Distúrbio do sono no idoso

É na velhice que o distúrbio do sono pode ter importante manifestação. Dentre os idosos, os aposentados e/ou inativos e viúvos estão em maior risco.

João Batista Alves de Oliveira *


Nessa fase da vida o distúrbio do sono manifesta-se em decorrência da depressão e da demência, especialmente a Doença de Alzheimer, situação em que há um déficit neuroquímico.

O conceito de insônia, de forma individual, é algo problemático. Para um dormidor longo (aquele que necessita de mais de 7 a 8 horas de sono), dormir 5 ou 6 horas representa insônia; o mesmo conceito já não se aplica ao dormidor curto. Ainda temos que considerar que as horas de sono variam segundo a faixa etária e mesmo entre indivíduos.

Mas então, o que é a insônia? É a dificuldade de iniciar e/ou manter o sono, presença de sono não reparador, ou seja, aquele que prejudica a realização das atividades diurnas.

Causas de insônia no idoso [1]

  • alterações psíquicas, como ansiedade e depressão;
  • utilização de psicoestimulantes, fato muito comum entre mulheres que utilizam “fórmulas emagrecedoras”;
  • alterações emocionais como problemas conjugais, financeiros, luto;
  • abuso de café, coca-cola, cigarro, bebida alcoólica;
  • distúrbios psiquiátricos;
  • demências, sendo a Doença de Alzheimer a principal delas;
  • decorrente de outras doenças como: doença do refluxo gastresofágico, asma, DPOC, insuficiência cardíaca congestiva, doenças da tireóide, doenças reumáticas;
  • utilização de alguns medicamentos, como alguns anti-hipertensivos, antidepressivos. O uso de benzodiazepínicos (diazepam e congêneres) pode levar à insônia rebote após a retirada e levar à tolerância em uso crônico.

Tratamento da insônia

É essencial que sejam evidenciados os fatores desencadeantes e perpetuadores.

O tratamento medicamentoso deve ser feito sob prescrição e controle médico regular, e não se transformar numa utilização ininterrupta e sem reavaliação periódica.

Deve o paciente e os familiares entender que a medicação é uma parte do tratamento, porém não a solução para a maior parte dos casos e que a manutenção em uso crônico pode levar a efeitos adversos, entre eles o próprio distúrbio do sono.

Segundo o I Consenso Brasileiro de Insônia, deve-se:

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evitar cafeína e nicotina devido ser estimulantes e assim dificultarem o adormecer, ocasionando um despertar por síndrome de abstinência durante a noite;
interromper o uso de substancias que contenham cafeína e/ou nicotina 4 a 6 horas antes do horário de dormir;
evitar o uso de álcool, pois este induz a um sono de qualidade ruim e fragmentado;
estabelecer horários regulares de sono;
não ir para a cama e tentar dormir sem sono;
não passar o dia preocupando-se com o sono;
regular o relógio para despertar e levantar sempre no mesmo horário todos os dias, independente do quanto você dormiu durante a noite. Isto ajudará o organismo a adquirir um ritmo de sono consistente.
não cochilar ou deitar durante o dia (podendo fazer exceção a pessoas idosas que podem necessitar de cochilo breve no meio do dia, cujo ritmo circadiano de sono-vigília é bifásico);
ir para a cama quando estiver com sono;
caso sinta-se incapaz de dormir, levantar da cama e ir para outro ambiente e retomar alguma atividade relaxante em ambiente com pouca luminosidade;
ficar fora da cama o quanto desejar e só retornar novamente para dormir, de modo a favorecer a associação da cama com o adormecer rápido;
não ficar controlando o passar das horas no relógio;
Consta ainda do I Consenso Brasileiro de Insônia:

quando utilizado medicamento, utilizar a menor dose efetiva e estar atento para abuso/dependência/tolerância, principalmente em idosos;
o uso crônico e continuado de indutores do sono deve ser evitado;
O tratamento exclusivamente medicamentoso, com indutores do sono, benzodiazepínicos ou antidepressivos não é a solução, principalmente em uso contínuo, ainda que em alguns casos possa ser uma necessidade.

O importante é a detecção dos fatores desencadeantes e perpetuadores e sua correção, merecendo então, uma avaliação das doenças associadas e dos medicamentos em uso. Não menos importante avaliar o relacionamento familiar. E por fim estabelecer se a queixa de distúrbio do sono feita por um familiar também representa a queixa do idoso

Antes de querer um tratamento medicamentoso, pense:

  • há algum fator desencadeante?
  • quais os fatores que promovem melhora ou piora?
  • o paciente está utilizando psicoestimulantes?
  • tem alguma situação clínica que piora a noite e que assim impeça o sono?
  • os quadros de demência, depressão, distúrbio psiquiátrico estão sendo devidamente tratados?
  • há a prática de hábitos de higiene do sono (os relatos anteriormente)?
  • o paciente não é um dormidor curto?

Enfim, somente uma análise criteriosa de todos esses fatores e um acompanhamento médico regular, com revisão periódica do paciente e não como é prática comum, o familiar ir pedir receita atrás de receita ao médico, é que poderá se obter melhores e maiores benefícios à saúde.

[1] De acordo com Sociedade Brasileira do Sono . I Consenso Brasileiro de Insônia

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Eduardo comenta:
Bastante interessante e clara a abordagem de um tema tão comum. Muito melhor entender do que ficar tomando caixa atrás de caixa de calmantes…


Dr. João Batista Alves de Oliveira
Eduardo, Realmente nada melhor do que estar bem orientado sobre os problemas da própria saúde para que se tenha melhor adesão ao tratamento. Pessoas conscientes de seu corpo, sua saúde e seu problema conduzem o tratamento a resultados efetivos Abraço

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