Alma gêmea

Alma gêmea

Em Soulmates, em um futuro próximo, marcado pelo avanço das tecnologias, nesse cenário cada pessoa tem a chance de encontrar sua verdadeira alma gêmea. Graças a um novo tipo de teste, as agências de namoro podem determinar o match perfeito.


E por falar em amor…

Desculpa, mas não entendo. Eu quero tudo e mais ainda. Amor tem que encher o coração, a casa, a alma. Pouco ou metades nunca me completaram. (Clarice Lispector)


Será que existe um dia especial para o amor? E se você não tiver um amor? E se esse alguém, tão desejado, ainda não surgiu em sua vida? Então, você me perguntaria: o que fazer nesse dia 12 de junho, dia esperado, dia dos eternos amantes? Bem, sempre te direi que a ficção pode ser a melhor saída para as dores da solidão ou para o vazio da alma. Um santo remédio projetar-se para uma suposta realidade idealizada, sonhada, esperada.

Assim, minha sugestão é uma série que nos faz pensar sobre um possível tempo em que teríamos livre acesso à ciência do encontro da alma gêmea.

Essa é “Soumates” (disponível na Prime Amazon), que se constrói em seis episódios independentes. São histórias que se passam daqui a quinze anos, num futuro em que a descoberta, por meio de um simples teste, leva-nos ao encontro da alma gêmea, aquele amor ideal, supostamente seguro, repleto de magia, encontro de ideias, aspirações, quer dizer: aquilo que tudo bate e tudo tem a ver com o que somos.

Entretanto, veremos que nada é assim tão fácil e que, talvez, o tão perfeito, não seja exatamente o que nossa alma deseja, e que o encontro do verdadeiro amor, muitas vezes, se dá às avessas, de um jeito estranho, enigmático, anacrônico. Não sei você, mas eu prefiro assim, deixar que o tempo teça a oportunidade e faço com que os dias sejam sempre uma eterna surpresa.

A trama começa com a “venda de um produto ou serviço”, uma espécie de anúncio publicitário e sua inevitável sedução: “soulmates” surge quando a partícula da alma é descoberta e todas as pessoas passam a ter a chance, por um teste banal, de encontrar a sua alma gêmea.

Para quem aprecia séries como a clássica “Além da imaginação” ou “Black Mirror”, uma viagem pelo mundo sombrio, vai se deliciar com o ritmo crescente de suspense, angustiante, mas que provoca nossas idealizações, fere tudo que entendemos como relacionamento perfeito para a vida.

Amar a ideia, e não aquele ou aquela que se apresenta, não é amor.

1º episódio: Watershed

A viagem por “Soulmates” inicia-se com Nikkie, uma mulher, como tantas que encontramos todos os dias, aparentemente satisfeita com a vida e seu casamento. Subitamente, toda história toma um rumo inesperado quando uma amiga, também casada e com filhos, decide fazer o teste. Daí, a curiosidade e emoções, até então adormecidas, atropelam a suposta serenidade dos dias.

A questão se impõe: por que fazer o teste? Você faria? O que ou a quem buscar? Será ele ou ela, realmente a alma gêmea?

2º episódio: The Lovers

Agora encontramos David, um professor universitário que fez o teste, mas nunca procurou a sua alma gêmea porque, antes de dar o tal match, conheceu outra pessoa e o amor calmo, tranquilo, aconteceu. O tempo passa e, certo dia, surge Allison, sua alma gêmea, uma mulher desejante, sensível, e que quer, a todo custo ter a experiência.

O encontro entre David e Allison, desde o início, já se revela imprevisível, perigoso, mas tentador. Você resistiria? Você arriscaria? Se está tudo tão bem, qual a razão de um envolvimento com um potencial devastador de arruinar tudo que se construiu ao longo da vida?

O caminho se torna a cada instante mais questionador. A vontade que dá é invadir a tela e dizer: não David, não… Cuidado!

