Dona Mariana, 91 anos

Eu tinha 8 anos, lembro-me da casa de meus pais no bairro do Brás e da Revolução Paulista de 1924. Os exércitos do governo ficavam no bairro da Penha, e os legalistas ficavam na Praça da Sé. Á noite, eles atiravam balas, ninguém podia sair de casa. As balas entravam na porta da minha casa. Quando meu pai soube que ia estourar a revolução, ele abasteceu a casa com sacas de feijão, carne seca, farinha, balaio de queijo e balaio de bacalhau. As pessoas ficaram assustadas e começaram a sair da cidade em direção à Campinas.

Marisa Feriancic

 

Dona Mariana começa sua história pelas lembranças da infância e da revolução de 1924.

Minha mãe ficou muito nervosa, ela não queria sair, mas quando via as balas entrando pela porta, resolveu ir embora também. Fomos a pé, do Brás até a Estação da Luz tomar o trem para Campinas. Chegando em Campinas, ficamos alojados num grupo escolar. Tínhamos alimentação e passeávamos pela cidade. Tinha um sorvete de nata que era uma beleza. Ficamos lá quase dois meses. Quando acabou a revolução, não havia trem para voltar. Viemos de Campinas até o Bairro da Luz num carro de boi, sentados sobre as trouxas de roupas. Chegando em São Paulo, meu irmão teve sarampo. Não tinha uma farmácia aberta, nem um remédio para dar a ele. Minha mãe conseguiu umas folhas de sabugueiro, para fazer um chá. Foi assim que ela conseguiu diminuir a febre, foi o que ajudou ele. Hoje não se usa mais, dizem que é perigoso.

Aos poucos meu pai começou a voltar ao trabalho; o comércio foi abrindo e o trânsito foi normalizando. Nós tínhamos nossa casa e alimentação, não faltava comida, a casa tinha ficado abastecida.

Eu era muito criança, meu pai e minha mãe conduziram tudo muito bem, nós sentíamos segurança e tudo era farra.

Estudei no Instituto Padre Anchieta, no bairro do Brás. Naquela época as crianças entravam no primário com 7 anos, não tinha pré-escola. Fiz o ginasial e o curso normal.
Mariana, 1938

Logo que me formei eu me casei, não trabalhava, só estudava. Meus irmãos trabalhavam. Éramos em 5 irmãos. Três mulheres e dois homens. Hoje somos duas. Minha irmã é mais nova, a Alzira, está com 86 anos, mas tem uma saúde frágil. Ela nasceu de 7 meses de gravidez. Naquele tempo, era difícil sobreviver quando nascia prematuro, os bebês nasciam em casa. A parteira pediu que batizasse logo minha irmã porque achava que ela não iria sobreviver. Meu pai foi muito bom e muito habilidoso. Ele construiu uma “incubadora de algodão” para que ela ficasse aquecida. Não tinha incubadora naquela época. Na verdade ele fez uma almofada protetora, preenchida com algodão, que elvonvia todo o corpinho dela. Ela ficou nessa “almofada”, aquecida, protegida, onde ela pode se desenvolver.

O casamento

Casei-me com o Aníbal no dia 19 de abril de 1939. Eu tinha 21 anos e ele 33. Já nos conhecíamos; o irmão dele era meu tio, casado com a irmã da minha mãe. Tive 3 filhos: 2 mulheres, e um homem. Tenho 8 netos e 5 bisnetos. Meus netos e bisnetos são lindos.
Mariana e Aníbal – 1939

Eu me formei professora, no curso normal, em 1938, mas nunca lecionei. Quando me casei com o Aníbal, fizemos um acordo de que eu não trabalharia fora, ele não queria.Quando casamos, ele me disse: pode ficar sossegada que eu tomo a responsabilidade de tudo, você cuida da casa e da educação das crianças. E assim foi.

Tivemos uma vida tranqüila e muito sossegada, porque ele cumpriu o que prometeu e eu também.

Aníbal tinha uma lanchonete, mas ele gostava mais de servir, trabalhar como garçom. Era um local pequeno, e eu ajudei pouco, cuidava mais dos filhos e da casa, esse foi nosso trato.
Mariana e Aníbal, Bodas de Prata – 1964

Fiquei viúva em com 69 anos. Quando meu marido faleceu, nós tínhamos 48 anos de casado. Foi uma vida muito sólida, muito calma. Saíamos sempre juntos.

Ele me fez muita falta. Nunca mais quis me casar porque eu fui muito feliz no meu casamento. Tive um marido maravilhoso. Tivemos uma vida muito simples, mas uma ótima convivência, ele foi um excelente pai e um ótimo marido. Conseguimos criar os 3 filhos saudáveis e educados. Depois de 4 anos que estava viúva fui morar com a minha filha e aqui estou até hoje.

