Dr. Carlos Augusto, 90 anos: juiz classista, campeão paulista de Bridge

“Hoje não jogo mais, a vista atrapalha”

Dr. Carlos Ribeiro de Mendonça, nasceu em São Paulo, no dia 20 de abril de 1915. Eu o conheci através da sua filha mais nova. Ela me falou de seu pai com muita admiração e me deu o telefone dele. Conversamos pelo telefone e ele não sabia da entrevista. A filha não havia comentado nada com ele, mesmo assim ele me atendeu muito bem e prontificou-se a me receber. Marcamos e ele apareceu muito disposto, sorridente e logo começamos a conversar.

Marisa Feriancic

 

Foi uma conversa bastante tranqüila. Em alguns momentos precisei fazer algumas provocações para que a conversa tivesse continuidade. Muito ético e bem humorado, brincava sobre alguns assuntos para não abordar questões mais íntimas. Respeitando alguns hiatos na sua fala, passamos a tarde conversando sobre sua história e seu jeito de envelhecer.

A Família

Meus pais, Augusto Ribeiro de Mendonça e Dona Julieta Xavier de Mendonça nasceram no Rio de Janeiro, mas sempre residiram em São Paulo. Éramos em 5 irmãos, eles já faleceram, só fiquei eu. Meu pai era advogado e minha mãe dona de casa. Naquela época as mulheres só cuidavam da casa e dos filhos. Minha esposa se chamava Angelina Tafuro, mas era conhecida por Nika.

– Olha aqui à aliança dela.

Ele tira a aliança do dedo e pede para eu ler. Estava gravada a data do seu casamento: 16 de fevereiro de 1939 – Nika

Dr. Carlos e Nika

Eu tive muita sorte. Conhecer a Nika foi uma benção de Deus. Nos conhecemos quando morávamos nas Perdizes. Eu ia sempre na casa dos meus primos, que moravam perto da casa dela. Um deles casou-se com a irmã da minha mulher. Não namoramos muito tempo, mais ou menos um ano e meio. Quando casamos fomos morar na casa da minha sogra. Eu estava me formando naquele ano, mas já advogava. Quando casamos, eu tinha 25 anos e ela 23. Faz dois anos que ela faleceu. Ela teve mal de Alzheimer. Ficou muito tempo doente. Essa doença é muito triste, principalmente para a família. Nos últimos anos ela esteve internada numa clinica de saúde. Foi lá que ela faleceu.

Às vezes, ela me reconhecia, outras não. Ela gostava muito de receber visitas. Qualquer pessoa que falasse com ela, mesmo que fosse desconhecida, ela achava ótimo. Aconteceu uma coisa interessante: Uma cartomante na África, que nem falava inglês, tinha uma intérprete, disse à minha filha que minha mulher iria morrer de uma doença incurável, mas que morreria tranqüila. E ela acertou. Não sei como as pessoas acertam essas coisas. Minha vida com a Nika foi uma maravilha. Pelo menos a minha, a dela não sei. Ela reclamava que eu chegava tarde em casa. Eu trabalhava até as 17 horas e depois ia jogar bridge em frente a Light, na Praça Ramos.

Campeão paulista de Bridge

O Bridge é um jogo de cartas famoso, jogado em duplas, muito praticado por damas e cavalheiros do império britânico. Usa-se o raciocínio e o jogo é feito em duplas.

Quando eu trabalhava na Light, todos os dias eu ia jogar no Bridge Clube, que ficava em frente a Light. Eu jogava muito bem. Joguei bastante tempo. Fui campeão paulista de Bridge nesse clube. Disputei o Campeonato na Argentina, mas perdemos. Tinha muita gente que jogava. Eu ganhei essa viagem para a Argentina e a Nika foi junto. Aí ela gostou do jogo de bridge. Ela não era de briga, mas ficava chateada que eu ficava jogando. Não jogava até tarde, ficava até umas 19 horas. Tinha que saber jogar. Não é jogo de azar. Hoje não jogo mais porque não enxergo direito. Não dá para jogar nem buraco.

