“Lucky”, um drama sobre a mortalidade e o significado da vida

“Lucky”, um drama sobre a mortalidade e o significado da vida

O filme “Lucky” narra a história de um velho ateu que vive em uma cidade no deserto, uma profunda reflexão sobre as indignidades e dignidades de uma vida longeva.


– Realismo é a prática de aceitar uma situação do jeito que ela é.

– Está dizendo que o que você vê é a sua realidade.

– Mas o que você vê, não é a minha realidade.

Essa conversa é apenas uma parte dos diversos diálogos que o filme “Lucky” do diretor John Carroll Lynch (filho do cineasta David Lynch) nos proporciona, fazendo-nos refletir sobre o valor dos relacionamentos e a vulnerabilidade que eles exigem. O filme, visto na 41ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em outubro de 2017, é, na realidade, uma homenagem à vida e uma terna reflexão sobre o tempo e o nada, por meio de um grande ator, Harry Dean Stanton (1926-2017), 91 anos, morto no mesmo mês do lançamento do filme, em 15 de setembro de 2017.

O filme narra a história de um velho ateu, Lucky, que vive em uma cidade no deserto, e que depois de fumar por muito mais tempo que todos os seus conterrâneos, ele ouve de seu médico a seguinte frase:

– Muita gente não chega à sua idade e nunca viverá o momento que estás vivendo agora.

Na realidade, Lucky, por meio do personagem arrebatador de Dean Stanton, que com sua energia e fragilidade trata das indignidades e das dignidades das velhices, é um filme que traz de forma humorada uma reflexão profunda sobre o envelhecimento e o viver longevamente, utilizando como uma grande metáfora o faroeste, território vasto, um pouco inóspito, onde a bravura da vida se faz presente. A mistura entre personagem e intérprete, confrontados com a realidade da morte, toma dimensão maior pelo fato de Stanton ter falecido no mesmo mês de lançamento de“Lucky”, aos 91 anos, a mesma idade do seu personagem.

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Stanton, de semblante endurecido, ressalta em sua belíssima atuação as dificuldades da vida o tempo todo, revelando-nos a fragilidade da solidão que é ampliada pela consciência e o medo da finitude. Quem não tem?

Stanton saiu da cena da vida com “Lucky”, não sem antes de nos brindar reflexões profundas sobre a mesma. Ou seja, a jornada espiritual de um homem nonagenário, que sobreviveu mais do que seus contemporâneos, de forma lúcida, e que no trecho final de sua vida, descobre-se a si mesmo, pois sabe que realismo é a prática de aceitar uma situação do jeito que ela é…


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