Autonomia e independência

Eu ainda ando sozinha, vou ao banheiro sozinha, sento-me à mesa, eu mesma me sirvo da comida; isto é muito importante para mim. Ainda uso normalmente e direitinho os talheres. Minha filha me ajuda no banho; o resto, eu procuro ir levando com calma e paciência até quando Deus quiser.

É importante fazer o que dá para fazer ainda.

Eu consigo me arrumar para deitar, me arrumo direitinho. As deficiências estão aí, cada ano que passa vai aumentando um pouquinho, mas a gente vai levando com paciência e coragem, porque precisa ter coragem e principalmente vontade de viver.

Ajudando-me, eu faço bem à mim e a minha família. Cada um tem sua vida e todos trabalham muito.

A vida hoje não é pacata como antigamente. A gente era mais acomodada. Hoje as pessoas têm mais atividades, antigamente era só o lar e a família. Temos que entender essas mudanças, assim vive-se com mais calma e evita-se problemas de saúde.

A saúde funcional

Em relação a minha idade, acho que a minha saúde não está ruim. Tenho alguns problemas sim, é impossível não ter nada na minha idade, mas eu ainda consigo fazer as coisas. Tem momentos que não me sinto bem, às vezes tenho um pouco de tremor, um pouco de tontura, mal estar, mas depois passa. Faço esforço para usar o andador. Tem momentos que me dói um pouco o braço, o ombro, mas tomo minhas medicações e tudo bem. Faz pouco tempo que eu uso o andador. Antes eu usava a bengala, mas a bengala você apóia mais de um lado só, sacrifica mais um lado e esse lado desgasta mais. Com o andador a gente tem apoio de ambos os lados, dá muito mais segurança. Eu não arrasto o pé. Eu ainda ergo os pés para caminhar e me firmo bem.

Tomo cuidado com minha saúde. Observo o regime direitinho. Não falho a medicação. Tenho uma caixinha onde separo todos os remédios da semana. Os remédios da manhã, da tarde e da noite. Tomo sozinha e não esqueço nenhum. Conheço todas as medicações que tomo. Se o médico altera a medicação eu pego a bula, leio, me informo, pergunto tudo que preciso ao médico.

Nessa idade é normal tomar muito remédio. Temos problemas de pressão, diabetes, temos necessidade de médico, de pessoas que orientem a gente. Eu faço tratamento com geriatra, no Hospital São Paulo. Tenho conseguido controlar bem minha saúde. Não é que eu não tenho nada, já tive problemas sérios de saúde, mas minha pressão está controlada, minha diabete também, e eu estou bem.

Lazer

Gosto muito de ler revistas, jornais, livros, principalmente romances que arejam a cabeça. Eu não abandono o meu crochê. Ele me distrai e passo umas horas sossegadas, também ajuda a movimentar as mãos. Tenho artrose, se ficar muito tempo sem movimentar as mãos, dói os dedos, ficam adormecidos, endurecidos. Às vezes, à noite me dói um pouco a mão, mas minha filha nunca deixa me faltar um óleo de arnica que alivia bastante.

O que eu fazia antigamente como mãe e dona de casa, essa parte já está descartada, há tempos. Uns 5 anos.
Dona Mariana me mostra seus trabalhos em crochê.

Fiz colchas de crochê para as filhas e para as netas quando elas casaram. Hoje eu bordo panos de pratos, faço os barrados em crochê.

Antes eu ajudava minha filha na cozinha, na casa. Eu ainda tentava fazer, mas ela acha que, hoje, eu tenho risco de me machucar ou esquecer um gás ligado, e é perigoso. Eles saem todos para trabalhar e a empregada vai embora cedo. Uma parte do dia eu fico sozinha, mas eu sei me virar.

Assisto à televisão. Filmes, novelas, são coisas que eu não me interesso muito. Não gosto de programas de violências. Gosto do noticiário, um programa de entrevista agradável com assunto que possa me ensinar alguma coisa. Tenho catarata, mas está estabilizada. Se assisto muita televisão, principalmente colorida, me dá um pouco de mal estar ou dor de cabeça. O crochê não dá. Acho que eu faço com tanto prazer que não me atrapalha a vista.

As leituras também cansam a vista. Não posso ler muito. Também gosto de música, principalmente músicas antigas, aquelas que tinham letras com sentido, com poesia

A saúde

Tem uma coisa boa: eu durmo bem a noite toda, mas não durmo durante o dia. Geralmente quem reclama que não dorme à noite é porque fica dormindo de dia. Não me deito muito cedo. Lá para as 9 horas tomo meu banho, a minha filha me ajuda, me ajeito na cama, me visto, fico descansando um pouco e me deito umas 22 horas. Às vezes demoro um pouquinho, mas logo em seguida estou dormindo, e durmo muito tranqüila. Não tomo e nunca tomei remédio para dormir. As pessoas pensam que eu durmo bem por causa do remédio, não é. Eu acordo uma vez à noite, raramente eu acordo 2 vezes, sinto o corpo cansado e me viro. Mudo de posição na cama e rapidamente estou dormindo novamente.

