A importância da saúde bucal na assistência ao paciente internado na UTI

A importância da saúde bucal na assistência ao paciente internado na UTI

As ações de promoção de saúde bucal na UTI necessitam de correto manejo e adaptação profissional nas atividades propostas, sempre respeitando a individualidade e condição sistêmica do paciente.

Alexandre Franco Miranda (*)

 

Nas Unidades de Terapia Intensivas (UTIs), diferentes profissionais estão envolvidos nos cuidados do paciente crítico, formando uma equipe interdisciplinar que visa a atenção e assistência integral em saúde.

A promoção de saúde bucal é fundamental para esses pacientes e está diretamente relacionada a complicações sistêmicas como a pneumonia associada à ventilação mecânica, pneumonia nosocomial (adquirida), endocardite bacteriana, problemas renais e outras doenças. Por isso, a necessidade da inserção da prática odontológica capacitada como parte da equipe na UTI.

Pacientes internados em UTIs apresentam predisposição à deficiência de higienização bucal, contribuindo para o acúmulo de biofilme dentário e saburra lingual, principalmente, considerados reservatórios (nichos) microbianos de bactérias gram negativas associados a infecções hospitalares. Essa específica condição pode estar relacionada à falta de capacitação profissional na própria UTI, ausência de uma equipe odontológica participativa no contexto clínico e educacional e a falta de protocolos específicos.

As superfícies dentárias e língua, principalmente, de pacientes hospitalizados, são reservatórios microbianos de alta complexidade, o que faz com que a secreção salivar se torne extremamente patogênica. Pacientes debilitados se encontram, geralmente, com os reflexos prejudicados, o que os predispõe à aspiração, tornando a boca a principal porta de entrada para microrganismos prejudiciais à saúde sistêmica.

As ações de promoção de saúde bucal na UTI necessitam de correto manejo e adaptação profissional nas atividades propostas, sempre respeitando a individualidade e condição sistêmica do paciente. Os planejamentos devem ser interdisciplinares, respeitando a decisão médica, da equipe e familiar nas decisões clínicas.

A assistência em saúde bucal deve ter a responsabilidade ética e legal, por meio do consentimento livre e esclarecido, decisão familiar e do paciente, quando possível. O correto registro em prontuário e discussão do plano de tratamento preventivo e ou invasivo devem ser priorizados.

A educação em saúde e cursos direcionados ao preparo profissional da equipe que atua na UTI são primordiais para o sucesso dessa específica conduta em saúde e rotina diária. O sistema hospitalar necessita de maior entendimento e benefícios da presença do cirurgião dentista efetivamente no sistema hospitalar.

A falta de conhecimento profissional sobre a relação da saúde bucal com a sistêmica, e vice-versa, ainda, nos dias atuais, é uma grande situação de formação técnica e clínica a ser modificada em todo o sistema hospitalar, principalmente nas Unidades de Terapia Intensiva.

Atividades odontológicas preventivas são necessárias, porém existem pacientes que apresentam problemas bucais que podem estar relacionados a processos inflamatórios, infecciosos e de dor durante a internação na UTI em que, apenas o cirurgião dentista pode executar as condutas clínicas, pois são referentes à capacitação e formação profissional. Como por exemplo, anestesias odontológicas, extrações dentárias, raspagem supragengival (eliminação de cálculos sub e supragengival), ajustes de próteses dentárias, traumas de aparelhos ortodônticos, laserterapia e biópsias de lesões na cavidade bucal.

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Uma estratégia de planejamento e execução clínica é a ¨Full Mouth Desinfecction¨ em que todas as necessidades odontológicas do paciente são realizadas em sessão única, sob uma óptica de adequação do meio bucal. Essa específica estratégia deve ser muito bem organizada com a equipe profissional na UTI, avaliação sistêmica, medicamentosa e de prioridades clínicas do paciente para que as condutas sejam feitas com segurança e sem prejuízos aos pacientes. Em muitos casos, a sedação intravenosa pode ser uma alternativa associada ao tratamento odontológico realizado na UTI.

Conclusões

A influência da condição de saúde bucal na sistêmica, e vice-versa, evidencia a necessidade da participação do cirurgião dentista como parte integrante da equipe interdisciplinar nas Unidades de Terapia Intensiva.

A higiene bucal deficiente, falta de condutas clínicas odontológicas, manejo e adaptação profissional, além da negligência da saúde bucal por parte dos próprios pacientes e profissionais da saúde representam riscos para a saúde sistêmica.

A atuação do cirurgião dentista capacitado nas Unidades de Terapia Intensiva poder ser fundamental na promoção de saúde e qualidade de vida do paciente crítico, além da diferenciação na assistência hospitalar prestada

Leitura Sugerida

Miranda, Alexandre Franco. Saúde bucal na UTI: necessidade de capacitação profissional e implementação. 1 ed. Paco Editorial: São Paulo, 2017,148p.

 

(*) Alexandre Franco Miranda – Pós-Doc em Odontologia Social (FOUSP) e Odontologia (SL Mandic)

 

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