Como lidar com alguém que tem Alzheimer e caminha sem direção

Perambular é comum durante os estágios médio e avançado da Doença de Alzheimer. Se alguém com Alzheimer fica perambulando, considere primeiro as causas que levam as pessoas a caminharem sem direção, desde andar inquietamente em um quarto, ziguezagueando sem rumo pela casa, ou perambulando longe de casa ou de familiares em um lugar público.

Paula Spencer Scott (*)


As pessoas com Alzheimer frequentemente caminham sem rumo longe de suas residências ou moradias coletivas e são encontradas muitas vezes doentes ou até mesmo mortas, por falta de medicação adequada, exposição aos perigos da rua, violências e até mesmo pelo estresse. O primeiro passo para garantir a segurança da pessoa é pensar sobre o que poderia levar a pessoa a perambular a esmo. Segue algumas orientações.

Procure a causa

a) Se o comportamento é novo, verifique se houve alguma grande mudança na vida da pessoa com Alzheimer. A recente mudança ou troca de cuidador pode ser estressante, por exemplo, e frustração e ansiedade podem levar a pessoa a vagar sem rumo. Tome medidas adicionais para acalmá-la em momentos estressantes, levando-a a menos passeios e seguindo uma rotina mais constante. Um novo medicamento pode também provocar maior agitação como efeito colateral. Mencione o perambular ao médico na próxima visita.

b) Procure um padrão em episódios de perambulação. Se isso sempre acontece à noite, por exemplo, pode indicar medo ou solidão e a pessoa pode precisar de apoio extra após o anoitecer. Se é na hora das refeições, pode estar com fome ou com sede e estar incapacitada de expressar esses desejos. Algumas pessoas vagam em horários específicos relacionados com as atividades da sua vida de trabalho anterior ou outras antigas rotinas. Investigue.

c) Avalie se seu amigo ou parente está ocupado o suficiente. O tédio costuma ser uma causa comum da perambulação. A pessoa com Alzheimer deve, idealmente, ter acesso a uma variedade de atividades, como separar sua roupa ou organizá-la em blocos, fazer arte, artesanato, assistir vídeos calmos de natureza, ouvir música, falar, entre outras. Também é bom deixar algum tempo fora com um familiar ou com outras pessoas para interagir.

Reduza tentações estressoras

a) Mantenha chaves fora de vista. Um amigo ou parente que tem Alzheimer, grave o suficiente, não deveria dirigir, mais ainda se costuma perambular. Acontece que a pessoa pode reconhecer ainda as chaves de um carro penduradas em um lugar familiar e sair dirigindo – mesmo que você ache que ele não tenha lembranças dele próprio dirigindo ou que saiba todavia como dirigir.

b) Evite multidões. Situações em locais lotados podem causar estresse que leva à perambulação assim que a pessoa com Alzheimer retorna à casa. Do ponto de vista prático, é difícil manter o controle de alguém que perambula quando você está em um shopping, na feira, ou outros lugares públicos lotados.

Tome precauções de segurança para proteger uma pessoa com Alzheimer que perambula

a) Não deixe alguém que perambula sair sozinho. Mesmo que a pessoa que você está cuidando costuma caminhar há muito tempo, ela não deve aventurar-se a sair sozinha, pois ela pode ficar confusa e não saber o caminho de volta para casa ou andar para longe de seu território habitual.

b) Não deixe ela sozinha no carro. Se você deixar alguém com Alzheimer propenso a perambular sozinho no carro enquanto precisar fazer algo rápido no banco ou na farmácia, saiba que a pessoa é susceptível a ficar com medo ou preocupada e sair do veículo atordoada.

c) Torne a casa mais segura para andar. Se ainda não fez isso, retire tapetes, arrume os móveis, para proporcionar à pessoa caminhos fáceis dela caminhar pela casa, e elimine coisas desorganizadas e riscos próximos ao chão, como prateleiras de revistas ou plantas.

d) Instale luz noturna cintilante. Ilumine caminhos para que estes fiquem mais seguros, especialmente em corredores e salas que são mais usados.

e) Considere fechaduras que evitam que crianças se machuquem para as portas perigosas. Portas que dão para escadas ou para o ar livre são as mais problemáticas. Mude para aquelas que podem ser difíceis de abrir para pessoas mais velhas. Bloqueie portas de vidro deslizantes.

f) Experimente novas fechaduras. Qualquer tipo de fechadura de porta que é diferente do que a pessoa sempre utilizou, especialmente se é um pouco mais difícil de abrir, como fechadura de alta corrente ou com chave, pode funcionar porque é difícil para ela aprender coisas novas.

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g) Experimente um sinal de “não entre” em uma porta de saída. Algumas pessoas são impedidas por esta simples medida.

Tente ferramentas de segurança

a) Procure alarmes que indicam movimento. Almofadas de cama ou almofadas de cadeira com alarmes remotos sem fio não são baratos, mas oferecem um alerta imediato de que a pessoa que perambula se levantou. Outros dispositivos são tapetes com alarmes remotos, detectores de movimento que disparam apenas em um receptor portátil que o cuidador pode levar consigo, e o convencional carrilhão de porta que emite um som quando ela é aberta e é instalado por um eletricista.

b) Disfarce entradas perigosas. A alternativa mais suave do que fechaduras de portas é levar a pessoa para longe de certas portas com pistas visuais que fazem a pessoa pensar que a porta é outra coisa. Possibilidades de camuflagem incluem pintar a porta para coincidir com uma parede ou pendurar cartazes, espelhos, ou murais na porta que são especialmente projetados para que pareçam uma estante ou prateleira de despensa.

Conte com a ajuda de outras pessoas

a) Conte aos vizinhos mais próximos sobre a Doença de Alzheimer da pessoa. Peça-lhes para chamá-la se, por exemplo, ela for vista saindo sozinha ou, estranhamente, se a vê-la caminhando só.

b) Use suporte social e ajuda profissional. Se alguém com a doença de Alzheimer começa a sair de casa quando perambula, ela já não deve ser deixada sozinha, mesmo por curtos períodos de tempo. Verifique na vizinhança quais programas existem para pessoas com Alzheimer, como Centros-Dia, ou então providencie algum cuidador (familiar ou profissional) quando você tem que sair, se você é o cuidador principal.

Providencie

a) Informações de identificação da pessoa, como pulseira de identificação, colar com medalha e etiquetas de roupas, contendo um número de telefone para contato e a doença. Quem achar a pessoa que perambula pode ligar para o número. Em alguns países existem associações que prestam este serviço (Safe Return).

b) Mantenha o controle das roupas. Se o seu amigo ou parente perambula há um tempo, alguns cuidadores recomendam se certificar de que a pessoa esteja sempre vestindo roupas de cores brilhantes coloridas. Dessa forma, se ela escapa, pode ser mais facilmente identificada e encontrada. O cuidador deve estar atento e saber o que a pessoa está vestindo todos os dias.

c) Mantenha uma foto da pessoa atualizada. É comum a família evitar fotografar uma pessoa mais velha que parece muito alterada por causa da doença. Mas uma foto atualizada pode ajudar, e muito, a identificá-la caso ela se perca.

(*)Paula Spencer Scott é editora sênior da Caring.com. Traduzido por Sofia Lucena. Disponível Aqui

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