Antes das 7 horas da manhã estou acordada e disposta. Faço minha higiene, escovo meus dentes. O cabelo é um pouco difícil para pentear, mas dá para eu me vestir sozinha. Nem muito rápido, nem muito sem esforço, não vou dizer que é aquela beleza, mas dá para eu me arrumar.

Minha memória é boa. As pessoas me perguntam como eu tenho ainda uma memória tão boa. Esta semana que fui ao geriatra, fiz testes de memória, eu não errei nada do que o médico perguntou. Ele pediu para eu desenhar, escrever uma frase, deu umas palavras para repetir, na hora a gente repete e depois ele pergunta novamente e eu não esqueço. Ele fica olhando, pede para fazer contas de subtrair e eu não erro nenhuma. Nunca tomei remédio para a memória, nunca tomei calmante. Nunca tomei um remédio para dormir. Também nunca tive uma depressão.

Sempre procurei resolver e enfrentar todas as dificuldades com calma. Tive um câncer de mama há 22 anos. Um dia senti uma dor muito forte, e meu mamilo começou a desaparecer. Fiz uma mamografia e apareceram muitos nódulos. Fizeram uma biopsia e logo em seguida eu operei.

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Fiz controle por 12 anos, sofri bastante com a radioterapia, mas curei-me e nunca mais tive nada.

A alimentação

Deixei de comer muita coisa para controlar a diabetes, nunca foi muito alta e agora está controlada. Evito massas e embutidos.

Tomo meu café com leite pela manhã,, arrumo meu pão. Uso adoçante artificial e pão integral light que é mais saudável. Como um pedacinho de queijo branco e frutas. Evito a banana nanica, a uva e o caqui.

Faço pequenos lanches. Às 10 horas da manhã me alimento com um pedaço de mamão com aveia e como uma laranja, a laranja com bagaço porque ajuda o intestino funcionar. Na geriatria nós temos uma nutricionista que nos orienta, mas eu também tenho uma neta que é nutricionista.

No almoço, como 2 colheres de sopa de feijão, 3 de arroz e muita verdura. Gosto muito de verduras, tanto cruas quanto cozidas. Como um pedacinho de carne vermelha ou um pedaço de frango, e de vez em quando uma bisteca pequena de porco ou um pedacinho bem pequeno de lingüiça. Tomo bastante água. Tomo sempre um copo de água antes do café.

Exercícios físicos eu não faço. Tenho medo de cair. Há uns 3 anos, eu caí e me machuquei muito. Ainda bem que minha neta estava em casa e me acudiu. Machuquei muito o braço, mas não tive fratura.

Tenho dificuldade de andar nas calçadas, os pisos não ajudam, e quando o ambiente é diferente, me sinto mais insegura, prefiro não sair. Quase não saio de casa, só quando os netos vêm de carro. Dentro de casa eu ando bastante.

A religião

Sou católica e nunca freqüentei e nem me interessei por outra religião.

Meu pai ajudou a construir a Igreja de São João Batista na Avenida Celso Garcia. Fui batizada, fiz a primeira comunhão e me casei nessa igreja. Meus filhos também se casaram lá.

Hoje não posso freqüentar a igreja, mas não deixo de fazer minhas orações em casa. Leio a bíblia todas as manhãs, assisto aos programas religiosos da Rede Vida. E ainda comungo toda semana. Acho que até aqui, cumpri minha missão, e Deus sempre me abençoou e me deu coragem para enfrentar tudo.

A fé ajuda nos momentos difíceis, nas dificuldades e nas necessidades, dá mais coragem.

Envelhecimento

A gente não se sente ofendida, nem aflita com os anos que passam, mas a gente sente que vai faltando muita coisa na medida que envelhecemos. Antes tínhamos um trabalho, uma profissão, mais convívio com a família, e as coisas vão se modificando, a gente vai se modificando com tudo isso. Vai chegando certa idade, as oportunidades vão diminuindo. Não é tudo que conseguimos fazer, tem lugares que a gente não consegue freqüentar mais. Se vamos a um teatro e temos que ficar muito tempo sentado, a gente se cansa. Muitas vezes nos desinteressamos pelo que está acontecendo. Vamos nos desligando vagarosamente das coisas da vida. Muitas coisas que não podemos mais fazer, vamos gradativamente deixando de dar valor.

