Golpes contra idosos são intensificados. Como não ser enganado?

As pessoas mais velhas costumam ser alvo fácil de golpes criminosas, como estelionatários, troca de cartão, saidinha de banco.


Nesta última semana duas notícias chamam a atenção para golpes aplicados contra os mais velhos, e que foram intensificados nestes tempos de pandemia. Os golpes são antigos, entre eles o estelionato é o mais comum. Os estelionatários normalmente são gentis, supersimpáticos e fingem que querem ajudar alguém ou pedir ajuda. Muitos idosos nem sempre reportam à família e à polícia os golpes sofridos, dando a entender que o número de golpes é muito maior do que é anunciado.

Não sacar dinheiro em caixa eletrônico nos finais de semana, nunca passar dados pessoais por telefone, recusar ajuda de estranhos e não compartilhar dados pessoais é fundamental para evitar ser vítima de fraudes, são recomendações de idosos que já passaram por essa experiência e que, hoje, muito envergonhados por terem caído nesses golpes, preferem ficar no anonimato

Apesar de desde 2015 estar em vigor lei que dobra punição para casos de estelionato contra idosos, neste período de pandemia que vivenciamos o aumento é considerado bem alto, somente em relação a tentativas de golpes financeiros contra idosos a alta foi de 60%, de acordo com a Federação de Bancos. O Estelionato é o crime de “obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento”. Pelo Código Penal, a pena de reclusão varia de um a cinco anos, prazo que agora pode ser duplicado caso o estelionato seja cometido contra idoso.

Como consideramos ambas as matérias muito importantes, as reproduzimos a seguir.

Federação de bancos alerta para aumento de fraudes durante a pandemia, matéria editada por Lílian Beraldo e publicada no dia 23/09 pela Agência Brasil:

Levantamento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) mostrou o crescimento de tentativas de fraudes financeiras contra os brasileiros durante a pandemia de covid-19. Neste período, as instituições registraram aumento de 80% nas tentativas de ataques de phishing – que se inicia por meio de recebimento de emails que carregam vírus ou links e que direcionam o usuário a sites falsos.

O golpe do falso motoboy, em que é oferecido o serviço para recolher o cartão na casa da pessoa, teve aumento de 65% durante o período de isolamento social. Já os golpes do falso funcionário e falsas centrais telefônica cresceram 70%. Além disso, mensagens com ofertas atrativas, clonagem de contas de WhatsApp e avisos para que as pessoas recadastrem urgentemente seus dados junto a uma instituição são algumas das situações usadas para os golpes.

Segundo a Febraban, no período da quarentena houve ainda alta de 60% em tentativas de golpes financeiros contra idosos, o que resultou em uma campanha de alerta com o apoio da Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, vinculada ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, e do Banco Central.

“Queremos contribuir para o desenvolvimento de uma cultura de prevenção a fraudes e do uso seguro dos canais digitais no país”, disse Isaac Sidney, presidente da Febraban. Segundo ele, os bancos investem cerca de R$ 2 bilhões por ano em sistemas de tecnologia da informação (TI) voltados para segurança, que corresponde a cerca de 10% dos gastos totais do setor com TI, com o objetivo de garantir a tranquilidade dos clientes em suas transações financeiras cotidianas.

Alerta

O diretor da Comissão Executiva de Prevenção a Fraudes da Febraban, Adriano Volpini, alerta que os dados pessoais do cliente jamais são solicitados ativamente pelas instituições financeiras e que, caso haja dúvida, o consumidor deve procurar seu banco para ter esclarecimentos.

“Seja pelo telefone, por e-mail, pelas mídias sociais, SMS, o fraudador solicita dados pessoais do cliente, como números de cartões e senhas, em troca de algo, ou ainda induz o usuário a ter medo de alguma situação”, disse Volpini.

Segundo a federação, atualmente 70% das fraudes estão vinculadas à engenharia social, que consiste na manipulação psicológica do usuário para que ele forneça informações confidenciais, como senhas e números de cartões para os fraudadores.

Cidadania e Justiça alerta para tipos de golpes aplicados contra idosos no período de Pandemia, matéria editada porMaria Gabriela, do Governo do Tocantins, e publicada no dia 22/09/2020.

Segundo dados do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos (MMFDH) do Governo Federal, no mês de março de 2020, período de anúncio do distanciamento social devido a pandemia da Covid-19, houve considerável aumento de violências praticadas contra pessoas idosas no Brasil. Golpistas sempre agiram contra idosos e pessoas mais vulneráveis, mas, aproveitam-se deste momento de fragilidade emocional maior para vitimar pessoas idosas.

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De acordo com o membro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), doutor em Demografia pela Universidade Federal de Minas Gerais, professor e pesquisador na área de envelhecimento e pessoas idosas, Rodrigo Arantes, além dos golpes via telefone e redes sociais, os criminosos por muitas vezes induzem as pessoas idosas a abrirem as portas de casa para falsos agentes de saúde que podem roubá-los, fazerem assinar procurações, e até violentá-los.

