Moradia compartilhada de velhas senhoras

Moradia compartilhada de velhas senhoras

O grupo inglês OWCH – Older Womens Co-Housing (Moradia Compartilhada de Velhas Senhoras) é apenas a ponta do iceberg de uma mudança gradual, mesmo que lenta demais sob alguns aspectos, mas que se mostra consistente e contínua, da força feminina na velhice.

Lucila Egydio (*)

 

Um exemplo que ilustra o empoderamento feminino vigente, que certamente vai inspirar iniciativas semelhantes é o grupo OWCH – Older Womens Co-Housing (Moradia Compartilhada de Velhas Senhoras, em tradução livre). Trata-se de um grupo de mulheres com mais de cinquenta anos de idade que criaram sua própria comunidade, em um novo bloco de apartamentos no norte de Londres, como alternativa a viver sozinhas, e decidiram ter vizinhas amigáveis, confiáveis e úteis.

Os membros da OWCH começaram a se mudar para suas novas casas em dezembro de 2016 e a comunidade atualmente é totalmente residente. A ideia é viver em grupo, mas mantendo sua individualidade. As responsabilidades domésticas são compartilhadas, há um programa de refeições comuns e algumas atividades compartilhadas. O complexo tem 17 apartamentos locativos e 8 para aluguel social e atualmente não há vagas. O projeto também busca ser inspiração para que outros sigam esse caminho, e o grupo inicial acredita que a comunidade sênior, se estiver coesa, pode enriquecer os últimos anos de vida de muitas outras pessoas.

O grupo valoriza a diversidade, tendo uma variedade de origens e culturas, e as idades variam dos cinquenta e tantos a cerca de oitenta anos. Todas têm seus interesses particulares, conexões familiares, trabalho ou mesmo dificuldades de saúde ou deficiências. O grupo compartilha a determinação de permanecer o mais autossuficiente e ativo quanto possível.

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Os objetivos e valores do grupo são:

  • Aceitação e respeito pela diversidade
  • Cuidado e suporte um para o outro.
  • Fornecer equilíbrio entre privacidade e comunidade.
  • Combater estereótipos antigos
  • Cooperação e partilha de responsabilidades.
  • Manter uma estrutura sem hierarquia
  • Cuidar do meio ambiente
  • Fazer parte da comunidade em geral

O grupo começou a idealizar a proposta de co-housing (moradia compartilhada) desde 1998 e, ao longo dos anos seguintes, a ideia foi ganhando corpo e novas adeptas. A construção do complexo habitacional se deu entre 2010 e 2016. A OWCH é uma empresa de sociedade limitada e todo residente da comunidade, seja locatário ou inquilino social, é um membro de pleno direito desta empresa e tem voz ativa. O residencial é gerido por uma cooperativa (Housing for Women), parte do comitê de administração, que atua como senhorio para os oito apartamentos de aluguel. Os aspectos legais são resumidos a seguir:

Cada locador da OWCH possui seu próprio apartamento e uma parcela das instalações comuns em um leasing por 250 anos. Cada locador da OWCH tem um contrato de arrendamento seguro com a empresa e compartilha as instalações comuns.

A cooperativa Housing for Women, como a gestora geral, concedeu à OWCH Ltd um contrato de arrendamento de 999 anos de todo o local. Isto vem entre o arrendamento de propriedade e o arrendamento individual, e assim coloca o OWCH no controle diário do sistema. Housing for Women administra os 8 apartamentos de aluguel e atua como proprietário social deles.

Há critérios claros em relação à venda e às futuras compradoras.
O grupo apresenta suas políticas claramente para também ser fonte de inspiração para grupos com ideias semelhantes apresentando, em seu site, tanto materiais básicos sobre co-housing, como todas as premissas que balizam sua constituição e atuação. Os documentos disponíveis são:

  • Valores do grupo
  • Política de adesão
  • Política de suporte mútuo
  • Igualdade & Diversidade
  • Política de Visitação
  • Política sobre animais de estimação
  • Política de resolução de conflitos

Obviamente a iniciativa não é replicável em muitas das realidades sociais ao redor do mundo, mas apresenta-se aqui como a consolidação de um perfil desejável de envelhecimento feminino com autonomia, independência, coesão, princípios e resultado de esforços coletivos para sua materialização. Se a humanidade está num momento de ampliar possibilidades para que a velhice não tenha majoritariamente a reprodução do tradicional papel de submissão da mulher, inspirações deste porte podem trazer novos ares a essa caminhada.

(*) Lucila Egydio é bióloga, especialista em ecoturismo e consultora em sustentabilidade e desenvolvimento. Este texto foi publicado inicialmente na Revista Portal de Divulgação Nº 54, Ano VIII – Out/Nov/Dez 2017. E-mail: [email protected]

 

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