3º episódio: Little Adventures

Amenizando um pouco o risco, encontramos um casal que decidiu pela chamada “relação aberta”. Os dois têm casos de uma noite e desafiam a monogamia, mas nada mais que isso. Vemos uma fidelidade implícita, por mais bizarra que a situação possa parecer. Relações desse tipo são perigosas, principalmente quando postas a prova seguidamente. É o caso quando Libby aparece: um mach não esperado e que transforma a relação do casal.

Quais as consequências de um relacionamento aberto? Será possível ter em uma única pessoa tudo que desejamos?

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Acho que sou suspeita, minha alma gêmea, meu amor, preenche tudo: o perfeito, o imperfeito, o ideal e o nem tanto e, para mim, isso é amor. Mas, assista a essas “pequenas aventuras” e tire suas próprias conclusões.

4º episódio: Layover

Jonah e Mateo, vejam só, dois opostos, dois estranhos que se conhecem num bar no México. Um, ladrão de passaportes e o outro, apenas um ingênuo turista. Se você está pensando num romance, espere… porque Mateo está de malas prontas para conhecer sua alma gêmea na Colômbia e, o que está por vir é uma surpreendente jornada de sentimentos inesperados e descobertas sequer imaginadas.

Aqui temos pura diversão, mas principalmente a abertura ao inesperado, o que pode parecer improvável e que, ao mesmo tempo, revela-se como amor de verdade, nu e cru, real, sem fantasias, sem preconceitos.

5º episódio: Break on Through

Agora retornamos ao mundo sombrio na história de Kurt e aquela que era sua alma gêmea, Heather. Era? Sim porque a vida não deu ao jovem a chance de realizar o desejado encontro.

A história começa com um vídeo de Heather, que fez o teste, mas que não deu match com ninguém. Explicando: para se conhecerem, as duas almas gêmeas têm de se submeter ao teste. A questão é que nunca imaginaríamos que uma destas pessoas poderia morrer.

Kurt, ao descobrir que a sua alma gêmea já não existe nesse mundo, entra numa depressão profunda e tenta suicidar-se.

Aqui, a trama analisa como o teste afeta a vida das pessoas que, ao tentarem suportar a dor da perda, juntam-se a um culto religioso que promete reunir as pessoas com as suas almas gêmeas, mas para isso acontecer…

Último episódio: The (Power) Ballad of Caitlin Jones

A pobre Caitlin há vários anos à espera do seu match, mas como nada acontecia, nada restava além de Doug, o inexpressivo companheiro, tudo para não se sentir sozinha. Quando o teste finalmente dá resultado, as duas almas gêmeas se conhecem, e a timidez inicial, normal de um primeiro encontro, desaparece num instante.

Nathan parece o homem perfeito até que num certo dia… o outro desperta a sombra dessa mulher, o lado cruel, um match que faz surgir o pior, a essência até então desconhecida, reprimida.

A história coloca em questão: será que conseguimos ignorar o lado mau de alguém que amamos? Quando a resposta envolve o sofrimento, penso que não.

Se realmente é amor, tudo que desperta é a generosidade e o bem extremo do outro, mesmo que esse outro não nos queira.

Um feliz dia do amor “real”, de verdade, para você e, como diria o poetinha, “que seja eterno, enquanto dure” – e eu espero que seja eternamente, nessa e em muitas outras vidas…


Narrativas
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Luciana Helena Mussi

Engenheira, psicóloga, mestre em Gerontologia pela PUC-SP e doutora em Psicologia Social PUC-SP. Membro da Comissão Editorial da Revista Kairós-Gerontologia. Coordenadora do Blog Tempo de Viver do Portal do Envelhecimento. Colaboradora do Portal do Envelhecimento. E-mail: [email protected].

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Engenheira, psicóloga, mestre em Gerontologia pela PUC-SP e doutora em Psicologia Social PUC-SP. Membro da Comissão Editorial da Revista Kairós-Gerontologia. Coordenadora do Blog Tempo de Viver do Portal do Envelhecimento. Colaboradora do Portal do Envelhecimento. E-mail: [email protected].

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