“Aproveitando-se deste momento de menor contato social das pessoas idosas (por ficarem mais em casa em razão de pertencerem ao grupo de risco), golpistas têm praticado golpes telefonando e exigindo quantias de dinheiro por falso sequestro de um parente, por exemplo. Os idosos são um grupo populacional em que a incidência de depressão já é alta em tempos em que não se é exigido o distanciamento social, imagine nesta época em que menos relações sociais são exigidas pela pandemia, os idosos podem estar mais tristes por não terem alguém com quem conversar, sem poder sair, e isso pode ser um ‘prato cheio’ para os golpistas”, esclareceu o pesquisador.

Miguel Viana Costa, 70 anos, conta que por várias vezes quase foi vítima de golpes aplicados por telefone. “Eles ligam, se identificam como sendo atendentes de empresas com as quais não tenho nenhum vínculo, perguntam o nosso nome completo, a idade e depois começam a pedir informações bancárias. Moro com meus filhos e eles me orientam para não cair nesses golpes, mas penso naqueles outros idosos que não têm ajuda para lidar com isso”, disse.

A gerente da Gerência de Diversidade e Inclusão Social, Nayara Brandão, a qual está ligada a pasta do idoso na Secretaria de Estado da Cidadania e Justiça, disse que esse momento de pandemia ampliou alguns problemas, como essa questão de golpes e violência contra nossos idosos, que estão em isolamento social. “Nossa Gerência está à disposição para auxiliar nas denúncias e apoiar esse grupo que por muitas vezes ficam desassistidos. Devemos cuidar de quem sempre cuidou de nós. Se perceber alguma tentativa de golpe, ligue para o Disque 100 e denuncie”, concluiu.  

Dicas e cuidados para não cair em golpes

  • Nunca forneça dados pessoais pelo telefone: Caso liguem falando de sequestro de membro familiar, exigindo depósitos em dinheiro, desligue imediatamente e logo após, ligue para a pessoa da família para checar a veracidade das informações.
  • Nunca abra porta para desconhecidos que dizem fazer pesquisas sobre Covid-19 ou que ofereçam qualquer ajuda: Na dúvida, consulte alguém da família para discutir se é verdade ou não o que as pessoas estranhas estão dizendo (motivo pelo qual querem adentrar a casa).
  • Não aceite a ajuda de estranhos em Terminais de Autoatendimento bancário: Caso precise de ajuda, peça a um funcionário do banco ou retorne com outra pessoa de sua confiança no banco.

Caso perceba que está sendo vítima em um golpe, chame a polícia e faça Boletim de Ocorrência (BO).

Quando o malfeitor é alguém da família?

Dados do MMFDH mostram que cerca de 75% de violências praticadas contra pessoas idosas, tem por sujeito ativo alguém que faz parte do seio familiar. Desta forma, muitos idosos tendem a acobertar situações de violências sofridas para que aquele parente não seja indiciado. “Não devemos nos calar como redes de vizinhos, amigos ou familiares próximos a idosos e denunciar sempre a violência praticada contra pessoas idosas. Canais de denúncias: Ministério Público, Conselhos de Direitos (municipais e estadual), delegacias especializadas e CRAS/CREAs dos municípios”, explicou Rodrigo Arantes.

O idoso em tempos de Pandemia

Neste período de isolamento é comum que o idoso fique mais vulnerável a sentimentos como tristeza. Para amenizar tais sentimentos, é importante que os familiares estejam mais presentes, seja por vídeo ou ligação telefônica, para confortar, conversar e manter os laços sociais.

O pesquisador Rodrigo Arantes ressaltou ainda que é importante fortalecer a rede de apoio às pessoas idosas neste momento de pandemia e aumentar os cuidados. “Os idosos devem sempre tomar os cuidados amplamente divulgados na mídia ao precisar sair de casa, por exemplo, para ir ao médico ou supermercado, por exemplo: passar álcool gel, evitar aglomerações, usar máscara, distanciamento mínimo. Devem sim se resguardar no período de pandemia, mas podem e devem ser cercados de carinho e atenção”, enfatizou.

A empresária Helena Sponholz Minikovski explicou que os cuidados neste período de pandemia foram redobrados junto a sua mãe, Maria Vilma, de 79 anos. “Toda nossa família está sempre atenta para que ela não seja um alvo fácil de pessoas mal-intencionadas. É triste que estes crimes aconteçam nos dias de hoje, ainda mais contra pessoas que já entregaram tanto a nós e à sociedade. Por isso, é muito importante que todos fiquem atentos e denunciem quando perceber a ação de golpistas, sobretudo em relação aos idosos, que são alvos relativamente fáceis”, ressaltou.

Foto destaque: Pexels


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