Gestão em serviços psicogerontológicos em ILPIs é tema de pesquisa

A psicóloga Eliana Novaes Procopio de Araujo fez de sua experiência prática numa Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) o objeto de uma pesquisa que culminou em sua dissertação de mestrado, defendida em maio deste ano na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), sob orientação da professora doutora Ruth Lopes.

Maria Lígia Mathias Pagenotto

 

Gestao-em-servicos-psicogerontologicos-em-ILPIsEntre 1993 e 2009, Eliana esteve à frente de uma ILPI localizada na metrópole, atuando como psicóloga. Decidiu aprofundar-se numa reflexão sobre a gestão dos serviços psicogerontológicos oferecidos. Em sua prática, a psicóloga percebeu que o aumento da população idosa no Brasil – e em especial em São Paulo – fez emergir uma série de novas demandas em relação a este público. As transformações sociais acarretam sobrecarga à dinâmica familiar, implicando a transferência dos cuidados com os mais velhos a uma rede de apoio especializada – no caso, as ILPIs.

O trabalho de Eliana busca discutir a sistematização de serviços psicogerontológicos desenvolvidos na instituição em que trabalhou. “Em minha pesquisa, pretendo demonstrar que o cuidado singular a cada idoso e respectiva família promove respeito ao processo de subjetivação na velhice. Além disso, a construção dentro do coletivo institucional possibilita delicadas transferências, ou seja, aconchego, respeito e preservação da autonomia e da independência se traduzem em dignidade e sensação de pertencimento”, explica.

Aqui, um pouco do trabalho desenvolvido pela pesquisadora (na foto, junto aos membros de sua banca), denominado “Gestão em serviços psicogerontológicos em uma Instituição de Longa Permanência: a sistematização de uma ação profissional ocorrida de 1993 a 2009”.

Gestao-em-servicos-psicogerontologicos-em-ILPIsPor que decidiu fazer mestrado em gerontologia?

Decidi pelo mestrado por conta do meu histórico profissional: trabalho desde 1993 com gerontologia. Senti vontade de compartilhar minha experiência no cuidado e tratamento aos idosos nesses muitos anos de prática em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) e no consultório, como psicóloga.

Como se decidiu pelo seu tema de pesquisa?

O tema foi decidido muito em função do meu trabalho. Tenho experiência profissional de 16 anos em uma ILPI com gestão de serviços psicogerontológicos. Quis me aprofundar num assunto que é novo e significativo para uma sociedade como a nossa, que está envelhecendo.

Que desdobramentos esta pesquisa teve na prática?

Acredito que o tema ainda pode ser bastante aprofundado, sob outras perspectivas. O assunto que eu pesquisei teve como base a minha prática profissional em uma ILPI e pode ser complementado com outros estudos, direcionados ao tratamento específico aos idosos fragilizados, familiares e cuidadores. Minha pesquisa deve contribuir efetivamente para a melhoria da qualidade de vida do idoso, bem-estar da família e satisfação dos funcionários das instituições. A prática adquirida durante 16 anos no trabalho institucional mostrou a importância de embasamento teórico na qualidade dos tratamentos e intervenções psicogerontológicas.

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Acha que a sociedade está preparada para implementar, na prática, o que você discute na pesquisa?

Acredito que meu trabalho, que sistematiza a experiência numa abordagem teórico-prática de oficinas, tratamentos, orientações aos idosos, familiares e capacitação de funcionários, pode contribuir bastante para a humanização das ILPIs. Essas instituições ainda têm uma conotação negativa na sociedade brasileira.

O que o mestrado e a pesquisa acrescentaram em sua vida pessoal e profissional?

Escrever a minha disserrtação foi um desafio e uma conquista pessoal muito importantes. Sinto que aprofundei muito nos conhecimentos científicos e na aprendizagem da escrita acadêmica, uma atividade bastante diferente da realidade prática que vivenciei em meu trabalho.

Quais os principais desafios que enfrentou durante o desenvolvimento da pesquisa?

O principal desafio para o desenvolvimento do mestrado foi pesquisar bibliografias diversas, mestrados e doutorados já feitos na área, pela internet, por sites específicos. Esse é um hábito que eu desconhecia até então, mas me encantou muito. Tive a oportunidade de relembrar o inglês, o francês e o espanhol.

Quais são seus próximos passos na vida acadêmica a partir deste mestrado? E na vida profissional?

Gostaria muito de fazer o doutorado voltado ao tratamento de idosos com doença de Alzheimer e com outras demências. Na vida profissional, pretendo ministrar aulas em uma universidade – isso é algo que me deixaria muito honrada. E, se possível, atender em uma ILPI, ou em outro tipo de instituição, grupos de idosos com demência. Também tenho o desejo de desenvolver novos estudos e pesquisas na área.

Sua pesquisa traz uma discussão importante. De que forma acha que ela contribui para a cultura da longevidade?

Acredito que minha dissertação de mestrado contribuirá de forma bem prática para a cultura da longevidade. Cada vez mais o número de cuidadores familiares se reduz, por causa das mudanças próprias das sociedades e das famílias. Ao mesmo tempo, aumenta o número de longevos. Com isso, haverá também o crescimento de serviços especializados em ILPI. As intervenções psicogerontológicas, por sua vez, visam dar novo sentido à vida. Melhoram os relacionamentos intergeracionais e fortalecem o trabalho da equipe interdisciplinar.

O que diria para quem está começando a estudar na área?

Eu diria que o estudo da gerontologia é fascinante, pois com o aumento da longevidade priorizam-se pesquisas e tratamentos para envelhecimento ativo. A prática profissional exige dedicação para se alcançar um fazer gerontológico com respeito e dignidade aos nossos velhos. É uma área que tende a crescer e ser indispensável na sociedade. Temos de estar preparados para enfrentar este novo desafio do século XXI.

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