Estudo revela que um terço dos casos de demência é evitável

Estudo revela que um terço dos casos de demência é evitável

As evidências da pesquisa realizada indicaram que as intervenções psicológicas, sociais e ambientais, como a promoção do contato social e de atividades coletivas tiveram um resultado melhor que os medicamentos antipsicóticos para tratar os sintomas de agitação e agressão associados à demência.

Por Leandro Tadeu Prazeres Maresti (*)

 

Obra de arte de Paul Klee

Conforme envelhecemos, aumentam as chances do desenvolvimento de doenças tais como as síndromes demenciais. A demência é uma das doenças que mais acomete os idosos hoje no mundo.

Porém um relatório publicado na revista científica Lancet** destaca que em um terço dos casos de demência esta doença pode ser evitada. O mesmo artigo aponta os efeitos benéficos advindos do uso de intervenções não farmacológicas (isto é, sem medicamentos, tais como arte terapia, musicoterapia, terapia ocupacional, entre outras) para pessoas com a doença.

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Mas se as demências podem ser evitadas, de que maneira podemos fazê-lo? Por que não é feita?

Para responder a primeira pergunta, o estudo identificou 9 fatores de risco que, ao ocorrerem em várias fases da vida, aumentam o perigo de desenvolver demências. Fomentar a educação durante a infância e juventude; cuidar da perda de audição, da hipertensão e da obesidade durante a vida madura, pode reduzir a incidência de demência em pelo menos 20%, dizem os autores. Na velhice, parar de fumar, tratar da depressão, aumentar a atividade física, aprimorar o contato social e controlar a diabete poderia reduzir a incidência da demência em mais de 15%, segundo o estudo.

Para chegar a essa conclusão, a comissão reuniu 24 especialistas internacionais que fizeram uma revisão sistemática da pesquisa existente sobre o tema, com o objetivo de fornecer recomendações com base em evidências para o tratamento e prevenção da demência.

As evidências indicaram que as intervenções psicológicas, sociais e ambientais, como a promoção do contato social e de atividades coletivas tiveram um resultado melhor que os medicamentos antipsicóticos para tratar os sintomas de agitação e agressão associados à demência.

Quanto a segunda pergunta, a própria cultura, falta de investimentos em educação e pesquisas e a facilidade de acesso a prescrições medicamentosas, são alguns dos fatores que contribuem para que a terapia não medicamentosa não seja tão conhecida ou estimulada, aumentando, assim, os riscos de desenvolvimento de síndromes demenciais.

Estima-se que em 2030 o número de pessoas com síndromes demenciais salte de 47 milhões para 66 milhões e em 2050 atinja o alarmante número de 115 milhões de pessoas. Segundo os especialistas, há um grande foco no desenvolvimento de medicamentos para controle e prevenção de demências, no entanto, não se pode deixar de lado as abordagens preventivas, como demonstrado neste importante estudo.

(*) Leandro Tadeu Prazeres Maresti é enfermeiro e faz parte da equipe do Blog 60+saúde, coordenado por Maria Elisa Gonzalez Manso. A foto de destaque é do filme Hora do Chá (Chile)

(**) Trata-se do relatório da primeira Comissão de Prevenção e Assistência à Demência Lancet, apresentado na Conferência da Associação Internacional de Alzheimer de 2017.

Maria Elisa Gonzalez Manso

Médica e bacharel em Direito, pós-graduada em Gestão de Negócios e Serviços de Saúde e em Docência em Saúde, Mestre em Gerontologia Social e Doutora em Ciências Sociais pela PUC SP. Orientadora docente da LEPE- Liga de Estudos do Processo de Envelhecimento e professora titular do Centro Universitários São Camilo. Pesquisadora do grupo CNPq-PUC SP Saúde, Cultura e Envelhecimento. Gestora de serviços de saúde, atua como consultora nas áreas de envelhecimento, promoção da saúde e prevenção de doenças, com várias publicações nestas áreas.

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Médica e bacharel em Direito, pós-graduada em Gestão de Negócios e Serviços de Saúde e em Docência em Saúde, Mestre em Gerontologia Social e Doutora em Ciências Sociais pela PUC SP. Orientadora docente da LEPE- Liga de Estudos do Processo de Envelhecimento e professora titular do Centro Universitários São Camilo. Pesquisadora do grupo CNPq-PUC SP Saúde, Cultura e Envelhecimento. Gestora de serviços de saúde, atua como consultora nas áreas de envelhecimento, promoção da saúde e prevenção de doenças, com várias publicações nestas áreas.

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