Hormônios: aliados ou vilões no combate ao envelhecimento?

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças crônicas do envelhecimento poderão matar 36 milhões de pessoas e custarão quase US$ 47 trilhões à economia mundial nos próximos 20 anos. Muito se discute sobre a prevenção e tratamento de doenças próprias desta fase da vida, levando médicos de várias especialidades e pesquisadores a estudarem o uso dos hormônios no combate às doenças do envelhecimento.


Estudos relativos a utilização da terapia hormonal foram apresentados no I Congresso Latino-Americano da World Society of Anti-Aging Medicine (Wosaam) e no V Simpósio de Fisiologia Hormonal e Longevidade realizado em São Paulo. No Brasil, o assunto é relativamente recente, com apenas 12 anos de vida, nos Estados Unidos, o tema é discutido há 25 anos”, afirma o ginecologista Ítalo Rachid, diretor científico do Grupo Longevidade Saudável e membro da Academia Mundial de Medicina Anti-Aging. “As pessoas procuram o médico como “promotor de saúde” e não para tratar doenças. A medicina tradicional, curativa, deveria andar de mãos dadas com a medicina preventiva. O Brasil caminha para chegar lá.”

Os hormônios são mensageiros químicos do corpo que regulam o crescimento, o metabolismo e o desenvolvimento, controlam as funções de muitos tecidos, auxiliam as funções reprodutivas. “Estas substâncias estão para o nosso organismo assim como um soldado está para o quartel. Em todas as pessoas, esse processo de produção de hormônios começa a ser afetado e reduzido a partir dos 25 anos”, explica Rachid.

Segundo o médico especialista em longevidade, podemos comparar a nossa produção de hormônios com o movimento de uma conta bancária. Ele diz: “Neste contexto, vamos pensar que a construção, reparação e otimização são os depósitos – o anabolismo – e os saques contra esta conta são os processos metabólicos. À medida que envelhecemos, a produção de hormônios diminui e, com isso, reduzimos a capacidade de renovação e reparo, ou seja, vamos começar a entrar no vermelho a partir dos 30 anos, já que temos mais saques do que depósitos a partir desta idade. Esse desequilíbrio hormonal crônico e acumulativo é a pilastra mor dos processos degenerativos de envelhecimento”.

Rachid explica que os hormônios não diminuem porque envelhecemos: “nós envelhecemos porque os hormônios caem. Mas isso não significa que ao recuperar os níveis hormonais em queda, a pessoa ficará jovem para sempre. Ao tratar, pode retardar o envelhecimento e reduzir doenças e danos no processo degenerativo”. Mas o médico alerta, deve-se ter cautela, cada indivíduo tem uma dinâmica de funcionamento própria, com necessidades hormonais específicas. Por isso é tão importante que cada pessoa tenha um tratamento hormonal adequado.

“A medicina da longevidade ainda está distante da sociedade e até da medicina tradicional, utilizada para tratar e não prevenir. Mas hoje existem novas biotecnologias e avanços dentro da ciência médica que podem promover a saúde com menos morbidade, menos doenças, com menos impacto no sistema econômico, com menos gastos com doenças de envelhecimento”, afirma o médico.

Mas quando devemos começar a pensar e agir para vivermos um envelhecimento saudável? Para Rachid, seria na gestação, entretanto este ainda é um tema que necessita do entendimento da sociedade e dos profissionais da área da saúde. “Quando a mulher descobre que está grávida, deveria procurar um médico que tenha conhecimento desta área para acompanhar o pré-natal e promover a programação das ações”.

Mas como estamos bem distantes de uma situação ideal, o melhor seria que a medicina da longevidade começasse a atuar na vida das pessoas na faixa de 20 a 30 anos. Rachid complementa: “Seria a idade ideal, porque são pessoas que estão ainda com uma performance metabólica eficaz e assim conseguiríamos agir de forma preventiva. Mas não devemos esquecer que em qualquer idade é possível se beneficiar das ações da terapia hormonal. Existem condições e propostas que podem ser talhadas para cada faixa etária.”

A reportagem ainda afirma que, de maneira geral, há convergência de opiniões entre os adeptos do Anti-Aging e os profissionais mais ortodoxos, ambos concordam que “alguns” pacientes se beneficiam de reposição hormonal.

  • Havendo o desequilíbrio e os sintomas, os hormônios devem ser usados – diz o endocrinologista Ricardo Meirelles, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

A diferença está em dois pontos. O uso dos hormônios é visto como uma espécie de elixir da juventude pelos médicos antiaging.

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  • Envelhecemos porque as taxas de hormônio caem. Não o contrário. Não existe equilíbrio no organismo sem hormônios, afirma Rachid.
  • A partir dos 35 anos, mais ou menos, ocorre uma grande queda na produção dos hormônios. Podemos reprogramar nosso cérebro pela modulação hormonal e dizer para ele que o envelhecimento está errado – diz o médico indiano Anoop Chatruvedi.

Entretanto, Meirelles questiona o uso indiscriminado da modulação hormonal:

  • Não há nenhuma pesquisa científica séria publicada que demonstre que o uso de hormônios por “precaução” retarde o envelhecimento. A literatura médica mais moderna inclusive orienta a reduzir o uso de medicamentos.

Para ele a chamada avaliação individualizada dos hormônios é muito difícil de ser realizada:

  • É difícil mensurar a variação dos níveis de hormônio no sangue. Há uma série de fatores fisiológicos envolvidos. Uma pessoa pode ter um salto hormonal em pouco tempo. Isso não significa, porém, que haja um problema de saúde.

Meirelles finaliza explicando que a indústria farmacêutica já produz medicamentos idênticos aos produzidos pelo corpo humano: Inclusive são submetidas a um controle de qualidade bem maior que as farmácias de manipulação.

Referências

MORENO, M. (2011). Combate ao envelhecimento deve começar aos 20 anos, defende médico. Disponível Aqui. Acesso em 11/10/2011.
MORENO, M. (2011). Entenda como os hormônios podem ajudar a combater o envelhecimento. Disponível Aqui. Acesso em 11/10/2011.
O GLOBO (2011). Congressos internacionais discutem a questão da longevidade. Disponível Aqui. Acesso em 11/10/2011.

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