Spock não morreu

Spock não morreu

Leonard Nimoy (1931-2015), em seu último tuíte, escreveu: “Uma vida é como um jardim. Dá para se ter momentos perfeitos, mas é impossível preservá-los, a não ser na memória. Vida longa e próspera”. O alienígena pacificador de “Jornada nas Estrelas” pega sua nave e segue a vida em busca dos seus, rumo a outras galáxias.

 

Esses últimos dias não tem sido fáceis. Para quem acompanha meus textos suados de amor e admiração, sabe que algo, no mínimo diferente, está acontecendo no universo: estrelas decidiram brilhar em outras galáxias.

Começou com Maria Della Costa, depois Odete Lara, logo em seguida, Tomie Othake e agora, para inundar minha imaginação com lágrimas de saudade e profunda melancolia, chega a notícia que o enigmático e misterioso Sr. Spock pegou sua nave e voou para algum outro planeta de Deus. Ah, me perdoem leitores, esse é meu jeito, talvez um tanto bizarro, de lembrá-los que Leonard Nimoy (1931-2015), o ator que interpretou o alienígena da série “Jornada nas Estrelas”, não mais está no nosso planeta Terra. É, parece que o avançar do tempo anunciou seus últimos instantes para meu herói da infância.

Assim, dedico esse texto aos homens mais velhos, eternos meninos de calças curtas que tanto se deliciaram com as aventuras da série/ficção científica exibida entre 1966 e 1969 e, especialmente, com o lógico, pragmático e, ao mesmo tempo, sensível personagem da nave “Enterprise”. 

“Vida longa e próspera” era a saudação de Spock, o alienígena pacificador que viajava pelo espaço sob o comando do Capitão Kirk (William Shatner). Na época, para a menina de 7 anos (minha idade em 1969), essa frase já cravava meu coração de significados, além de invadir meu mundo particular de seres exóticos, poderosos e de múltiplas facetas.

O Diabo e o bom Deus vinham representados nesses seres de outros planetas que, ora nos ameaçavam com suas imagens aterrorizantes, ora nos protegiam com olhares e gestos acolhedores. Nessa época tínhamos esperança de que “muito mais” existia e estava por acontecer, olhávamos para a lua e lá estava, bem escondida, a perspectiva desse “longeviver” que Spock sabiamente falava, um futuro possível e viável.

Sempre pensei e ainda me inquieta imaginar o quanto personagens tão profundos influenciam os dias, as noites e a essência dos grandes atores: é a angustiante e inexplicável linha tênue entre a ficção e a realidade. Acho que todos nós temos versões de nós mesmos espalhados pelos finitos momentos da vida e, quem sabe, até em universos paralelos.

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Sobre “as existências”, a série “Fringe” (2008) se torna um banquete para a nossa imaginação. Nela, claro, mais uma vez, Nimoy é aquele que interpreta o mistério por William Bell, um homem que tem o dom de acessar os tais mundos que correm desconhecidos ao nosso. Seus integrantes, seres como eu e você, não são simples cópias de nós, mas se resumem na diferença, na controversa escolha dos caminhos, nos raros acertos e nos infindáveis erros.

Seria possível buscar em outro mudo, o que ou quem não temos ou não encontramos aqui? Em “Fringe”, através da ciência e da luta incessante pelo conhecimento, sim. Mas, seria algo como roubar o que não nos pertence? Pense como quiser, homens determinados e que ainda amam são capazes de romper os limites do tempo e do possível, chegam às raias da exaustão para a preservação e manutenção da vida.

Em seu último tuíte, Leonard Nimoy, escreveu: “Uma vida é como um jardim. Dá para se ter momentos perfeitos, mas é impossível preservá-los, a não ser na memória. Vida longa e próspera”.

Mas, o que fica na memória, permanece inscrito na Alma e, “Ela”, viaja, abusada, garbosa,  livremente pelas galáxias, daqui e de lá, hoje e depois.

Uma vez, meu anacrônico amor, o menino de calças curtas, disse: “Talvez sejamos, todos, jogadores de dados…dada a aleatoriedade do Universo”.

Fica a mensagem: Spock, o alienígena de sobrancelhas ousadas, orelhas pontudas que vagam pelo céu e olhos de mil dizeres, permanecerá único e insubstituível, para sempre, no mundo mágico e encantador de todos nós.

Tributo a Leonard Nimoy – https://www.youtube.com/watch?v=wGMsbw5M8so

“Jornada nas Estrelas” – Episódio “Volta ao Amanhã”  https://www.youtube.com/watch?v=UQI52lk

Luciana Helena Mussi

Engenheira, psicóloga, mestre em Gerontologia pela PUC-SP e doutora em Psicologia Social PUC-SP. Membro da Comissão Editorial da Revista Kairós-Gerontologia. Coordenadora do Blog Tempo de Viver do Portal do Envelhecimento. Colaboradora do Portal do Envelhecimento. E-mail: [email protected].

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Engenheira, psicóloga, mestre em Gerontologia pela PUC-SP e doutora em Psicologia Social PUC-SP. Membro da Comissão Editorial da Revista Kairós-Gerontologia. Coordenadora do Blog Tempo de Viver do Portal do Envelhecimento. Colaboradora do Portal do Envelhecimento. E-mail: [email protected].

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