Desafios do Cuidado: Gênero, Velhice e Deficiência

Desafios do Cuidado: Gênero, Velhice e Deficiência

Para Guita Grin Debert e Mariana Marques Pulhez, organizadoras da coletânea Desafios do Cuidado, “é preciso trazer o cuidado para a democracia e, ao mesmo tempo, democratizar o cuidado”.

 

A preocupação com o cuidado – ou care – tem marcado boa parte das sociedades contemporâneas, particularmente quando se pensa no envelhecimento populacional e se imagina um déficit de cuidados, dada a perspectiva de um número insuficiente de cuidadores para atender uma quantidade crescente de idosos dependentes. Essa preocupação tem despertado um grande interesse em pesquisas e reflexões voltadas para questões relacionadas com o cuidado, escrevem as organizadoras da coletânea Textos Didáticos N. 66, intitulada Desafios do Cuidado: gênero, velhice e deficiência, Guita Grin Debert e Mariana Marques Pulhez.

A coletânea é composta por cinco artigos, além de uma apresentação profunda das organizadoras, na qual mais que propor uma definição precisa do conceito cuidado, exploram algumas das dimensões que os estudos do cuidado iluminam e cujo tratamento é imprescindível na reflexão sobre o cuidado como as questões de ética; gênero e acrítica aos essencialismos; a cadeia global de cuidados na sua relação com a velhice e a imigração; o trabalho e o investimento emocional; a democracia e a dependência.

O primeiro artigo, intitulado “Globalização e as Biopolíticas do Envelhecimento”, de Brett Neilson, mostra como a globalização e envelhecimento são processos multidimensionais com efeitos entrelaçados nos planos socioculturais, políticos e econômicos.

O segundo artigo, de Arlie Russel Hochschild, chamado de “Amor e Ouro”, é um clássico nos estudos sobre cuidado e imigração, indicando a substituição do ouro pelo amor. As organizadoras lembram que a autora deste artigo é uma das pioneiras no estudo da sociologia das emoções. Se antes era a exploração de bens e matéria-prima que marcava a empresa colonial, hoje, é o cuidado, o amor e o carinho para com as crianças e os idosos que dão novas configurações ao trânsito internacional de pessoas.

O terceiro artigo, ” Servindo ao mundo: filipinos flexíveis e a vida sem garantia”, de Martin F. Manalansan IV, deixa claro que os imigrantes das Filipinas se tornaram sinônimo da indústria do cuidado, particularmente nos países mais ricos, mas é explorando o conceito de desafeição – contra as ideias do amor e da maternagem, isto é, expressa os regimes afetivos envolvidos nos circuitos de sujeitos subalternos nas Filipinas e na diáspora.

O quarto artigo, “Trabalhos de amor perdidos? Feminismo, Movimento de Pessoas com Deficiência e éticas do cuidado”, de Bill Hughes, Linda McKie, Debra Hopkins e Nick Watson, trata de como o Movimento das Pessoas com Deficiência e o Movimento Feminista chamam a atenção para significados incompatíveis de “cuidado”. Para o primeiro, a palavra “cuidado” deve ser evitada, por inibir os projetos emancipatórios e de autodeterminação destes sujeitos; enquanto teóricas feministas valorizam o conceito de cuidado e os aspectos emocionais do “preocupar-se com” nas dinâmicas de “cuidar de alguém ou de algo”. Este artigo procura então rastrear os conflitos, mas também traçar pontes entre esses movimentos, particularmente no que diz respeito a uma ética do cuidado.

Por fim, o quinto artigo, “O ‘cuidado’ como ‘quase-conceito’: por que está pegando? Notas sobre a resiliência de uma categoria emergente”, de Isabel Georges, trata da resiliência da noção de cuidado. A autora aponta com precisão que as características desse tipo de trabalho parecem indicar as novas formas de hierarquização do mundo globalizado do trabalhador.

As organizadoras da coletânea, Guita Grin Debert e Mariana Marques Pulhez, esperam assim contribuir com cursos de formação e pesquisas de temas relacionados com as diferentes dimensões do cuidado, que tem mobilizado um número crescente de estudantes, pesquisadores e profissionais nas diferentes áreas de atuação.

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Sumário

Apresentação -Guita Grin Debert e Mariana Marques Pulhez

Globalização e as Biopolíticas do Envelhecimento -Brett Neilson

Amor e Ouro -Arlie Russel Hochschild

Servindo ao mundo: filipinos flexíveis e a vida sem garantia -Martin F. Manalansan IV

Trabalhos de amor perdidos? Feminismo, Movimentode Pessoas com Deficiência e éticas do cuidado -Bill Hughes, Linda McKie, Debra Hopkins e Nick Watson

O “cuidado” como “quase-conceito”: por que está pegando? Notas sobre a resiliência de uma categoria emergente -Isabel Georges

Serviço
Série: Textos Didáticos N. 66/jun 2017 – IFCH/Unicamp

Preço: R$ 4,00

Adquira o seu em: https://www.ifch.unicamp.br/publicacoes/pub/livros/2098

 

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