Caçadores de categorias

Caçadores de categorias

Os caçadores de categorias rejeitam a frase comum “Eu estou muito velho para… flertar, dançar, entrar num concurso, comprar um carro esportivo, arrumar meus dentes, visitar o Egito, aprender espanhol, fazer rafting…

Mary and Ken Gergen (*)


Haviam os caçadores de gangues e os caçadores de fantasmas, e agora nós precisamos de uma nova variedade de caçadores: os caçadores de categorias. Isto é, as pessoas que desafiam a tentativa normal e corriqueira de nos descrever e nos explicarem na forma de categorias. Recentemente uma terapeuta irlandesa argumentou fortemente contra ao tentar entender os clientes em termos de categorias diagnósticas. Ela estava especialmente preocupada com as pessoas que eram chamadas de “inúteis”, resultado do efeito da categorização em suas vidas. Uma vez o rótulo aceito, estas pessoas começavam a desenhar suas vidas em torno dele.

O mesmo é verdadeiro para as categorias, “envelhecer” e “velho”. Não apenas estes rótulos induzem limitações em nosso comportamento, mas também reduzem nosso senso de quem somos. Há algum tempo, uma mulher numa festa apresentou uma outra mulher como “Julie, uma sobrevivente do câncer”. Julie recuou ao ouvir esta definição porque a mesma acumulou todos os outros aspectos da vida dela, dentro das sombras do diagnóstico da doença.

Estes pensamentos foram ampliados pela capa da revista NY Times, de junho de 2011, que apresentou um jogador de baseball dos yankees com uma vela em seu capacete, sobre um bolo de aniversário. Lia-se “Derek Jeter fez 37 anos, uma idade que, para um atleta profissional, não tem nada para ser celebrada”.

Dentro da revista um longo artigo apresentando estatísticas sobre o declínio dos atletas que envelhecem. Entretanto, menos de um mês depois ele entrou no livro dos recordes por completar 3.000 tacadas, um feito raro na história do baseball. Mais ainda, a tacada foi um home run; os fãs deliraram.

O desafio de Jeter à categorização foi equivalente ao de duas mulheres tenistas nas finais da French open. Ambas – Na li, da China e Francesca Schiavone, da Itália – estavam chegando aos 30, uma idade onde a maioria das mulheres tenistas são consideradas decadentes.

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Agora, entretanto, devemos celebrar os caçadores de categorias em seus anos passados. Estes são os heróis dentre nós que desconsideram as expectativas culturais, que se recusam a ser constrangidos por categorizações. Eles rejeitam a frase comum “Eu estou muito velho para… flertar, dançar, entrar num concurso, comprar um carro esporte, arrumar meus dentes, visitar o Egito, aprender espanhol, fazer rafting, etc.

Eles são mais como os nossos amigos que sobreviveram ao câncer para iniciar a prática de corrida aos 50, e depois aos 70 anos ser um campeão em corridas. Estes são os novos heróis; eles desafiam os estereótipos comuns e, fazendo isso, contribuem para mudanças culturais duradouras. Eles também nos convidam a pensar de maneira diferente sobre o que é possível em nossas vidas.

(*) Mary and Ken Gergen – Boletín del Envejecimiento Positivo Nº 68. Tradução livre por Sofia Lucena.

Foto destaque de @NappyStock


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