A Universidade e as lembranças da revolução

Faculdade de Direito do Largo São Francisco

Estudou na Faculdade de Direito, criada em 11 de agosto de 1827, pelo imperador Dom Pedro I, que passou a integrar a Universidade de São Paulo, em 1934, pelo decreto do presidente Getúlio Vargas.

Estudei em São Paulo, na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Lá existia um cadáver enterrado na parede. Eu não sei de onde veio essa história. Era uma história interessante, eu sabia, mas não me lembro mais. Isso é do tempo passado; de 1937.

Na revolução de 1932, eu ainda era jovem, não estava na faculdade ainda, mas eu lembro de um primo meu, do Rio de Janeiro, Ivo Borges, que era aviador da Aeronáutica. O Brigadeiro Eduardo Gomes era companheiro do Ivo. Eram inimigos nessa ocasião depois se tornaram companheiros novamente. Ivo Borges era o comandante geral da Aviação Constitucionalista, os chamados “GAVIÕES DE PENACHO”. Durante a Revolução Constitucionalista de 1932, ele e outros companheiros, combateram ao lado de São Paulo, fazendo parte do “1º Grupo da Aviação Constitucionalista”, sediado no Campo de Marte. O Major Ivo Borges e outros companheiros foram reformados pelo Governo e exilaram-se em Portugal e na Argentina. Em 1934, foram anistiados e reintegrados ao Exército. Atualmente ele está no mausoléu de São Paulo junto com outros combatentes.

Meu pai era advogado da Light. Mais tarde eu também fui trabalhar na Ligth. Foi meu primeiro emprego, fiquei lá durante 30 anos. Quando saí da Light fui trabalhar como advogado na Empresa Elétrica Bragantina, de Bragança Paulista. Consegui fazer coisas importantes nessa organização. Saí de lá por conta do meu problema na vista. Senão estaria lá até hoje. Em 1970 me aposentei como juiz.

Empresa de origem canadense (antecessora da atual Eletropaulo Metropolitana),
o prédio da Light, na esquina da Rua Xavier de Toledo com o Viaduto do Chá, foi concluída em 1929.

– O que aconteceu com sua vista?

Não sei.

– Tem alguma relação com diabetes?

Eu acho que não tem nada a ver com a diabetes. Fiz uma outra cirurgia, mas é outro caso, completamente diferente que não tem nada com a vista.

A importância da acompanhante social

Enxergo pouco, não adianta usar óculos. Só enxergo pelas laterais. Eu não sei explicar o que aconteceu com minha vista. Faz muito tempo. O pouco que eu enxergo, não dá pra ler. Vejo as pessoas embaçadas. Percebo mais o vulto. Outro dia eu escorreguei e caí na sala, mas não me machuquei. Minha acompanhante ouviu e logo veio me ajudar. É ruim fiar com a vista assim, sinto muita falta de poder ler. Às vezes eu tento ler devagar, duas letras por vez, mas não dá. É conversa dizer que dá para ler, não dá mesmo. Do resto eu estou bem.

A minha acompanhante lê para mim todas as noites, das 21 às 22 horas. Lê um pouco por dia. Já leu vários livros. Eu gosto de literatura que conta histórias de personagens públicas. Agora estou com vontade de ler sobre Getúlio Vargas. Um livro que ela leu para mim que eu gostei muito foi a História de D. João, neto da Princesa Isabel. Esse livro é muito interessante.

Sabe, eu acho que vivo até 100 anos. Tenho uma prima que vai fazer 100 anos. Ela está bem. Este ano ela teve pneumonia, mas já se curou. Apesar da diabetes, eu sempre tive saúde boa. É diabetes de velho. Faço o controle três vezes por semana.

Estou bem assessorado. Tenho duas ajudantes: uma ajudante que mora aqui e cuida da casa e da comida. Minha ajudante sabe tudo. Sabe mais do que eu. Ela está comigo há 20 anos. Foi Dona Nika que contratou. Minha acompanhante faz menos tempo. Ela é minha motorista e acompanhante. Duas vezes por mês ela vai para a casa dela. Nesses dias a outra fica aqui. A melhor coisa que eu fiz foi trocar o motorista pela acompanhante. Ela me ajuda em tudo que preciso.

