Para combater a osteoporose, que tal correr?

Para combater a osteoporose, que tal correr?

Deidre Larkin, que completa 86 anos em setembro, tomou essa atitude e os resultados são espantosos, tornou-se corredora e bateu muitos recordes mundiais, incluindo o de meia maratona para maiores de 80 anos.

 

Em 1970 ocorreu uma grande virada na vida de Deidre, ela e o marido trocaram a Inglaterra pela África do Sul. Estabeleceram-se em Randburg, na região metropolitana de Joanesburgo. Seu marido conseguiu emprego em uma editora enquanto ela dava aulas de piano para sustentar os filhos.

Deidre nunca teve uma saúde de ferro. Pelo contrário. Perdeu uma vértebra ao nascer e se considerava inapta para realizar esforços físicos. Suas costas, por conta do piano que praticava desde os cinco anos, passou a incomodar cada vez mais. Precisou operar. Ficou tão fraca que mal conseguia erguer uma xícara de chá.

Na velhice, o sucesso dos filhos na vida profissional e amorosa contrastava com o caso dela e do marido. Ele faleceu e ela foi diagnosticada com osteoporose. Estava com 70 anos. Para quem nunca fez exercício, a não ser na escola, nas aulas de educação física, exercitar-se não estava nos seus planos. Passou a tomar medicamentos para tudo, especialmente para fortalecer os ossos. Os efeitos colaterais a deixaram mais doente. Trocou de médicos várias vezes e sua saúde só piorava. Sem contar a proibição de tudo o que gostava: sal, açúcar, farinha branca, cafeína…

Como todo idoso, tentou se convencer que já havia cumprido sua missão na terra e já podia partir. Sua alegria eram os filhos e os netos, sempre por perto. E foi seu filho mais novo o responsável por mais uma grande virada na sua vida. Ele foi passar uma temporada com ela e, dia sim dia não, Deidre o via se preparar e sair para correr. Achava aquele ritual bonito e ficou com vontade de seguir o filho.

– Vamos, mãe?

– Bem que queria, mas posso cair, minhas pernas estão fracas.

O filho a orientou a começar devagar, três passos lentos, três um pouco mais rápido e ir aumentando gradativamente até atingir o ponto de corrida, mas sem forçar.

Deidre seguiu o passo a passo apontado pelo filho e via o ânimo voltar, as energias se renovarem. Comprou roupa e calçado adequado e em poucos meses estava correndo. Quase dez anos depois do diagnóstico de osteoporose, Deidre se tornou uma corredora.

– Mãe, vou me inscrever para a corrida, a senhora não quer se inscrever também?

– Filho, eu não tenho idade para isso…

– A corrida é para todas as idades. Todo mundo se diverte, é legal…

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Deidre corria em média 7km três vezes por semana. A prova era de 10km.

Terminar a corrida foi sua maior felicidade. Fez o percurso em uma hora e 25 minutos. Foi bastante festejada. Gostou do ambiente, das pessoas e da confraternização. Encheu-se de orgulho e tomou gosto pela brincadeira. Além dos treinos, passou a seguir o calendário de corridas da região. No primeiro ano participou de 36 corridas oficiais e no segundo foram 58.

Divertia-se. Os netos adoravam vê-la correr e os filhos se preocupavam com a nova paixão da mãe. A paixão, na verdade, era pela vida. Os resultados apareciam no dia a dia. Vendia vitalidade. Os jovens que ficavam para trás se perguntavam o que a vovó tinha nas pernas. Já não era osteoporose, era energia e disposição.

Em 2013, aos 81 anos, foi convidada para participar da corrida de 10km de Durban para maiores de 70 anos. Foi para se divertir e voltou com o troféu de campeã e dois recordes. Quebrou o recorde da prova com o tempo de 54:17, mas, por ter 81 anos, acabou por quebrar o recorde mundial para a faixa de 80 anos que pertencia a alemã Melitta Czerwenka e que era de 56:53.

Deidre passou a quebrar todos os recordes e quando já não havia recordes para quebrar, passou a quebrar seus próprios recordes. Foi o que ocorreu este ano em Genebra quando correu a meia maratona em duas horas e cinco minutos. Seu recorde anterior era de duas horas e doze minutos.

Deidre hoje é uma celebridade com patrocínios que permitem que corra por todo o mundo. Ela faz em média 60 corridas oficiais por ano. Quando está em Randburg, treina três vezes por semana e segue ministrando aulas de piano. É reconhecida nas ruas, mas lamenta não poder parar para conversar com os fãs e tirar fotos, pois está sempre correndo.

Deidre costuma fazer apresentações de piano para idosos em instituições. Usa seu exemplo para incentivá-los, pois sabe que a tendência das pessoas com mais de 60 anos é permanecer sentada como se a vida não pertencesse mais a elas.

“Ninguém é velho demais para começar a se exercitar. Comece com caminhadas leves e vá gradativamente aumentando o ritmo até correr. Se chegar a conclusão que correr é demais, mantenha a caminhada. O que não pode é ficar parado”.

Deidre acredita que está bem por dois motivos, conta com bons genes, segue uma dieta balanceada e pratica exercícios diários. Sua dieta consiste em um café da manhã com nozes, sementes e cereais com leite de soja. No almoço costuma comer um sanduiche de manteiga de amendoim e queijo e à noite come vegetais. Durante a semana alterna exercícios de fortalecimento muscular com corridas.

Hoje eu me sinto muito mais viva. Sinto o sangue fluir pelo meu corpo. Sinto cada músculo. Não sinto o ‘peso’ da idade. Sinto-me leve e bem viva. Toda manhã levanto, mexo as pernas e penso: bem, se elas estão aí, estão por um motivo, para andar, correr… e vou em frente”.

Deidre está longe de se aposentar: “Vou correr o máximo que puder. Mesmo se me restar só uma perna, ainda assim correrei, pois não sei me ver parada. Parar de correr, hoje, seria como a morte”.

Ah, ela tem um segredinho. Sua dieta conta com cappuccino descafeinado que toma nos intervalos das refeições.

“Percebi que quando tomo um cappuccino antes de uma corrida, não importa o tipo de trajeto, o resultado é sempre melhor”.

Outro fator importante é o descanso. Um dia antes de uma corrida Deidre só se alonga. No dia seguinte não faz nada.

“Considerando minha idade, acho que dois dias de descanso é o ideal. Aprecio meus dias de descanso, mas nos outros dias, pulo da cama às 5:30, tomo meu café e não paro mais. É assim que combato a osteoporose”.

 

Mário Lucena

Jornalista, bacharel em Psicologia e editor da Portal Edições, editora do Portal do Envelhecimento. Conheça os livros editados por Mário Lucena.

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