Livro “Viver Muito” aponta os desafios da longevidade

Economia e envelhecimento – dois assuntos ásperos, à primeira vista. Mas não para o jornalista Jorge Félix, que lança, pela Editora LeYa Brasil, “Viver muito”. Numa linguagem acessível e atraente, o livro discute as implicações econômicas e sociais do envelhecimento da população para o Brasil e o mundo.

Viver-muito“Viver muito” começa questionando a imagem utilizada pela propaganda para retratar a velhice: “Céu azul, uma praia, uma senhora de maiô com um belo chapéu sentada ao sol e um homem elegante, ainda esbelto, apesar dos cabelos brancos, oferecendo a ela uma água de coco. Nenhum sinal de doença, debilidade ou qualquer motivo de privação de felicidade. Nesse imaginário, convencionou- se – ou decretou-se – que a velhice será feliz e ponto”. Este é um cenário possível, mas para alcançá-lo são necessárias diversas providências, tanto a nível pessoal quanto coletivamente. Para garantir o bem-estar de uma população com um número maior de idosos é necessário, antes de tudo, conhecer bem essa nova dinâmica populacional.

O fenômeno do envelhecimento da população assumiu proporções mundiais. Enquanto a população total do planeta cresce 1,2% a o ano, o número de pessoas com mais de 60 anos cresce a uma taxa de 2,6%. No Brasil, em um período de apenas dez anos (1998-2008), o percentual de pessoas com mais de 60 anos no total da população subiu de 8,8% para 11,1%, somando 21 milhões de brasileiros. Alia-se a isso uma taxa de fecundidade que, em 2006 era de 1,8 por mulher. Para o autor, tanto os indivíduos quanto a iniciativa privada e o Estado precisam rever seus papéis para atender às demandas dessa nova configuração.

“Viver muito” baseia-se na tese de mestrado que o autor desenvolveu para o curso de Economia Política na PUC. Félix utilizou os dados e análises científicas, deixando de lado o jargão acadêmico e utilizando uma linguagem coloquial e, por vezes, bem-humorada para debater temas complexos como previdência social, formação de cuidadores profissionais, macro e micro economia, entre outros. O autor entende a questão deve ser tratada de maneira multidisciplinar e heterogênea, sobretudo em nosso País, em que às desigualdades de gênero e renda somam-se as diferenças regionais, por exemplo.

O texto leve – mas não superficial – lança mão de epígrafes criativas, como o verso de Arnaldo Antunes que afirma que “A coisa mais moderna que existe é envelhecer”. Também os capítulos receberam títulos instigantes, como “Por que a Suzana Vieira – embora ela não acredite – também vai envelhecer e quanto isso custa para a sociedade, segundo os cálculos de uma ministra da Grã-Bretanha?” Nesta seção, o autor discute a negação da velhice e a maneira como ela foi tratada ao longo da história, para apontar que o medo do envelhecimento tem um custo alto não só para o cidadão, como também para toda a sociedade. O capítulo “Porque os idosos que namoram podem garantir uma renda maior” analisa os reflexos econômicos dos relacionamentos afetivos dos idosos partindo das representações que o cinema tem feito dessas relações.

Em “Viver muito” Jorge Felix demonstra que a invisibilidade da velhice e preocupação com uma economia da longevidade são temas que dizem respeito a todos nós, que seremos afetados pela recente conquista de poder viver mais – que implica, necessariamente, em rever diversos valores e conceitos.

“Segundo a OMS, o envelhecimento populacional impõe – por razões econômicas de Estado e por motivos psicológicos individuais e sociais – uma prorrogação da fase laboral ou um adiamento da aposentadoria. No entanto, as políticas públicas devem trabalhar a favor de um processo de convencimento e criar condições sociais e legais para a sociedade atingir essa meta sem fazer concessões às visões preconceituosas da figura do idoso. De acordo com a OMS, o novo paradigma a ser adotado desafia o ponto de vista tradicional de que aprender é função de crianças, trabalhar, dos adultos, e aposentar-se, dos idosos.”

Fonte: 45Graus, 21/02/11. Disponível Aqui

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