Eu não fico sozinho nunca. Minhas filhas não deixam. Por mim não ligo. Na verdade, eu não ficaria sozinho não. Tenho medo que me aconteça alguma coisa. Já tenho bastante idade.

– O senhor faz exercícios físicos?

Não faço muito não. Eu ando um pouco, todos os dias no Clube. Antigamente eu freqüentava o Clube Paulistano. Saí do Paulistano e fui para o Pinheiros. Vou ao clube todos os dias. Lá encontro meus amigos e a gente fica conversando. Geralmente vou para lá às 10 horas e fico até meio dia. Faz algum tempo que somos amigos. Agora somos em seis. Um deles faleceu.

– São todos viúvos?

Alguns são viúvos, outros não.

– Do que vocês conversam?

É só conversa “mole”. Conversa sem conseqüência. Uns falam mais do que outros. Alguns falam, outros escutam. Eu mais escuto do que falo. Mas eu não ouço muito bem.

– Esse nome Nika, de onde surgiu?

Foi uma irmã dela que deu esse nome de brincadeira. Minha esposa trocou a letra C pela letra K e ficou NIKA. Quando casamos fomos morar na minha sogra, na Hadock Lobo. Ficamos lá muito tempo. Depois construí uma casa no Ibirapuera, na rua Cotovia. E fomos morar lá. Fiquei lá durante muito tempo, até mudar para cá. Estou aqui há uns 15 anos.

As aventuras das viagens

Gostava muito de viajar. Eu viajei muito. Conheço vários países. Gosto muito de futebol. Fui em várias finais de copa do mundo. A última foi para França. Não sei porquê, mas hoje não tenho mais vontade de viajar.Teve uma época muito boa que viajávamos muito. Eu a Nika e os filhos. Uma vez fomos viajar de carro do Rio Grande do Sul até Manaus de perua Kombi. Dormíamos dentro da perua. Tínhamos um fogareiro para fazer café, comida, tábuas para colocar no banco e dormir, e uma barraca para dormir. Todos os anos nós viajávamos durante 30 dias.

A melhor viagem que eu fiz foi de Belém para Manaus. Foi de barco. Para embarcar já tinha uma solenidade. Tocava uma música, a gente entrava no barco. Ele vai de Belém para Manaus por conta da maré. Interessante observar os moradores locais. Alguns nadavam pedindo dinheiro. As pessoas jogavam dinheiro na água e eles pegavam.

Eu gosto muito de São Paulo, mesmo com todo esse movimento. Já pensei em sair daqui e morar no Guarujá, mas na época minha mulher não quis. Ela queria ficar perto dos filhos. Eu já estava aposentado e o apartamento é muito bom, quase de frente para o mar.

Hoje não posso mais, mas gostaria de morar lá. Agora é mais difícil. Precisaria ir para lá morando com alguém. Sozinho não dá. Mas eu gostaria sim de mudar para o Guarujá. Sempre vou no final de ano passar o reveillon lá. O apartamento é da minha filha. Eu já dividi minhas propriedades entre os filhos.Os rapazes deixaram a parte deles para as irmãs. Meus filhos são empresários na área de engenharia e são muito bem sucedidos. Achei bonita a atitude deles.

– Quer falar mais alguma coisa sobre a Nika, a sua esposa querida?

Nika? Não, não posso falar… ela não gosta que eu fale dela. Ela era modesta.

– Tem mais alguma coisa que o senhor gostaria de falar?

Eu? Eu ganhei tudo de Deus, não faço nada, tenho uma vida muito boa. Não passeio muito, só vou ao clube. Eu gosto de ir a outros lugares, mas não vou mais. Eu sou tímido…

– Disse sorrindo em tom de brincadeira:

Sou tímido, cego e surdo.

– O senhor não me parece tímido. Não é cego e nem surdo, não tivemos nenhum problema de comunicação.

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É porque você está perto e falou alto.

– O senhor sai para fazer visitas?

Não, não faço. Não tenho visitas para fazer.

