“Creche para idosos”, você concorda com esse termo?

O Observatório da Longevidade Humana e Envelhecimento – OLHE, junta-se à Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), no alerta à mídia,à população brasileira e aos próprios profissionais da área do envelhecimento quanto ao uso impróprio do termo ‘creche’ para designar o local destinado às pessoas idosas em situação de dependência ou semi-dependência.

 

 

creche-para-idosos-voce-concorda-com-esse-termoConcordamos com a SBGG quando esta assinala que “a denominação ‘creche’ para pessoas idosas avilta o ser humano idoso, errônea e preconceituosamente, lançando-o a uma condição de retrocesso no seu desenvolvimento e sequestrando-lhe o respeito à sua condição de idoso, lugar pessoal e social de excelência para o reconhecimento da sua biografia”.

O termo ‘creche’ surgiu na sociedade como uma solução para os cuidados da criança de 0 a 3 anos de idade quando as mulheres passaram a atuar fora do espaço familiar, isto é, trabalhar fora de casa, seja pela necessidade de contribuir financeiramente com a sobrevivência da família, ou pelo desejo de realização profissional. Além da mudança das relações entre os indivíduos, família nuclear reduzida, quebra na rede de apoio familiar e de vizinhança. O cuidado coletivo de crianças em creche visa potencializar o desenvolvimento integral e a socialização das mesmas.

O uso errôneo do termo, muito usado pela mídia e para nomear diversos tipos de instituições de idosos, se dá pela falta de discernimento e sensibilização dos profissionais da área, demonstrando, portanto, a necessidade das redações de jornais terem um especialista da área gerontológica, como ocorreu nos anos 80 para orientar os usos dos termos relacionados à infância e adolescência a fim de não ferir o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Ao menos os jornais poderiam atualizar seus respectivos manuais de redação quanto ao uso correto da linguagem e conceitos. Vale lembrar ainda que o termo no início esteve vinculado a um serviço oferecido à população de baixa renda, subordinado e mantido por órgãos de caráter médico/assistencial.

A mídia, como instituinte de imaginários tem um papel a cumprir, que é o de formar uma opinião pública que não estigmatize essa etapa da existência humana que um dia todos nós, se não morremos antes, chegaremos lá.

O OLHE e o Portal do Envelhecimento apoiam veementemente o alerta da SBGG, uma vez que há muito ambas as entidades lutam para construir uma cultura da longevidade, baseada no respeito à história de vida e dignidade humana.

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