem o outro, numa relação dialógica em que o principal seja alcançar uma conscientização da população, e, mais especificamente, dos educandos, para a necessidade de se ter um maior cuidado com os seus idosos, preparando-se, ao mesmo tempo, para que um dia venham a ser um.

Diante do exposto, foram esquematizadas e aplicadas atividades com os alunos sobre o tema envelhecimento, que envolveram relações intergeracionais e sensibilização à questão do envelhecimento, despertando a curiosidade e reflexões.

A pesquisa “Como alunos dos anos iniciais visualizam o envelhecimento em outros e em si-mesmos?”, além de fomentar a sociedade a conhecer o processo do envelhecimento, vem prepará-la para conviver, adaptar-se e respeitar, trabalhando esse aspecto a partir da educação básica. Assim, oportuniza que os alunos compreendam a importância das políticas públicas, do respeito e de seus direitos, bem como provoca os docentes a uma experiência. Utiliza-se o método de abordagem direta, para uma melhor compreensão de si e do outro, com ênfase na construção intergeracional.

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O que se almeja é fornecer ao profissional da educação básica contribuições capazes de provocar o interesse de oferecer a seus alunos uma vivência educacional que aproxime as gerações, potencializando as interações, a compressão das faixas etárias e a preparação para cada fase da vida. Os efeitos da inserção pedagógica de conteúdos voltados ao processo do envelhecimento oportunizou o alcance dos objetivos propostos nesse estudo. Consideramos importante reforçar o entendimento de que somos parte de um sistema social, e que esse fenômeno mundial referente ao envelhecimento é tema relevante e atual para o desenvolvimento dos sujeitos.

Leia a dissertação na íntegra em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/201295

(*) Nara Rosana Godfried Nachtigall – Educadora Social, e com experiência em Organizações Não Governamentais. Dissertação de Mestrado apresentada no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, sob a orientação do Prof. Dr. Johannes Doll. E-mail: [email protected]


Esta oficina visa apresentar os jogos cooperativos como ferramenta de sensibilização e discussão sobre experiências do envelhecer, aplicadas em espaços de convívio. Inscrições: https://edicoes.portaldoenvelhecimento.com.br/produto/workshop-jogos-e-dinamicas-para-grupos-60/

Beltrina Côrte

Jornalista, Especialização e Mestrado em Planejamento e Administração do Desenvolvimento Regional, Doutorado e Pós.doc em Ciências da Comunicação pela USP. Estudiosa do Envelhecimento e Longevidade desde 2000. É docente da PUC-SP. Coordena o grupo de pesquisa Longevidade, Envelhecimento e Comunicação, e é pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa do Envelhecimento (NEPE), ambos da PUC-SP. CEO do Portal do Envelhecimento, Portal Edições e Espaço Longeviver. Integrou o banco de avaliadores do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – Basis/Inep/MEC até 2018. Integra a Rede Latinoamericana de Psicogerontologia (REDIP). E-mail: [email protected]

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Jornalista, Especialização e Mestrado em Planejamento e Administração do Desenvolvimento Regional, Doutorado e Pós.doc em Ciências da Comunicação pela USP. Estudiosa do Envelhecimento e Longevidade desde 2000. É docente da PUC-SP. Coordena o grupo de pesquisa Longevidade, Envelhecimento e Comunicação, e é pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa do Envelhecimento (NEPE), ambos da PUC-SP. CEO do Portal do Envelhecimento, Portal Edições e Espaço Longeviver. Integrou o banco de avaliadores do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – Basis/Inep/MEC até 2018. Integra a Rede Latinoamericana de Psicogerontologia (REDIP). E-mail: [email protected]

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