– E os filhos?

Os filhos eu não preciso visitar. Eles vêm aqui às quintas-feiras. Antes era toda semana. Agora a cada quinze dias eles vêm jantar comigo. Já faz tempo que temos esse hábito. Vêm os filhos, as filhas, as noras e os netos. Outro dia fiz uma janta para 25 pessoas. Eu me sinto muito querido pelos filhos. É muito bom o nosso relacionamento.

– O senhor deve ter sido um bom pai…

Por causa da mãe… a mãe é que foi boa. Eu acompanhei a mãe. Meus filhos são muito bons. Eu achei bonito eles desistirem da parte da herança deles por causa das irmãs. Eu te falei que sou bisavó? Tenho 11 netos e seis bisnetos. Hoje nasceu o meu sexto bisneto, chama-se Mhateus e o sétimo já está para nascer, vai se chamar João. Já devia ter nascido, já está atrasado.

(O sétimo bisneto João nasceu no dia seguinte da entrevista)

– Como está a sua saúde?

Estou bem. Eu me cuido direito. Tem uma pessoa que me faz massagem uma vez por semana. É uma massagem relaxante. Meu filho que paga para mim. Logo que você chegou ela tinha acabado de sair e eu estava no banho. Para tirar o óleo do corpo.

– O senhor dorme bem à noite?

Sempre dormi muito bem. O sono é uma coisa preciosa. Essa noite eu dormi 11 horas. Em geral vou dormir às 22 horas, mas acordo 4 ou 5 vezes, por noite. Geralmente a cada duas horas. Na quinta vez que eu acordo eu levanto e não durmo mais. Já sei tudo de cor na minha noite.

– O senhor se sente bem de saúde?

Não estou bem de saúde porque eu tomo 3 remédios. Tomo injeção de insulina de manhã e à noite, mas eu me sinto bem. Minha vista restringe muito minhas atividades. Sinto falta de ler. Não dá para ler. Vejo uns desenhos não vejo a letra.

– O senhor gosta de música?

Posso dizer que sim…eu ouço música mais na televisão. Eu ouço um pouco o rádio de manhã cedo, ouço notícias e cobertura do trânsito. Aquele programa onde tem o helicóptero do Geraldo Nunes. Assim eu passo o tempo.

– O senhor se alimenta bem? Faz alguma restrição alimentar?

Eu me alimento bem. Como pouco, mas como bem. Evito doces e frituras. Gosto de cerveja.Tomo uma cerveja, um vinho ou champanhe em ocasiões especiais. Eu gosto mais de cerveja.

Ele completa em tom de brincadeira: “Se a diabete está um pouco baixa preciso tomar um pouco de cerveja”.

Eu gosto muito de feijão. Como feijão todos os dias. Gosto do feijão misturado com macarrão e purê de batatas. Dá uma boa combinação, é muito gostoso. Massas eu posso comer à vontade e também uso adoçante. Só isso. Hoje tem tudo para o diabético, tem tudo de bom, não tem muitas restrições alimentares.

– O senhor fumava?

Fumei muito. Comecei a fumar jovem, tinha uns 15 anos. Eu parei porque quis. Eu estava me sentindo mal com o cigarro Precisa ter uma força de vontade muito grande. Eu fiz o seguinte: comprei um maço de cigarros, pus no bolso e disse: vou parar de fumar, mas o cigarro está aqui guardado no bolso, se eu quiser eu pego. E assim eu fiz. Parei definitivamente. Nunca mais fumei. Isso foi aos 50 anos mais ou menos.

– O senhor praticava esportes?

Não, nunca pratiquei esporte.

– E ao que o senhor atribui sua saúde boa?

Por eu ter casado com minha mulher.

– É isso que faz bem para a vida?

Faz muito bem. Eu vivi muito bem com ela. Ela eu não sei. Ela reclamava de mim, reclamava do horário que eu chegava em casa.

– O senhor gosta de dançar?

