A liberdade como ideal de vida: a trajetória de Neyde Diaz Bialho

Aos 77 anos de idade, Neyde Diaz Balbo cultiva, como poucos, sua independência. Não precisa de companhia para ir ao cinema, fazer compras, viajar. Faz tudo sozinha e quando tem vontade. Detesta telefone celular. “Não quero que meus filhos fiquem me cercando.

Maria Lígia Mathias Pagenotto, da redação Portal

 

a-liberdade-como-ideal-de-vida-a-trajetoria-de-neyde-diaz-bialhoMeu ideal de vida sempre foi ter liberdade”, afirma esta secretária aposentada. Separou-se do marido, que hoje mora com uma das filhas, mas mantém uma sólida amizade com ele. “Não dá pra romper de vez, né? Somos ótimos amigos, estamos sempre juntos nas datas importantes, afinal temos filhas e netos”, explica com tranquilidade.

Mãe biológica de duas mulheres, Eliane e Sandra, Neyde é ainda “mãe do coração” de Valdelice. E tem, ao todo, 5 netos, todos homens – os dois mais velhos de “coração” também, como gosta de dizer. “Sou muito orgulhosa desses meninos”, pontifica.

Nesta entrevista, Neyde, paulistana, mas morando atualmente em São Bernardo do Campo, abre um pouco de sua vida e conta como conquistou, na velhice, a tão almejada paz de espírito.

Independência ou morte
“Eu me divirto comigo mesma. Gosto da minha companhia e fico muito satisfeita em estar sozinha. Não que eu não goste dos outros. Nada disso. Mas é que prefiro ir fazendo as coisas do que ficar esperando. Por exemplo: adoro ir ao cinema em dias de semana em São Paulo. Também vou muito a teatro, museus e restaurantes. Não tenho problema nenhum em ir sozinha. Sempre fui assim, independente. Acho que veio da minha educação. Meus pais me criaram ensinando a equilibrar responsabilidade com liberdade.”

Viagens
“Minha filha mora na Suíça. Fui para lá sozinha. Queria rodar um pouco pela Europa e fui. Minha filha não podia ir junto porque estava trabalhando. Conheci vários lugares – mesmo sabendo só falar umas palavras básicas do inglês.”

Informática
“Abriu muitas janelas aprender informática. É maravilhoso poder se conectar com o mudo em segundos. Gosto muito do Facebook, pois com ele achei amigos que fazia anos que não via. Hoje leio todo o noticiário no computador. Gosto mais do que pegar o jornal. Na internet a gente não precisa se preocupar com os cadernos de emprego, automóvel, etc., que vêm nos jornais. A gente escolhe direto o que quer ler. Já o caderno de esportes eu gosto de ler. Afinal, tenho 5 netos homens, preciso ter assunto com eles. E digo pra você que a professora Gisnelli (na foto) tem uma belíssima didática no ensino da informática. Se a gente prestar atenção aprende tudo.”

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a-liberdade-como-ideal-de-vida-a-trajetoria-de-neyde-diaz-bialhoReligião
“Sou espiritualista desde criança e acho que a religião é uma das bases da minha vida. Sei de onde vim, por que estou aqui e para onde vou. Se a gente analisar a vida assim, ficamos felizes. Penso que só vou ter o que mereço, nunca barganho com Deus.”

Alegria de viver
“Pareço calma, mas sou brava. Sou muito crítica, acho que falta educação no mundo, civilidade. Não suporto ver as pessoas jogando coisas na rua, por exemplo. Acho um desrespeito muito grande com a natureza. Mas mesmo assim é difícil eu perder a alegria de viver.

Envelhecimento
“Comecei a me preparar para isso quando minhas filhas foram saindo de casa. Daí aposentei e fui procurar outras coisas para fazer. Busco coisas que nunca consegui fazer antes, por falta de tempo ou oportunidade. Agora só quero fazer o que eu gosto. Também aprendi a falar não. Conquistei paz interior.”

Saúde
“Eu me cuido direitinho. Faço check-up anualmente com todos os médicos. Tive câncer de mama, mas enfrentei bem a doença. Por causa dela entrei no voluntariado e ajudei muitas pessoas que estavam desesperadas com o diagnóstico. Acho que isso foi a minha cura.”

Voluntariado
“Entrei num projeto do Poupatempo, que é o Escrever Cartas. Ajudo pessoas que não sabem escrever, não tem ideia do que colocar no papel. Acho muito gratificante ver a cara das pessoas felizes, sentir que fiz o bem. Acho que o que eu tinha que ganhar nesta vida já ganhei. Agora procuro fazer coisas que ajudem a me sentir útil.”

Morte
“Não adianta temer. Um dia tudo termina e a gente passa para outra fase.”

Perdas
“São sempre um choque, mas o espírita encara isso bem. Para mim, de qualquer forma, foi terrível perder minha mãe e um namorado de 17 anos, que faleceu há 9 anos.”

Planos para o futuro
“Quero continuar na paz, viajando bastante. Não quero me encostar, usar pantufa, vestidinho abotoado. Quero continuar me amando.”

Velhice
“Não dá para ser a mesma pessoa que se era aos 20 anos. Nessa idade, eu era um inferno. Criei muito caso e não ganhei nada com isso. Na velhice, o importante é ter paz de espírito e mostrar ao outro o que é viver bem. Tento fazer a minha parte.”

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