O que você pensa sobre o envelhecer?

O que você pensa sobre o envelhecer?

Quando você ouve ou lê a palavra envelhecimento, o que vem à sua cabeça? Afinal, o que é envelhecer para você? É um tabu ou uma paisagem?

Pâmela Taise Schoba da Silva (*)

 

Aí está um assunto que muitos evitam, por terem medo de envelhecer, ou de assumirem sua velhice, como velhos… Essa expressão “velho” está associada a um sentido negativo, contrariedade ou negação de uma fase da vida, ou aquilo que não serve mais para nada, assim como uma pessoa doente, caduca, gagá… Definições muitas vezes utilizadas para descrever a pessoa acima de 60 anos, verdadeiros estereótipos que a sociedade cria e reproduz.

A velhice virou um tabu, já que a juventude hoje não é mais uma fase, um período da vida e sim uma vida inteira. É um valor a ser alcançado, eternamente e continuamente, na sociedade que supervaloriza o jovem. O velho ficou maquiado, com novos termos, entre eles melhor idade, idade de ouro, maduros, experientes e por aí vai.

Mas a velhice se mostra muito mais complexa do que se pensa, especialmente em momentos em que não ficam claros quando exatamente começa ou termina uma fase da vida, bebê, criança, adolescente, adulto e velho. Será que acordo velho ou isso é um processo que se inicia quando se nasce? Com que idade começa a velhice: 60, 70, 80? Aqui no Brasil é difícil de responder, já que existem leis (municipal, estadual e federal) em que essa confusão aparece. O Estatuto do Idoso define que a pessoa atinge essa condição aos 60 anos de idade, porém não são raras as situações em que certos direitos são garantidos a partir dos 65 anos.

Esse assunto não pode ser tratado superficialmente, pois uma sociedade que está envelhecendo deve se preparar para esse fato. Mas não é o que se observa, poucos são aqueles que sabem lidar com a situação. Uma coisa é certa, o ser velho não pode ser visto como aquele que não serve para nada, e tampouco aquele que corre, faz ioga, joga dominó, bingo, pula de paraquedas, surfa, etc., que participa de todas as atividades que a sociedade impõe para ocupar o seu tempo e finalmente intitular como ser ativo e saudável. O velho tem que apenas ser velho, pois cada ser é único, singular, e tem que ser respeitado como quer viver essa fase da vida.

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Envelhecer, portanto, não é uma tragédia, quando aceitamos que isso faz parte de uma condição de estar vivo, devemos ter consciência das transformações pelas quais todos os que chegam à velhice vão passar, cabelos grisalhos, pele enrugada, pernas e mãos mais trêmulas, bunda caída… Ficar dependente de algo ou de alguém, precisar do auxílio de uma bengala ou até mesmo de outra pessoa para conseguir cumprir as atividades da vida diária, não é o fim, desde que nos conscientizamos das nossas limitações, caso elas teimem em aparecer, e aceitarmos os auxílios e facilitadores para melhorar os nossos desempenhos cotidianos.

Stuart-Hamilton, no livro “A psicologia do envelhecimento”, assinala o seguinte:

Para aqueles que não se deixaram tocar por esse argumento e ainda insistem em estereotipar as pessoas mais velhas como um grupo homogêneo e inferior, resta um pensamento final. Todas as pessoas mais velhas são sobreviventes: esse é um prêmio que nem todos os seus detratores mais jovens viverão o suficiente para receber. Esse é o único fato que descreve todas as pessoas mais velhas”. (STUART-HAMILTON, 2002, p.194).

Reconhecer o processo natural da velhice torna a vida mais leve e mais proveitosa, e isso não vale só para as pessoas que estão iniciando essa fase da vida, mas para toda a sociedade, pois o velho tem seu lugar, e precisa ser respeitado, afinal, a velhice é mais uma paisagem!

Referências

STUART-HAMILTON, Ian. A psicologia do envelhecimento: uma introdução. Trad. Maria Adriana Verissimo Veronese. 3.ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.

 

(*) Pâmela Taise Schoba da Silva – Formada em Psicologia desde 2015, atualmente atua em uma Instituição de Longa Permanência para Idosos e Centro Dia. Texto escrito no curso de curta duração “Fragilidades na velhice Gerontologia Social e atendimento“, ministrado pela PUC-SP, no primeiro semestre de 2018. E-mail: [email protected]

Foto de destaque de Krists Luhaers

 

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