Dançar não, só tec-tec, dois para cá, dois para lá. Eu e a Nika dançávamos um pouquinho em festinhas de casamento. Olha que interessante: você me fez lembrar uma coisa. Meus pais se reuniam com uns amigos, eles se denominaram clube dos doze. Eram doze casais. Uma vez por mês era um que dava uma festinha em sua casa. Cada um dava uma festinha em casa. Eu achava interessante isso. Quando era na minha casa eu estava presente. Acho isso uma boa idéia. Todo o mês tinha uma reunião. É uma coisa interessante, os casais não fazem mais isso.

– Me parece que o senhor está envelhecendo bem e o senhor me disse que deve isso à sua mulher. Fale-me um pouco mais sobre isso.

Minha mulher era um tesouro, eu ganhei na Loteria quando me casei com ela. Era um espetáculo de mulher.

– Como o senhor vê a velhice? Como o senhor enxerga a velhice sua, a dos outros…

A minha velhice vai muito bem. Os problemas que eu tenho são pequenos. É tomar insulina e outras bobagens. Estou bem assessorado. Minhas filhas exigiram que eu tivesse uma acompanhante. Foi a melhor troca que eu fiz na vida. Troquei o motorista pela acompanhante.

– Parece-me que o senhor não sente solidão, isso é verdade?

Eu não sinto. Eu me dou bem com a velhice. Nunca estou sozinho.

– Como o senhor vê as outras velhices.

Eu acho que as pessoas não sabem viver. É cabeça de teimosia. Às vezes as pessoas não podem andar, precisam usar muleta e não usam. Correm risco à toa. Dirigem quando não tem mais condições, fazem loucuras. Tem gente que para de fumar depois volta outra vez. Não aceitam ajuda, não querem companhia, e tem uma outra coisa: excesso de religião também é ruim. Eu sou católico não praticante. No tempo da minha mulher eu rezava, ia à missa. Hoje não vou e não sinto falta. Só vou se for missa de sétimo dia em respeito às pessoas.

– O senhor recebe visitas?

É raro. Nesses jantares aqui em casa, eu sempre convido alguém para jantar aqui.

– Quer deixar alguma mensagem?

Não, nada de mensagem. Eu já falei que eu sou tímido.

– O senhor gostou de conversar?

Foi bom falar sim. Passou o tempo

– O senhor gosta de conversar?

Gosto de conversar. Conversa mole sim, conversa séria não.

– Por que conversa séria não pode?

É difícil né?Tem mais uma coisa que eu vou te contar: tenho uma filosofia de vida que aprendi com meu avô. “Eu teimo, mas não aposto”. Se você aposta e ganha, o outro fica chateado. Se você perde quem fica chateado é você. Então eu não aposto nada. Não aposto nem um cafezinho.

O que ficou nos “bastidores”

Encerramos nossa entrevista e ficamos vendo um álbum de fotos antigas que pertencia a seus pais. Generosamente, ele deixou eu retirar sua foto de casamento desse álbum para ilustrar a entrevista.

Combinamos que assim que a entrevista estivesse digitada ele poderia optar em fazer a leitura com algum filho, ou eu faria a leitura para ele. Ele gostou da idéia e combinamos que eu faria a leitura.

Marcamos o dia para ler a entrevista e quando cheguei, ele me mostrou muito animado uma outra foto sua para colocar no site. Sentamos na sala de visitas, e eu fiz a leitura para ele. Ele acenava com a cabeça dizendo que estava certo. Que era isso mesmo que ele tinha dito. Pediu que eu lhe explicasse novamente o objetivo da entrevista, eu expliquei e depois ficamos conversando por mais de duas horas. A conversa estava muito solta e agradável por isso eu me abstive de ligar o gravador novamente. Agora não era mais a pesquisadora que estava ali, já me sentia como uma velha amiga. Ele me falou mais sobre as viagens e explicou um pouco sobre o jogo de bridge.

Disse-me que não usa computador e nem se interessa por ele, que o aparecimento do telefone já foi um grande avanço em sua vida. Ficamos recordando a “velha tecnologia” e ele me contou que logo que surgiu o telefone, a telefonista atendia uma ligação e às vezes dizia: Não adianta ligar esse número que não tem ninguém em casa.

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