“A vida dos idosos importa” é tema de campanha contra o ageísmo

“A vida dos idosos importa” é tema de campanha contra o ageísmo

A campanha global #OldLivesMatter (a vida dos idosos importa) luta contra o ageísmo e um respeito maior para com os mais velhos.


A campanha #OldLivesMatter para lutar contra a discriminação e eliminação dos preconceitos relacionados com a idade (ageísmo ou idadismo), reúne 42 organizações de 29 países.Estes se uniram justamente em um ano em que se celebra o 20 aniversário do artigo 25º da Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia, que reconhece oficialmente “o direito das pessoas idosas a uma existência condigna e independente e a participar na vida social e cultural”. A campanha visa sensibilizar os cidadãos, os meios de comunicação e as instituições em busca de um respeito maior para com os mais velhos.

A discriminação mais difundida, comum e universal é o preconceito de idade, ou seja, ageísmo, e é a única discriminação que não é punida por lei. Muitas pessoas não têm consciência dos estereótipos que eles próprios têm sobre os idosos, muitas vezes os próprios idosos de si mesmos. Acontece que a discriminação existente hoje na sociedade contemporânea, exacerbada na pandemia, é uma tragédia inaceitável e contrária à dignidade humana, porque exclui a maioria dos idosos da vida ativa da sociedade.

Foi o que se observou na pandemia global de COVID-19 que afetou todas as nações, sem distinção. Mas foram as pessoas com 65 ou mais anos que pagaram o preço mais alto: 92% de mortalidade na França e em Portugal, 90% na Suécia, 89% no Reino Unido. Serviços de urgência hospitalar se recusaram a receber alguns idosos em plena pandemia “porque não havia vagas”.

Mas não só, o ageísmo está presente nas propagandas de cremes antirrugas que, simbolicamente, estigmatizam o envelhecimento; a perpétua difamação – “a velha agressão” – aos mais velhos pela sua inépcia para as novas tecnologias; o termo “aposentado” que cai como um relâmpago e imediatamente o discrimina da sociedade; o culto da juventude eterna e a diabolização sem fim da velhice…

A campanha, chamada OldLivesMatter foi criada pela Sociedade Francesa de Geriatria e Gerontologia (SFGG), com o apoio da European Geriatric Medicine Society (EuGMS). É composta por três vídeos “#OldLivesMatter”, criados por Jean-Paul Lilienfeld, diretor do filme comprometido “La Journée de la Jupe” (2008) com Isabelle Adjani que recebeu o César para o papel principal).

Os vídeos mostram 3 situações na vida cotidiana em que o preconceito de idade assume a forma de racismo comum e universal. Em uma sociedade onde o racismo, o sexismo e a homofobia são tema de debate constante, o ageísmo é tão profundo que agora está normalizado.

Num tom humorístico e incomum, os vídeos a seguir pretendem mostrar como o ageísmo, reforçado com a glamourização da velhice e a guetização das idades, é uma discriminação tão frequente que nem sequer a vemos. O primeiro vídeo tem como slogan “Ainda temos o direito a ser velhos?”. O segundo, “Um dia, se tudo correr bem, você chegará a velho”. E o terceiro, “Prepare o seu futuro: lute contra a discriminação pela idade”.

Vídeo 1 – Ainda temos o direito a ser velhos?

Vídeo 2 – Um dia, se tudo correr bem, você chegará a velho

Vídeo 3 – Prepare o seu futuro: lute contra a discriminação pela idade.

Olivier Guérin, Presidente da Société Française de Gériatrie et Gérontologie (SFGG), em declaração à imprensa internacional, disse que “a sociedade poderá tirar vantagens desse envelhecimento da população se todos envelhecermos com melhor saúde. Mas, para isso, devemos eliminar os preconceitos relacionados com a idade”, fazendo referência de que em 2050, as pessoas com 60 anos ou mais serão 2 mil milhões no mundo.

Sabemos que o combate ao ageísmo não se dá por decreto, mas sim por uma construção cultural e por uma convivência intergeracional cujas gerações estejam em relação, assim como m uma família, lugar por excelência intergeracional. Portanto, precisamos de políticas, programas e serviços que apontem para isso. Não basta falar de diversidade geracional, se as gerações não tenham possibilidade de estar em relação umas com as outras. Vamos alimentar as relações?

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Um dia, se tudo correr bem, você chegará a velho: #OldLivesMatter

Porque ser “velho” não é um defeito. Porque todos nós somos velhos. Porque, se tudo correr bem, um dia no futuro seremos velhos: #OldLivesMatter

Prepare seu futuro, lute contra a discriminação pela idade”: #OldLivesMatter

Organizações envolvidas na campanha:
The Geriatrics and Gerontology Societies of Algeria, Armenia, Belgium, Belarus, Bolivia, Holland, Switzerland, Greece, Finland, Malta, Thailand, France, Italy, Spain, Portugal, Hungary, Brazil, Philippines, Chile, Iceland, Lithuania, Russia, Serbia, Turkey, Senegal, Morocco, Tunisia, Czech Republic and Iceland IAGG, IAGG Garn, EUGMS, Gerondif, Gérontopôle Sud, Gérontopôle Pays de Loire, Gérontopôle Bretagne, Ville Amie des Aînés, EICA European Interdisciplinary Council on Ageing, International Federation on Ageing, FIAPA, International Longevity Centre ILC France.

Foto destaque de sergio omassi de Pexels

Para saber mais sobre ageísmo, leia a matéria “É constrangedor ser chamado de velho até deixarmos de ter vergonha disso” publicada no Portal.


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Beltrina Côrte

Jornalista, Especialização e Mestrado em Planejamento e Administração do Desenvolvimento Regional, Doutorado e Pós.doc em Ciências da Comunicação pela USP. Estudiosa do Envelhecimento e Longevidade desde 2000. É docente da PUC-SP. Coordena o grupo de pesquisa Longevidade, Envelhecimento e Comunicação, e é pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa do Envelhecimento (NEPE), ambos da PUC-SP. CEO do Portal do Envelhecimento, Portal Edições e Espaço Longeviver. Integrou o banco de avaliadores do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – Basis/Inep/MEC até 2018. Integra a Rede Latinoamericana de Psicogerontologia (REDIP). E-mail: [email protected]

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Jornalista, Especialização e Mestrado em Planejamento e Administração do Desenvolvimento Regional, Doutorado e Pós.doc em Ciências da Comunicação pela USP. Estudiosa do Envelhecimento e Longevidade desde 2000. É docente da PUC-SP. Coordena o grupo de pesquisa Longevidade, Envelhecimento e Comunicação, e é pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa do Envelhecimento (NEPE), ambos da PUC-SP. CEO do Portal do Envelhecimento, Portal Edições e Espaço Longeviver. Integrou o banco de avaliadores do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – Basis/Inep/MEC até 2018. Integra a Rede Latinoamericana de Psicogerontologia (REDIP). E-mail: [email protected]

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