A gente vai se desligando, porque não temos mais atividades para exercer. Já que não temos mais aquela esperteza de antes, precisamos procurar atividades mais de acordo com a nossa idade, com aquilo que dá para fazer ainda, mesmo que for uma caminhada.

Não dá para tomar uma condução, não conseguimos alcançar o degrau, se é um ônibus cheio, não conseguimos nos manter muito tempo em pé, no meio de muita gente, mesmo sentado. Se a viagem demora muito, às vezes, não dá para fazer. Não dá para controlar as necessidades. Vai ficando cada vez mais difícil. Tem coisas que temos que deixar de fazer.

Até certa idade damos mais valores a algumas coisas e essas coisas perdem o interesse, perdem importância.Eram bens que preenchiam a vida da gente.

Devagar a gente vai se desligando de tudo. Procurando o que é mais importante e o que podemos ainda fazer. Tem que se acomodar naquilo que é possível.

O envelhecimento não me traz tristezas. Não sou de ficar reclamando.

Aceitar tudo o que a vida nos oferece e aproveitar as oportunidades que ela nos dá, ajuda a envelhecer melhor. Precisamos aceitar as dificuldades.

As pessoas não aceitam porque se ligam muito na idade adulta, no aspecto físico, na beleza que tinham, nas atividades que exerciam. A natureza cobra tudo que nos deu. À medida que vamos envelhecendo, o cabelo fica branco, a pele enruga, o obstáculo aparece. Às vezes você não é bem recebida em alguns ambientes, porque o jovem não sabe dar valor à cultura dos velhos, não valoriza o conhecimento que adquirimos, a vivência que está guardada consigo. Eles só dão valor ao superficial, o mais rápido, eles não sabem esperar as coisas acontecerem. Eles têm muita pressa de viver. Os acidentes que são provocados pelos jovens, são devidos a essa pressa de viver. Como se aguardassem um fim rápido da vida.

O envelhecimento aparece para todos. Não dá para fugir dele. E a natureza cobra mesmo tudo que nos deu.

A sexualidade na velhice

A questão sexual para o homem é mais complicada no envelhecimento. O homem envelhece pior na questão sexual. Alguns perdem a função sexual mais cedo. Acho que eles sofrem mais.

Os homens têm mais dificuldades de aceitar as mudanças de vida, de trabalho, nos seus bens, e ele se cuida bem menos que a mulher. Não conta para a sociedade que fracassou em algum setor da vida. Nunca admite um fracasso.

As necessidades do homem provocaram o aparecimento dos medicamentos para a disfunção erétil. Eles usam o Viagra porque não querem envelhecer e o Viagra pode prejudicar a saúde. Acho que eles envelhecem mais depressa e pior que a mulher.

Quando a mulher chega à menopausa aceita com naturalidade, sabe que é próprio da natureza humana. A mulher na minha época encarava a menopausa com naturalidade.

Minha menstruação se iniciou tarde. Eu tinha quase 16 anos, minha mãe já queria me levar ao médico. Por isso minha menopausa também chegou mais tarde, com 52 anos. No começo tinha um pouco de hemorragia e depois passou.

Não tive depressão, nem insônia, nem calores.

A finitude

Tem horas que eu fico meio preocupada. A morte é o fim da pessoa. Mas tem horas que eu penso que se Deus nos dá a vida, temos que aceitar a morte.

Deus me deu tudo de bom; tive um bom pai, uma boa mãe, um bom marido e uma infância muito feliz. Minha mãe ficou viúva cedo, com apenas 36 anos. Meus pais foram exemplos para mim. É muito importante para a formação dos filhos a união do casal, é primordial a harmonia do casal. E na minha casa tinha muita harmonia.

Uma vez a médica me perguntou se eu me sentia abandonada. Eu não me sinto não. Tenho meus filhos, meus netos e estou bem. A convivência é menor, mas é assim mesmo. A maioria deles está casada, têm suas casas para cuidar, suas famílias, Não me sinto abandonada, sempre que dá nos falamos, nos reunimos.

Não podemos ficar só reclamando da vida, não quero que eles fiquem preocupados. Eles já têm preocupações suficientes. Todos têm dificuldades e problemas não só quem é velho. Se você não tiver um pouco de compreensão, não dá para morar com ninguém, ninguém agüenta.

Conheço muitas senhoras idosas, que ficam muito sozinhas, não consegue conviver com os filhos, nem morar com ninguém. Tem pessoas que dificultam a convivência, criam dificuldades, assim, vão ficar sozinhas mesmo.

Um conselho para quem está envelhecendo

Enfrentar a vida com coragem, com muita vontade de viver e aceitar as dificuldades com paciência, aceitar tudo que a vida tem para nos dar, até o fim.

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