Idosos correm mais riscos com a polifarmácia

Uso de variedade de remédios pode ser seguro se idosos não omitirem de seu médico ou dentista nenhum dos medicamentos que usa e, ainda, se procurar um farmacêutico. Do contrário a polifarmácia pode matar.


Se você já completou 60 anos provavelmente já toma alguns medicamentos, pois sem eles muitos de nós funcionaríamos pior ou morreríamos antes. Somos o grupo que mais toma medicamento porque somos mais propensos a termos distúrbios médicos crônicos, como hipertensão arterial, diabetes ou artrite. E uma vez que se começa, não paramos mais, e a lista só vai aumentando. As mulheres costumam tomar mais remédios que os homens, seja para colesterol, hipertensão, vitamina D, diabetes, hormônios…. Se a conta der mais de cinco remédios ao dia, então é polifarmácia, termo que se refere ao “uso simultâneo de mais de cinco medicamentos pela mesma pessoa.

Embora o termo polifarmácia não seja muito popular, com certeza os idosos, com doenças crônicas, conhecem seus efeitos, pois a junção deles tem efeitos colaterais muito grandes, colocando em risco a saúde das pessoas mais velhas. Esse foi o assunto tratado na edição 47 do Pílula Farmacêutica, pela acadêmica Giovanna Bingre, orientanda da professora Regina Andrade, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP.

O Pílula Farmacêutica traz informações sobre o uso correto de medicamentos, entre outros assuntos relacionados à saúde, em linguagem fácil, buscando desmistificar questões dessa área. Parceria da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) e da Rádio USP.

Segundo Bingre, o envelhecimento da população, acompanhado pela evolução de tecnologias em saúde e drogas mais eficazes, explica o fenômeno da polifarmácia. De acordo com ela, essa é uma tendência natural. O Brasil ultrapassou os 30 milhões de pessoas com mais de 60 anos nos últimos anos, aumentando em 20% o número de idosos, muitos dos quais certamente tomam mais e 5 medicamentos ao dia.

A polifarmácia pode chegar a 21,5% no ambiente domiciliar e a 64,5%, no hospitalar, já que há a possibilidade de várias enfermidades acometendo o mesmo idoso, como apontam os estudos científicos. A pesquisadora comenta que “A cada problema de saúde, ou seja, cada doença, vai precisar de consulta a uma especialidade médica, o que poderá levar à prescrição e uso de mais de cinco medicamentos”.

Apesar dos riscos, “se for necessária uma grande quantidade de remédios para que as condições de saúde de alguém se mantenha sob controle, os profissionais da saúde podem, sim, prescrever esse número de medicamentos ou até mais”, garante Giovanna. Mas precisam saber sobre a interação entre eles, o que muitas vezes, senão na maioria delas, não se leva em conta.

Segundo a pesquisadora, medicar pessoas idosas é complexo, pois essas pessoas podem sofrer de alterações fisiológicas, com consequentes problemas na absorção, na distribuição e no metabolismo e excreção dos medicamentos pelo organismo. Essas alterações podem “aumentar a ocorrência de reações adversas e de toxicidade nesses idosos”.

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Bingre assinala ainda que “quanto mais problemas de saúde o idoso apresentar, maior a chance de fazer uso da polifarmácia e maiores serão os riscos de interação medicamentosa e uso de medicamentos potencialmente inapropriados ao idoso”. Bingre diz ainda que além da interação dos medicamentos, outro problema frequente da polifarmácia do idoso “é a prescrição de medicamentos potencialmente inapropriados”. A pesquisadora aponta que esses medicamentos, na maioria dos casos, oferecem mais riscos que benefícios e, portanto, devem ser evitados nessa população idosa.

Giovanna Bingre comenta que para manter a segurança dos tratamentos, é importante que o idoso “seja sincero e passe todas as informações sobre os medicamentos que toma para o seu médico ou dentista”. Segundo ela, dessa forma, o profissional de saúde pode adaptar o tratamento aos que a pessoa já usa, alertando para os possíveis riscos e efeitos colaterais.

Por fim a pesquisadora lembra também que pode ser feita consulta a um farmacêutico, que é o profissional mais capacitado para falar sobre remédios. Diz que o farmacêutico clínico pode ser encontrado em unidades de saúde e oferece consulta detalhada sobre os medicamentos e como devem ser tomados, “já que pequenas mudanças podem afetar completamente a eficácia do tratamento”.

Segundo ela, esse profissional é capaz, ainda, de orientar o paciente, informando se um determinado sintoma é causado por um medicamento específico.

Serviço
Ouça o episódio 47 do Pílula Farmacêutica na íntegra.
Ouça os demais episódios aqui.

Foto destaque/Pixabay


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