Entrevista: Pedro Alberto Nacer Zilli

Pedro Alberto Nacer Zilli nasceu em 1942, Uruguai. É filho de pais descendentes de imigrantes Italianos e libaneses. Tem 4 filhos, dois do primeiro casamento com uma uruguaia e dois do segundo casamento, com uma brasileira, com a qual vive em Caldas (MG).

 

 

entrevistaTem quatro netos, o mais velho com 17 anos, um adolescente com 13 e um casal de gêmeos australianos de cinco anos da filha caçula.

Emigrou para o Brasil em 1964, onde trabalhou em São Paulo em agências de publicidade como diretor de arte durante décadas. Em 2012 foi diagnosticado com a doença de Parkinson e ainda está tomando consciência das consequências da doença: do lento e constante enrijecimento generalizado dos músculos, das dores nas pernas, alteração na fala, salivação excessiva… Aposentou-se e passou a dedicar seu tempo ao hobby de fotografia. Em janeiro de 2013 mudou para Caldas, em Minas Gerais. Encontrou a fotografia como ocupação e pede a Deus que, no futuro, a doença não o judie demais.

entrevistaFalemos um pouco do seu percurso na fotografia…

Gosto de fotografar detalhes de objetos comuns que, no cotidiano, passam despercebidos, como uma rodela de cebola, uma cadeira, uma fruta e o tronco de uma árvore. São fotos e objetos simples que surpreendem pela plástica e pelo design, alguns beirando o abstrato, outros parecendo pinturas.

Como ela surgiu em sua vida?

A fotografia surgiu sem nenhuma expectativa no início de um outono. Uma folha que caiu na rua me chamou a atenção pelas cores contrastantes. Levei a folha comigo e durante vários dias a fotografei de diversos ângulos. Enquanto a folha morria, nascia em mim a curiosidade e a vontade de fotografar coisas e objetos que passam despercebidos na rotina do dia a dia.

Fotografando plantas, flores e objetos fui acumulando fotos que me davam prazer em vê-las. Eu mostrava para a minha esposa, que ficava encantada, mas era “suspeita”. Um dia passei a mostrá-las para familiares e amigos, também “suspeitos”, que rasgavam elogios. Mas, na minha avaliação, as fotos eram lugar-comum, não tinham nada demais. Continuei fotografando e acumulei um acervo com mais de 50 fotos.

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entrevistaO que mais o fascina?

Enxergar ângulos que somente a objetiva proporciona, trazendo detalhes de imagens que passam a ser únicas. Sou entusiasta da luz natural e a considero a mais perfeita fonte de iluminação.

O que influenciou esse seu olhar fotográfico?

Tive a oportunidade de ver muito de perto, como diretor de arte de publicidade, o trabalho de fotógrafos de propaganda. Na época, eram verdadeiros artistas que dominavam, com muita sensibilidade, princípios fundamentais como enquadramento, composição, layout e iluminação. Trabalhando em agências de propaganda, tinha acesso a livros importados de fotografias e a fotógrafos de várias partes do mundo com os mais diferentes estilos, temas e técnicas.

Como define as suas fotos?

No momento digo que revelo o que tão perto nos rodeia, mas poucos notam.

entrevistaFale um pouco da exposição

Chegando a Caldas conheci o casal Tomiko e Hans, responsáveis pelo Barracão das Artes e Criatividade, um local próprio para exposições. Criei coragem e mostrei meu portfólio com parte da coleção. Eles foram muitos receptivos e me incentivaram a procurar dois locais de exposição em Poços de Caldas. Os responsáveis pelos locais se interessaram e ficaram de verificar data.

Continuei sem maiores expectativas, até que a URCA, um dos locais, confirmou aquela que seria a primeira exposição, que aconteceu entre 29 de agosto e 17 de setembro de 2013. Simultaneamente, o Instituto Moreira Salles também aprovou a exposição, que começou em 5 de outubro e segue até 7 de dezembro de 2013 no Chalé da Casa da Cultura (Poços de Caldas/MG), tendo sido previamente aprovado pelo IMS de São Paulo. Minha maior surpresa foi o fato de que nas duas exposições as pessoas realmente gostaram das fotos, ouvi muitos elogios vindos de fora do espectro “parentes e amigos”.

E qual é seu projeto de vida?

Não tenho nenhuma expectativa em relação à fotografia como meio de vida. Pretendo continuar do jeito que aconteceu até agora, fotografando e mostrando as fotos que eu gosto como um meio de me expressar “artisticamente”. Aonde pode chegar não tenho a menor ideia, assim como não tinha que chegaria aqui. Depois das duas exposições, criei coragem de sonhar um sonho pouco possível, de um dia conseguir patrocínio para expor as fotos em Montevidéu, Uruguai, minha cidade natal.

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