Melhor idade, por que não?

Um estudo publicado pelo American Journal of Psychiatry “sugere que a velhice, apesar de normalmente vir acompanhada do progressivo declínio físico e mental, também pode ser um processo muito mais positivo do que se pensava”.Maria Luciana Rincon Y Tamanini do website Tecmundo publicou uma matéria (Fonte – Discovery News) sobre um estudo publicado pelo American Journal of Psychiatry que “sugere que a velhice, apesar de normalmente vir acompanhada do progressivo declínio físico e mental, também pode ser um processo muito mais positivo do que se pensava”.

 

Para aqueles que têm lá suas questões com a velhice, o estudo surpreende. Será mesmo possível imaginar uma fase de aparente declínio como algo bom, positivo? Bem, vejamos o que o estudo diz.

“Aparentemente, o ‘envelhecer’ parece estar mais relacionado com os estereótipos que os mais jovens criam com relação aos idosos — associando a velhice com problemas de saúde, melancolia e demência — do que com a real forma como os mais velhos encaram a terceira idade”.

Vemos, então que a ideia que criamos sobre o ‘envelhecer’ é suportada por antagonismos bizarros: ‘velho’ (decrepitude e demência) versus ‘jovem’ (beleza e saúde). Conceitos formados a partir do outro, do externo, das exigências de cumprimento dos padrões estabelecidos comandados pela estética e a utópica felicidade.

O que eles pensam?

“Assim, para entender o que os idosos pensam da velhice, os pesquisadores se basearam em dados obtidos a partir de um grupo aleatório de mil norte-americanos entre os 50 e 99 anos de idade. Em uma primeira fase, foram avaliadas questões relacionadas ao estado geral de saúde, funções mentais e depressão durante uma conversa telefônica. Na segunda fase, os participantes responderam a um questionário sobre suas percepções da terceira idade”.

Nada mais justo do que dar voz aqueles que normalmente não são ouvidos e menos ainda percebidos. É claro que as opiniões devem divergir, até porque nos fazemos ao longo dos anos, somos resultado da vida e das experiências que vivemos. A velhice não nos transforma, da noite para o dia, em seres “diferentes”.

Resultados

“Os cientistas descobriram que, como esperado, os mais velhos realmente sofrem de mais problemas de saúde física do que os mais jovens. Por outro lado, quando foi solicitado que os participantes qualificassem seu envelhecimento com notas em uma escala de 0 a 10, os pesquisadores descobriram que a pontuação mais alta também era proporcional às idades mais avançadas”.

Realmente o estudo contraria as expectativas. Pensar que quanto maior a idade maior a satisfação, nos leva a abrir uma grande interrogação. Será porque associamos mais idade com fim de tudo? A pesquisa ainda concluiu que os mais velhos tendem a viver a vida com mais leveza:

“O estudo apontou ainda que os idosos se preocupam menos com algumas questões que costumam estressar os mais jovens. Além disso, enquanto a maioria das pessoas teme chegar à terceira idade, os mais velhos estão felizes por continuarem vivos e conscientes, além de se sentirem orgulhosos de tudo o que fizeram e conquistaram em suas vidas”.

Seria a sensação de ‘dever cumprido’? O que está feito não se muda, mas pode se transformar em outras produções prazerosas e diferentes.

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“Os seres humanos possuem a incrível habilidade de se adaptar às circunstâncias (…)”.

E, talvez, nisto esteja o essência da vida. Mas, como disse anteriormente, as opiniões são, normalmente, divergentes (ainda bem!). Reproduzimos neste novo parágrafo, o que o escritor e jornalista Ruy Castro fala da sua experiência:

melhor-idade-por-que-naoCom a palavra… Ruy Castro

“De pé, no aeroporto, numa fila de passageiros que levaria horas até o check-in, vi o cartaz ao lado de outra fila muito menor. Mostrava quatro bonequinhos: uma mulher de perfil, grávida, com a competente barriga; outra mulher, com um bebê ao colo; um homenzinho numa cadeira de rodas; e um homenzinho de bengala, curvado, com uma das mãos nas ancas, como se sofrendo de reumatismo ou lumbago. Como não me identifiquei com nenhum deles, continuei na outra fila”.

Como se identificar com uma representação que não sentimos e, em hipótese alguma, vestimos? E Ruy Castro continua:

“Até que me ocorreu. O homenzinho do lumbago era eu. Ou tinha idade para ser. Indômito, marchei em direção à tal fila. Num instante, fui atendido por um funcionário que não estranhou nem um pouco minha presença ali –principalmente depois de ler a data do nascimento na carteira de identidade. Desde então, não vacilo. Assim que abrem o embarque para ‘gestantes, portadores de necessidades especiais ou idosos’, lá vou eu, feito um centauro, rumo ao portão, e quase sempre sou o primeiro a embarcar”.

Sim, mas isso não muda a questão. Já ouvi muitas pessoas dizerem que “o bom mesmo é a facilidade, evitando filas e atropelos”. Quanto as classificações muito utilizadas para a velhice, o escritor e jornalista lembra:

“Em 28/1, publiquei aqui uma crônica em que ironizava o uso da expressão ‘melhor idade’ para definir os maiores de 60 anos. Entre outros privilégios dessa idade, citei o ressecamento da pele, a osteoporose, as placas de gordura no coração, a falência dos neurônios, as baixas de visão e audição, a queda de cabelo, a obesidade e as disfunções sexuais. Intitulei-a ‘Prazeres da melhor idade’”.

O uso adequado das palavras e sua interpretação é uma arte para muito poucos. O texto de um autor deve ser, acima de tudo, respeitado na íntegra. Quanto a isso, Ruy Castro finaliza:

“Um leitor achou de transcrevê-la e ampliá-la a seu jeito. Na verdade, triplicou-a de tamanho, usando chulices que não costumo empregar, e alterou o título para ‘Melhor idade é a p.q.p’. (por extenso). Assinou-a com meu nome e disparou-a pela internet. De vez em quando, recebo-a de amigos, com cumprimentos pela ideia, e eles parecem desapontados quando digo que é uma fraude”.

“Assinar o que não se escreveu é pior que sofrer do lumbago alheio”.

Referências

RINCON Y TAMANINI, M.L. (2012). Estudo aponta que a velhice pode ser a melhor idade sim! Disponível Aqui. Acesso em 10/12/2012.

CASTRO, R. (2012). Mais “melhor idade”. Disponível Aqui. Acesso em 10/12/2012.

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