O Amor está no ar!

O Amor está no ar!

O amor está no ar e ele também envelhece e assim como nossos cabelos ele tem ganhado um toque prateado que modifica o amor fruta-cor que um dia ele foi. E se antes ele se modificava conforme a luz que recebia, hoje ele é pleno na sua essência. Para este dia dos namorados compartilho o meu desejo de querer meu amor velho! Cada dia mais velho!

 

Sim! O amor também envelhece, ao mesmo tempo que nossos corpos se modificam em meio a rugas e algumas dores. Somos capazes de aprender com o amor velho a viver a sua “coroação”. Sim! O amor pode, na velhice transbordar na sua plenitude e por isso faço aqui o meu pedido: Velhos! Comemorem o amor neste clima tão favorável e que, a pouca TV que tenho assistido, não para de lembrar que o amor está no ar.

Nesta semana comemoramos o dia dos namorados e mesmo sabendo que esta data, nada mais é do que um meio encontrado para incentivar o comércio, confesso que me sinto tocada pelo clima e pela doce ideia de comemorar o amor. Seja ele qual for.

Não acho que amar seja difícil, afinal sou uma pessoa que ama facilmente tudo e todos, diferente de muitos que tem grande dificuldade em viver essa deliciosa sensação que corre pelas nossas veias e nos faz ver o mundo bem mais colorido.

Amar é fácil, mas é preciso tentar e tentar até que em um determinado instante, a flecha do Cupido nos atinge e passamos então a sentir um amor desigual.

Eu morava em Nova York quando a vida me apresentou um amor diferente de todos os outros que havia sentido. Em pouco tempo de convívio, soube que se tratava do amor que queria para minha velhice.

Nossos olhos eram repletos de sonhos que nos faziam acreditar que ali na frente, o caminho seria pleno e feliz. Passeávamos pelos museus e a Arte tornava nosso encontro ainda mais belo.

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Pierre Auguste Cot fez parte da nossa história e nos encantou com toda suavidade de seu realismo. Pintor francês nascido em 1837 e que viveu apenas 46 anos, tornou-se conhecido em sua época, por seu talento indiscutível. Passeávamos de mãos dadas quando sua pintura, intitulada “A Tempestade” surge para maravilhar o nosso olhar e nosso passeio. Nela, um casal abraçado, corre segurando um tecido ao alto para os proteger da tempestade que está por vir. O vestido transparente da moça traz sensualidade a cena que aponta a possibilidade de enfrentar as desavenças do caminho por meio do amor.

Hoje, quase trinta anos se passaram e a imagem do quadro de Pierre Auguste Cot continua forte na minha memória. Nosso amor amadureceu e começa a se tornar um amor velho e cheio de histórias. O convívio diário, tornou nosso amor capaz de mover e movimentar uma vida compartilhada e multiplicada.

Muitas tempestades vieram e sabemos bem que não foi fácil passar por elas. Vimos o sol voltar a brilhar e o céu escurecer diversas vezes. Nossos abraços por vezes se soltaram mas nunca se perderam dos nossos olhares, sempre fixos um no outro.

O amor também envelhece e assim como nossos cabelos ele tem ganhado um toque prateado que modifica o amor fruta-cor que um dia ele foi. E se antes ele se modificava conforme a luz que recebia, hoje ele é pleno na sua essência. “Viver é envelhecer e nada mais” como já dizia Simone de Beauvoir e neste viver repleto de amar, o amor também envelhece e se torna pleno no seu real significado.

Para este dia dos namorados compartilho o meu desejo de querer meu amor velho! Cada dia mais velho!

Quero que suas marcas, em mim cravadas, possam me fazer ser a velha que almejo ser ao seu lado. Com sol e com tempestade. Com os corpos numa eterna transformação, seguimos caminhando abraçados com a conquistada certeza de que é melhor nos proteger, afinal, a qualquer instante a tempestade pode chegar. Fico assustada mas não me incomodo. Seguro em seu abraço a esperança que conservo intacta.

O amor está no ar! O amor está em cada velhice que a soube cultivar.

No mais, feliz dia, meu velho e grande amor.

Cristiane T. Pomeranz

Arteterapeuta, entusiasta da vida e da arte, e mestre em Gerontologia Social pela PUC-SP. Idealizadora do Faça Memórias em Casa que propõe o contato com a História da Arte para tornar digna as velhices com problemas de esquecimento. www.facamemoriasemcasa.com.br E-mail: [email protected].

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Arteterapeuta, entusiasta da vida e da arte, e mestre em Gerontologia Social pela PUC-SP. Idealizadora do Faça Memórias em Casa que propõe o contato com a História da Arte para tornar digna as velhices com problemas de esquecimento. www.facamemoriasemcasa.com.br E-mail: [email protected].

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