Truman, tudo dará certo

Truman, tudo dará certo

Tomás viaja do Canadá para a Espanha para visitar seu amigo Julian. Tudo que antecede a viagem que, a princípio nada sabemos, é de uma simplicidade ímpar: um pai que se despede dos filhos ainda adormecidos e um abraço amoroso na esposa com a singela mensagem de que “tudo dará certo”. Difícil saber o que virá depois disso. Melhor assim porque a surpresa em ver quem seria “Truman”, é um dos melhores momentos do filme.

Parece que todo filme – pelo menos na minha humilde avaliação – guarda “causos” no antes e no depois, no mínimo peculiares.

Quando decido conhecer uma história na grande tela, procuro não ver avaliações, críticas, apontamentos e eventuais opiniões de amigos. Eu simplesmente vou, porque a chamada provocou, de uma certa maneira e intensidade bem definidas, uma grande emoção em mim, como aquelas borboletas que dançam e fazem um tremendo barulho dentro de nós.

Bem, quando contei para minha irmã que estava a caminho de “Truman”, ela disse: “mas eu não sabia que, agora, o Ricardo Darín (um dos protagonistas do filme) resolveu fazer filmes de cunho político?1?”.

Não resisti em achar graça porque o título em questão não se referia, de modo algum, ao 33º presidente dos Estados Unidos, Harry S. Truman (1884-1972).

Esse “Truman” do diretor espanhol Cesc Gay é, na verdade, o nome de seu cachorro, elemento central que servirá de fio condutor à trama e que nos conduzira a uma história delicada e sensível sobre amizade e generosidade pelo outro, não importando que outro seja esse.

Sobre o “causo” de antes da história, aqui está, um registro da imaginação e criatividade desses mestres do cinema que sabem, como ninguém, nos surpreender e, ao mesmo tempo, encantar com títulos sugestivos, com ficções que emocionam o mais duro dos corações e claro, uma boa reflexão sobre o que fazemos aqui neste mundo que, muitas vezes nos parece demasiadamente cruel e insensível.

Mas, há sempre esperança e um exemplo disso é “Truman”. Então, vamos a ele!

Tomás, interpretado “generosamente” por Javier Cámara viaja do Canadá para a Espanha para visitar seu amigo Julian, o sempre tocante ator Ricardo Darín.

Tudo que antecede a viagem que, a princípio nada sabemos, é de uma simplicidade ímpar: um pai que se despede dos filhos ainda adormecidos e um abraço amoroso na esposa com a singela mensagem de que “tudo dará certo”.

Difícil saber o que virá depois disso. Melhor assim porque a surpresa em ver quem seria “Truman”, é um dos melhores momentos do filme.

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Apenas quatro dias, é o que tem Tomás e Julian, um tempo que traz a amizade de anos para o presente e porque não dizer para o eterno de todas as vidas que, com certeza, virão.

Como Julian tem seus dias, talvez momentos contados, ele precisa encontrar alguém, uma família que possa adotar seu companheiro Truman. Assim, os dois levam o tal cão para conhecer pessoas dispostas a recebê-lo em suas vidas. A cada casa, a cada bar, a cada parada, os amigos vão revivendo momentos, descobrindo diferenças e oportunidades, até então desconhecidas, de se desfrutar tanto das coisas simples da vida como daquelas mais complexas.

Se você deseja conhecer uma história plena de emoções, sem ser apelativa, conheça o Truman de Darín, um cão que tem um mundo de humanidade dentro dele, um espelho de seu dono até no suspiro, fruto de um cansaço imenso, de um amor incomensurável pelo outro e que já no final de seus dias, aproveita cada instante valioso que a existência ainda pode lhe ofertar.

“Truman”, um caloroso ensaio sobre a nossa solidão, sobre os amores imperfeitos, sobre a amizade que nos aceita como somos e, triste, sobre todas as despedidas necessárias, inclusive aquela que tanto evitamos.

Mas, acho que não mencionei ainda o “causo” do depois da história. Saindo do cinema, liguei novamente meu celular quando vi, para minha surpresa, uma mensagem de uma amiga que me pedia para adotar seu cãozinho. Com o coração apertado e os olhos marejados, fiquei sem palavras.

E você ainda acha que existem coincidências? Carl Gustav Jung (1875-1961), psiquiatra e psicoterapeuta suíço que fundou a psicologia analítica, dizia que a sincronicidade é uma “coincidência significativa”.

“Estou alerta para as conspirações das improbabilidades. Tudo o que me acontece de diferente na vida é cármico. É, portanto, um sinal de que posso aprender alguma coisa com aquela experiência. Em toda adversidade há a semente da oportunidade”, já dizia Deepak Chopra.

Na segunda vez que assisti foi para debater o filme pelo Portal do Envelhecimento junto ao programa Itaú Viver Mais Cinema, no Shopping Frei Caneca, em São Paulo. Os comentários do público foram muito interessantes, afinal, Truman traz questões que todos nós preferimos não falar: sobre a finitude, a despedida, a morte em si, os desejos, e ainda antecipar a partida.

O que você faria se tivesse uma doença incurável? Sofrer pelo tratamento ou simplesmente deixar a doença tomar seu rumo e quando a “coisa” apertar, antecipar a partida? Trata-se de uma decisão muito individual e, claro, poucos são aqueles que aceitam tais decisões. Esse conflito está dado no filme do começo ao fim, mas de forma muito tranquila, tratado com muita leveza, permitindo ao público refletir sobre possíveis tempos que poderão acontecer a cada um de nós.

Falar sobre a partida deste mundo para outro, e sobre nosso processo de finitude não é fácil. Mas Julian, Tomás e Truman, em uma produção simples, e dirigidos por um bom diretor, conseguiram essa proeza.

O filme nos ensina a desapegar !

Trailer Acesse Aqui 

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