Os termos usados pelos leigos para referenciar as pessoas mais velhas e esquecidas como ‘esclerosado’ e ‘caduco’ podem ser os principais indicativos que estão sendo deixados de lado e que podem ser decisivos para um diagnóstico precoce.
O mês de setembro é dedicado à conscientização sobre a Doença de Alzheimer. O principal foco é conscientizar as pessoas sobre a necessidade de um diagnóstico precoce que possibilita, tanto para a pessoa diagnosticada quanto para sua família, se organizarem em busca de alternativas que possam garantir qualidade de vida e um cuidado humanizado.
Para que o diagnóstico precoce possa ser realizado é importante saber diferenciar perda de memória e lapsos de memória e quando a ocorrência deles pode ser indicativo de algo mais sério.
Enquanto a perda de memória é algo irreversível e que não volta ao seu estado anterior de funcionamento, os lapsos de memória podem ocorrer em qualquer fase da vida, pois está atrelado a fatores orgânicos diversos como estresse, uso de medicamentos, insônia, desidratação etc.
Logo, é preciso compreender que a perda de memória não faz parte do envelhecimento considerado ‘normal’ e, pode estar atrelada a condições que são crônicas e progressivas e que devem ser investigadas pelo médico para um ‘provável diagnóstico’.
Portanto, os termos usados pelos leigos para referenciar as pessoas mais velhas e esquecidas como ‘esclerosado’ e ‘caduco’, podem ser os principais indicativos que estão sendo deixados de lado e que podem ser decisivos para um diagnóstico precoce.
Para se estabelecer o diagnóstico é necessária a exclusão de outras doenças com a mesma etiologia do Alzheimer, algumas avaliações e escalas, exames e testes. O diagnóstico da doença não é definitivo, pois este só ocorre após a morte e com análise de tecido cerebral. O que temos no momento é o diagnóstico de provável Alzheimer.
Desde 2014, o termo demência vem caindo em desuso, sendo substituído pela nomenclatura “Transtorno Neurocognitivo Leve ou Maior”. Leve para sintomas existentes, porém que não atrapalham as atividades de vida diária do indivíduo, antes chamados de ‘Comprometimento Cognitivo Leve’. E Maior, para classificar os déficits cognitivos que atrapalham as atividades de vida diária do indivíduo. Então, os diagnósticos da doença passaram a receber o nome de Transtorno Neurocognitivo Leve ou Maior devido à Doença de Alzheimer.
Quando nos encontramos com uma doença sem cura e progressiva, logo remetemos essa condição a algo ruim, como se fosse contagioso. É preciso compreender para além da doença, sobre cuidados dignos e possibilidades de auxiliar essa pessoa a ter qualidade de vida e autonomia até o momento em que for possível e, acima de tudo, garantir respeito e um cuidado humanizado.
No Livro “Alzheimer: identificar, cuidar, estimular, práticas e atividades para se aplicar no dia a dia”, chamo atenção para a posição da Psicologia neste cuidado, onde seu foco está no olhar para essa pessoa doente bem como sua família e cuidadores, visando suas mudanças biopsicossociais, culturais e porque não, espirituais. Busca-se compreender a pessoa da forma como ela se coloca no mundo mesmo que, ao longo do tempo, esta não se reconheça mais. Realizar a manutenção da identidade da pessoa com Alzheimer é primordial.
É olhar para além do que podemos observar, desmitificando esse contexto como uma condição de vida onde não existem potencialidades a serem exploradas e que a pessoa doente deve seguir um padrão pré-estabelecido de ‘inatividade’. E o principal, deixar claro que, por mais que o comportamento da pessoa com Alzheimer a regrida a um estado parecido com o infantil, ela não o é e não deve ser tratada dessa forma.
Este é o objetivo do livro, possibilitar a compreensão do envelhecimento frágil, divulgar a estimulação cognitiva como algo importante para este público e oferecer práticas e atividades que possam ser realizadas pelos familiares e cuidadores no próprio lar como, também, direcionar outros profissionais interessados nesta área a repensar sua atuação profissional, oferecendo possibilidades de intervenções e manejos clínicos para atuar neste contexto.
Através de um cuidado transdisciplinar onde a família e a pessoa com Alzheimer fazem parte e colaboram no tratamento, podemos tornar esse processo mais leve e menos custoso.
Imagem de destaque: Sharlene Manzaro e Foto: Carolina Lucena
Alzheimer: identificar, cuidar, estimular
Práticas e atividades para se aplicar no dia a dia
Formato: 14 x 21
Tamanho: 262 páginas
Papel/miolo: pólen 80gr
Preço: 39,90
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