Mobilidade: pessoa idosa nas cidades

Evento destacou a importância de se pensar nos pedestres, especialmente os idosos, uma vez que existe uma preocupação muito maior com os buracos das ruas – o que pode estragar os veículos -, do que com as quedas que milhares de pessoas sofrem diariamente devido às condições precárias das calçadas públicas, causando muitos acidentes devido a aspectos relacionados à sinalização, sendo um deles o tempo, por exemplo. Existe ainda um custo social altíssimo com as quedas de pedestres, maior que o custo social de acidentes com veículos.

“Ser idoso é algo que todos nós queremos nos tornar um dia, e mais: visto que nossa população está em processo de envelhecimento temos que nos preparar para esse envelhecer” com essa fala, Adriana Romeiro de Almeida Prado, arquiteta, especialista em acessibilidade, abriu o evento Diálogos Nepe/PUC-SP e Itaú Viver Mais, com o tema “Mobilidade para todos: que cidade queremos?”, coordenado e mediado por Luis Alberto David Araujo, professor do mestrado em Gerontologia e da Faculdade de Direito da PUC-SP.

Adriana Romeiro de Almeida Prado, coordenadora da Comissão de Acessibilidade a edificações e Meios da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), assinalou a importância de tomar conhecimento dessas normas para que possamos compreender um pouco melhor sobre acessibilidade, informando ainda que as mesmas podem ser obtidas gratuitamente pelo site: www.pessoacomdeficiencia.gov.br.

Em um segundo momento, Prado conceituou, junto com a também arquiteta Meli Malatesta presente na plateia, o termo “Desenho Universal”, explicando que essa é uma palavra chave para que se possa atingir a acessibilidade, ou seja, é a concepção de produtos, ambientes, programas e serviços, que por lei, devem oferecer e serem usados, na medida do possível, por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou projeto específico, facilitando a qualidade de vida de todo cidadão, incluindo os idosos. Um dos exemplos que trouxe para ilustrar esse conceito foi a mesa de canhoto.

Conceituou ainda o termo acessibilidade, como uma possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público, privados ou coletivo, tanto na zona urbana, quanto na zona rural, por pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida. Exemplos dessas acessibilidades apresentadas pela plateia foram: piso tátil, elevadores, rampas, barras de apoio, sinalização inclusiva… A palestrante ressaltou a importância do piso tátil direcional, que na maioria das vezes é esquecido quando se fala em acessibilidade, é necessário um alerta apontando sua existência, uma vez que podem causar quedas em idosos, por exemplo.

Adriana Prado assinalou a importância de se pensar nos pedestres, uma vez que, infelizmente, existe uma preocupação muito maior com os buracos das ruas, o que pode estragar os veículos, do que com as quedas que milhares de pessoas sofrem diariamente devido às condições precárias das calçadas públicas. Mostrou uma pesquisa da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), cujos resultados apontados foram: 40% das pessoas andam a pé ou de bicicletas, 31% em veículos particulares e 29% e transporte público, ressaltando e comprovando sua fala de que há uma necessidade em se pensar e se preocupar com o pedestre, segundo a palestrante: “a rua é do pedestre e não dos carros”.

Apresentou outra pesquisa na qual 70% das mortes acidentais são com pessoas de mais de 75 anos, devido a quedas, o que interfere em diversos aspectos não apenas físicos do idoso, mas também psicológico e social, uma vez que já foi comprovado cientificamente que após uma queda, esse indivíduo pode sentir medo em cair novamente, o que pode contribuir que o mesmo dependa cada vez mais do outro para exercer suas atividades de vida diária, prejudicando, consequentemente, sua qualidade de vida. As estatísticas brasileiras ainda revelam que 30% dos acidentes de trânsito envolvem pedestres e estes respondem por 50% das mortes de trânsito. Prado refletiu sobre a dificuldade do idoso quanto à mobilidade, o que pode causar muitos acidentes na travessia das ruas, principalmente devido a aspectos relacionados à sinalização, sendo um deles o tempo, por exemplo.

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A palestrante apontou ainda que existe um custo social altíssimo com as quedas de pedestres, mostrando pesquisas que apontam que esse custo é 45% maior que o custo social de acidentes com veículos.

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Adriana Romeiro de Almeida Prado, arquiteta, especialista em acessibilidade

No momento final da palestra, Prado apresentou as principais propostas para garantir a mobilidade segura das pessoas idosas nas cidades, assinalando que as calçadas executadas pelo poder Público são de responsabilidade do proprietário do lote, porém na maioria das vezes deixam de ser executadas. Algumas das propostas apontadas foram: alargamento das calçadas para redução do percurso do pedestre; faixa elevada para travessia; rebaixamento da calçada com largura igual ao comprimento da faixa de pedestres para facilitar a travessia de todas as pessoas com sinalização tátil; semáforos sonorizados; sanitários nos equipamentos públicos, por lei é algo obrigatório em todos os terminais de transporte público, sendo esta uma norma já aplicada no estado de São Paulo; quanto a acessibilidade nos pontos de ônibus: indicação dos ônibus, banco para sentar, espaço para cadeira de rodas ou carrinho.

A arquiteta encerrou sua palestra com a seguinte citação de Jaime Lerner: “A mobilidade é um componente essencial à saúde da cidade. As cidades não podem ser pensadas para carro. O ritmo de encontro é o ritmo da caminhada. Precisamos desenhar nossas cidades para que o espaço do pedestre seja determinante e que os outros modos leves de deslocamento, como a bicicleta, seja também favorecido. O transporte público precisa ser de qualidade, oferecendo confiabilidade, conforto e dignidade ao usuário”.

Foi possível refletir, por meio do debate, que pouco a pouco o Brasil tem mudado o olhar não somente ao idoso, mas também com todas as diferenças humanas, embora ainda falte uma visão de proteção a esses indivíduos devido a uma questão cultural e também sociológica. Mas ainda assim, graças a leis específicas, como a ABNT, por exemplo, temos construído um dos muitos caminhos necessários para uma velhice bem sucedida e mais: a busca do segredo do longeviver.

Quem é

Adriana Romeiro de Almeida Prado é arquiteta, urbanista; especialista em acessibilidade; mestre em gerontologia pela PUC/SP; especialista em gerontologia pela SBGG; consultora em projetos de acessibilidade, coordenadora da Comissão de Acessibilidade a Edificações e meios da ABNT e docente de Pós Graduação em Gerontologia na UNIFEST, Einsten, Sedes, entre outros.

(*)Ana Beatriz de Almeida – Terapeuta Ocupacional e mestranda em Gerontologia pela PUC-SP.
E-mail: [email protected]

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