O cuidado centrado na pessoa

O cuidado centrado na pessoa

O cuidado centrado na pessoa é essencial para o bom atendimento de qualquer enfermo, já que é um método que desloca o olhar dos profissionais da saúde, voltado para a doença, trazendo-o para a pessoa acometida por qualquer condição ou agravo.


O cuidado centrado na pessoa é essencial para o bom atendimento de qualquer enfermo, já que é um método que desloca o olhar dos profissionais da saúde, voltado para a doença, trazendo-o para a pessoa acometida por qualquer condição ou agravo.

O médico e psicanalista húngaro Michael Balint, na década de 70, cunhou o termo “medicina centrada no paciente”, em oposição ao termo “medicina centrada na doença”, incorporando ao saber técnico-médico questões que versam sobre como o doente vivencia e percebe sua doença, como se insere em seu ambiente familiar e comunitário, como exemplos. Trata-se de um método substitutivo ao modelo biomédico em seu aspecto relacional, na forma como o doente deve ser observado, na forma como o médico e os profissionais de saúde que o utilizam contextualizam a pessoa adoecida, negociando com estas expectativas e tratamento.

A partir dos estudos de Balint, várias universidades de diferentes países do então Reino Unido, propuseram, ao final da década de 1980, uma mudança na abordagem médica com uma conformação denominada “medicina centrada na pessoa”.

A entrevista clínica centrada na pessoa busca uma relação de cooperação com o doente. Os profissionais de saúde devem permitir que a pessoa expresse livremente suas preocupações, crenças e expectativas sobre a sua enfermidade. A expressão emocional do adoecido deve ser facilitada, proporcionando informações claras, em linguagem culturalmente competente, esclarecendo dúvidas e envolvendo a pessoa na construção do tratamento, buscando entrar em acordo quanto à forma como este acontecerá.

O método constitui-se de seis etapas, quais sejam:

  • Explorando a enfermidade e a experiência da pessoa em estar doente.
  • Entendendo a pessoa como um todo (pessoa, contexto e ambiente).
  • Elaborando projeto terapêutico comum e manejo dos problemas.
  • Incorporando promoção e prevenção à saúde.
  • Intensificando relação profissional de saúde e adoecido.
  • Sendo realista.

A atenção centrada na pessoa respeita a dignidade de qualquer pessoa, independentemente de idade, grau de dependência, situação econômica, dentre outras. Os direitos de quem está procurando a equipe de saúde devem ser respeitados, principalmente sua autonomia, não importando o grau de dependência ou déficit cognitivo. Deve-se centrar nas capacidades das pessoas e não nas doenças, já que cada pessoa tem sua identidade, suas experiencias de vida e está imersa em um ambiente cultural e social que a modela. Assim, considera-se cada individuo e as doenças deixam de ser universalidades para serem problemas de saúde singulares.

Trata-se de construir entornos acessíveis e estimuladores, para que as pessoas possam participar ativamente. A atenção à saúde é deslocada do hospital para o domicílio ou outros ambientes amigáveis e acolhedores. As pessoas, mesmo dependentes, devem ser estimuladas a organizar sua vida, seu dia-a-dia, ter afazeres, mantendo hábitos e rotinas. Os projetos futuros devem ser incentivados e encorajados. Daí ser hoje um método utilizado em vários países, tanto na atenção primária à saúde quanto, e preferencialmente, nos diversos serviços de atenção à saúde do idoso.

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Bibliografia

BONET, O. Saber e sentir: uma etnografia da aprendizagem da biomedicina. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2004.

FREEMAN TR. Medicina centrada na pessoa: transformando o método clínico. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed; 2010.

TEIXEIRA, L. A medicina à procura da sua alma. Disponivel em: https://observador.pt/opiniao/a-medicina-a-procura-da-sua-alma/. Acesso em 15/04/2018.

MARTÍNEZ RODRÍGUEZ, Teresa; DÍAZ-VEIGA, Pura; RODRÍGUEZ RODRÍGUEZ, Pilar; SANCHO CASTIELLO, Mayte (2015). “Modelo de atención centrada en la persona. Presentación de los Cuadernos prácticos.” Madrid, Informes Envejecimiento en red, nº 12. [Fecha de publicación: 30/07/2015].


Maria Elisa Gonzalez Manso

Médica e bacharel em Direito, pós-graduada em Gestão de Negócios e Serviços de Saúde e em Docência em Saúde, Mestre em Gerontologia Social e Doutora em Ciências Sociais pela PUC SP. Orientadora docente da LEPE- Liga de Estudos do Processo de Envelhecimento e professora titular do Centro Universitários São Camilo. Pesquisadora do grupo CNPq-PUC SP Saúde, Cultura e Envelhecimento. Gestora de serviços de saúde, atua como consultora nas áreas de envelhecimento, promoção da saúde e prevenção de doenças, com várias publicações nestas áreas.

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Médica e bacharel em Direito, pós-graduada em Gestão de Negócios e Serviços de Saúde e em Docência em Saúde, Mestre em Gerontologia Social e Doutora em Ciências Sociais pela PUC SP. Orientadora docente da LEPE- Liga de Estudos do Processo de Envelhecimento e professora titular do Centro Universitários São Camilo. Pesquisadora do grupo CNPq-PUC SP Saúde, Cultura e Envelhecimento. Gestora de serviços de saúde, atua como consultora nas áreas de envelhecimento, promoção da saúde e prevenção de doenças, com várias publicações nestas áreas.

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