Antigos asilos x residenciais atuais?

Embora ainda haja muitos resquícios dos asilos tradicionais, temos hoje leis e normas que passaram a garantir melhor qualidade de vida nas alternativas para moradia. Mesmo passando a chamar-se Instituições de Longa Permanência para Idosos e com regras para acomodações salubres e confortáveis, ainda vemos propostas que oferecem serviços ditos inovadores mas que, no fundo, mantêm a ideia de dependência e de controle limitador sob a aura do cuidado.

Maria Luisa Trindade Bestetti *

 

antigos-asilos-X-residenciais-atuaisOs asilos surgiram a partir de instituições religiosas dedicadas ao cuidado de pessoas idosas, especialmente sem suporte social. Havia conventos junto a esses edifícios, cuja tipologia hospitalar apresentava grandes dormitórios coletivos para o cuidado de pessoas cuja longevidade podia levar aos 60 ou 70 anos, mas já com decréscimos de capacidade física, mental e, até, de envolvimento social. O asilo de fato isolava indivíduos considerados não produtivos e que viviam esperando a morte, sendo que era possível encontrar instituições com nomes tais como “lar dos velhinhos” ou “casa de repouso”, referência ainda sendo usada até hoje.

Com o avanço das discussões sobre Direitos Humanos, da tecnologia assistiva e da humanização da saúde, a crescente população idosa passou a contar com melhor assistência às suas necessidades. Aí consideramos a existência de leis e normas que passaram a garantir melhor qualidade de vida tanto na relação familiar quanto nas alternativas para moradia, embora ainda haja muitos resquícios dos asilos tradicionais.

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Mesmo passando a chamar-se Instituições de Longa Permanência para Idosos e com regras para acomodações salubres e confortáveis, ainda vemos propostas que oferecem serviços ditos inovadores mas que, no fundo, mantêm a ideia de dependência e de controle limitador sob a aura do cuidado.

Como já foi comentado, é preciso haver regras para que a convivência de pessoas provenientes de diferentes culturas seja possível, tais como horários de alimentação, manutenção das áreas e rotinas de higiene. Porém, geralmente encontramos espaços que mantêm o aspecto asséptico dos hospitais, com pouca expressão de memórias positivas, até mesmo nos dormitórios. Também não há salas de visita, como se fossem secundárias, criando condições pouco favoráveis aos encontros possíveis e aos novos relacionamentos.

O que se espera de moradias coletivas para idosos é a manutenção dos ambientes antes particulares, mas que tornam-se compartilhados pelos pares. A dinâmica da antiga casa muda, certamente, mas poderá haver a opção de ler, conversar, exercer atividades manuais e culinárias, desde que haja espaços adequados e autonomia para tal.

A ideia de existirem diferentes instituições de acordo com a condição de dependência é fundamental, e a mudança, quando necessária, pode acontecer com impactos mínimos, desde que o conceito seja mantido. Defendo que ainda carecemos de equipamentos que possam acompanhar a heterogeneidade do envelhecimento humano, pois desse modo estaríamos mais tranquilos e seguros de aproveitarmos ao máximo nossas capacidades, até o fim.

* Maria Luisa Trindade Bestetti – Sou arquiteta e pesquiso sobre as alternativas de moradia para idosos no Brasil, especialmente sobre a habitação mas, também, o bairro e a cidade que a envolvem. Ser modular significa harmonizar todas as etapas da vida, atendendo desejos e necessidades. Se você tem mais de 50 anos e está preocupado sobre como morar na velhice, participe: leia, comente, pergunte, discuta!… Estamos vivendo mais e melhor, é preciso que pensemos nisso com a tranquilidade e a confiança necessárias para podermos viver muito com segurança e conforto. Acesse Aqui

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