O que importa para você?

O que importa para você?

Parece algo simples, mas quando presenciamos as rotinas dos serviços de saúde, mesmo aqueles que estão debruçados na busca da Humanização, não há como negar que a impessoalidade e a automatização embasadas em protocolos clínicos estejam presentes. O movimentos “O que importa para você?” nos chamam atenção e nos fazem refletir a respeito de nossas rotinas.

 

Em outubro do Ano passado participei de um evento científico em um grande hospital em São Paulo. A palestra que eu iria fazer era no período da tarde e, pela manhã, tivemos a abertura do evento com uma conferência que, além de me apresentar uma nova forma de atuação em Saúde, me inspirou a trabalhar de forma diferente e a iniciar 2018 com este post.

Você já ouviu falar do Movimento “O que importa para você”? Eu também não tinha ouvido falar até ano passado. Felizmente tive a oportunidade e agora quero ajudar a inspirar outros profissionais de saúde e seus serviços.

A saúde centrada na pessoa já é uma realidade no Sistema Único de Saúde Brasileiro (SUS) há alguns anos e pouca gente conhece realmente as diretrizes do nosso SUS e o quanto, apesar dos problemas que enfrenta, faz a diferença na vida dos Brasileiros. Vou abordar um pouco mais sobre o SUS em outros posts. O interessante é que o movimento de centrar o cuidado na pessoa está se expandindo, está se mostrando necessário também em outros sistemas de saúde e os profissionais da área estão percebendo a urgência em olhar para a rotina de cuidados de uma maneira diferenciada. Independentemente de onde estamos sendo atendidos, seja em Unidades públicas ou privadas, queremos ser atendidos de forma mais humanizada e confiável.

“O que importa para você” é uma campanha que tem como principal objetivo estimular conversas significativas entre os profissionais de saúde e os pacientes, criando um vínculo de compaixão e empatia, o que garante um atendimento completamente diferenciado.

Ao profissional de saúde é fundamental:

  • Perguntar o que importa;
  • Ouvir o que importa;
  • Fazer o que importa para o paciente.

O movimento é recente, originou-se nos Estados Unidos, em 2010, quando o CEO de um Instituto norte-americano de saúde desafiou os profissionais a terem conversas mais significativas com seus pacientes, mudando as prioridades assistenciais do local. No mesmo ano, na Escócia, dois enfermeiros desenvolveram maneiras de descobrir o que realmente importava aos seus pacientes. A que mais me chamou atenção foi a da enfermeira pediátrica Jennifer Rodgers, que permitia que todas as crianças internadas criassem cartazes mostrando o que importava para elas, desta forma, as crianças deixavam em seu leito cartazes para que todos os profissionais de saúde pudessem entendê-las. Imaginar o ambiente hospitalar, frio, pouco acolhedor e, para uma criança, muitas vezes assustador, com cartazes que informavam um pouco mais sobre elas e suas preferências, além de apenas o nome, um diagnóstico e um número de prontuário é realmente inspirador.

Em 2012 a primeira publicação científica “New England Journal of Medicine”, com o tema Shared Decision Making – The Pinnacle of Patient-Centered Care que significa, Tomada de Decisão Compartilhada – O Auge do Cuidado Centrado no Paciente, trouxe reflexões sobre a importância de reconhecer o que realmente importa para o paciente. A ideia defendida é que os profissionais da saúde comecem a priorizar as necessidades e perspectivas do paciente e seus familiares para direcionar e melhorar a assistência. A Noruega foi o primeiro país, em 2014, a lançar um programa de Longa permanência para idosos, com o objetivo de promoção de saúde e de que eles vivessem de acordo com suas preferências. A Associação Congregação de Santa Catarina (ACSC) foi a pioneira, na América Latina, a aderir à campanha em 2016 e já tem várias histórias registradas no site do movimento. Vale a pena conferir e se inspirar.

O que estou dizendo aqui parece algo simples, mas quando presenciamos as rotinas dos serviços de saúde, mesmo aqueles que estão debruçados na busca da Humanização, não há como negar que a impessoalidade e a automatização embasadas em protocolos clínicos estejam presentes. Se somarmos aos sintomas sociais mais modernos como: a pressa, as tecnologias que nos afastam do contato humano, a dificuldade que todos nós temos de OUVIR o outro, de dar tempo para a fala, sem cortes e censuras, sem interpretações prévias… De prestar a atenção naquilo que não foi dito e na comunicação não verbal, saberemos que temos um longo caminho a seguir e que sim, movimentos como este nos chamam atenção e nos fazem refletir a respeito de nossas rotinas. Como podemos melhorar?

Ao profissional de saúde cabe conhecer o seu paciente, respeitar suas crenças, despir-se dos preconceitos e, como indica o movimento, praticar diversas formas de comunicação.

– O que realmente importa pra você agora?

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– O que posso fazer para melhorar o seu dia?

– Há mais alguma coisa que queira me dizer sobre você que eu não tenha perguntado?

– Eu te dei todas as informações que precisa?

Perguntas simples mas que aproximam pessoas, que abrem portas para conversas mais profundas, estabelecem vínculo e confiança e que podem transformar o cuidado em saúde.

Acredito que esta transformação seja possível em todos os serviços e especialidades, mas no cuidado ao idoso, estabelecer uma comunicação adequada e abrir espaço para escuta, com decisões de cuidado compartilhado Profissional-paciente, garante o atendimento que buscamos. O atendimento de excelência, humanizado, digno e com chances de obter grandes resultados! Eu, inspirada, já aderi ao movimento e estendo meu convite a todos. Vamos compartilhar!

Algumas histórias de sucesso foram publicadas e podem ser acessadas na página do movimento. Inspire-se! Conecte-se com as pessoas.

Brasil https://www.acsc.org.br/oqueimportaparavoce/

Escócia https://www.whatmatterstoyou.scot/home/2016-summary/

 

 

Gabriela Correia

Fisioterapeuta. Mestre em Ciências (USP). Pós-Graduada em Gerontologia Social (PUC-SP). Membro da Associação Brasileira de Fisioterapia em Gerontologia. Colaboradora do Portal do Envelhecimento. E-mail: [email protected]

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Fisioterapeuta. Mestre em Ciências (USP). Pós-Graduada em Gerontologia Social (PUC-SP). Membro da Associação Brasileira de Fisioterapia em Gerontologia. Colaboradora do Portal do Envelhecimento. E-mail: [email protected]

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