Envelhecer: Talvez, uma Tarefa Nada Fácil

É importante saber que temas relacionados ao envelhecimento são, atualmente, matéria discutida em sites importantes e de grande repercussão. É o caso da matéria “Desafios do envelhecimento” de Lucila Cano, colunista do “educação.uol” e especialista em temas relacionados ao 3º setor.

 

Ela começa sua reflexão lembrando do Dia Internacional das Pessoas Idosas, em 1º. de outubro de 2011, quando a ONU divulgou o estonteante número de 700 milhões de pessoas com mais de 60 anos em todo o mundo e a projeção para até 2050: os idosos serão mais de 2 bilhões e ultrapassarão o número de crianças.

Segundo pronunciamento do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, quase dois terços da população considerada idosa vive nos países em desenvolvimento e são excluídos dos programas de melhoria social, seja global, regional ou nacional. É constrangedora esta constatação! Nos locais que mais precisam de assistência, a situação é ignorada, talvez até evitada, como se não existisse.

A colunista continua trazendo o cenário do rápido envelhecimento da população brasileira. De acordo com o Censo 2010, o percentual de pessoas com mais de 60 anos aumentou de 8,6% em 2000 para 10,8% em 2010. Cerca de 20,6 milhões de pessoas têm idade superior a 60 anos. Delas, 53,2% vivem em municípios com mais de 100 mil habitantes.

Ainda, a título de curiosidade, Cano traz o bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro; um local que concentra o maior número absoluto de idosos entre os bairros do país. São 43.431 moradores com 60 anos ou mais, quase um terço da população do bairro.

E a que se deve este fenômeno de cada vez vivermos mais? Com certeza, ela afirma, ao avanços tecnológicos e científicos, acesso facilitado à informação e padrão socioeconômico mais elevado respondem pela melhor qualidade de vida nas áreas urbanas. Por isso, quem já chegou aos 60 e é favorecido por essas condições dificilmente se sente ou age como um idoso.

Quem é o velho, então? Todos respondem, quase em coro: o outro, nunca eu!

Cano relata um dado que pode ser surpresa para muitos: mesmo nos centros urbanos, boa parcela de idosos tem perfil desassistido. Muitos vivem entre moradores de rua e estão abandonados à sorte de cada novo dia. Outros têm idade mais avançada e estão incapacitados de exercer atividades, por serem vítimas de doenças crônicas e/ou da pobreza. O que não dizer, então, daqueles que vivem em áreas rurais desprovidas de recursos?

Bem, para esses, a realidade é cruel, principalmente se pensarmos no precário sistema de saúde brasileiro ou, talvez, o pior: o incômodo velado que o velho fragilizado gera tanto na família como na sociedade em geral. Se não estamos preparados para este boom de tantos anos acumulados num único indíviduo, imaginem um número que cresce numa progressão geométrica humana!

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Se entramos nos detalhes sórdidos desse cenário, chegamos nas nossas casas e cidades, locais não adaptadas para os idosos. Cano fala com propriedade: as pessoas não estão preparadas para o convívio com o idoso e, em futuro breve, caso nada seja feito, a falta de planejamento para essa nova realidade social poderá causar grandes rombos nos orçamentos públicos.

É irônico pensar que a maioria dos programas sociais voltados para os idosos se concentra naquela faixa que ainda está pronta para malhar, dançar, viajar. A televisão, por exemplo, traz matérias de velhinhos simpáticos que viajam em caravana, estão prontos para todo tipo de aventura e amam o risco. E como pergunta a colunista: e os demais? O que fazer com o grupo que necessita de cuidados e atenção constantes?

Cano afirma ser, em muitas circunstâncias, quase ofensivo se chamar a velhice de “melhor idade”. “Só se for para você”, dizem muitos idosos.

E ela complementa: “Esse boom da velhice merece atenção e desafia a criatividade e o empreendedorismo de todos os que querem inovar no mundo dos negócios. Tudo está por fazer, não só para os “idosos ativos”, mas também para ampliar o atendimento dos até agora desassistidos. Nesse sentido, pesquisas com a população idosa seriam muito bem-vindas.”

Lembrando da Dra. Zilda Arns Neumann e sua conversa com o médico geriatra João Batista Lima Filho em 1993, Cano nos conta um pouco do fruto deste encontro: o trabalho da Pastoral da Pessoa Idosa. Um projeto que visa oferecer uma rede de solidariedade a idosos, nos mesmos moldes da atuação da Pastoral da Criança com crianças e gestantes.

O Estatuto do Idoso foi lançado em 2003 e no ano seguinte foi constituída a Pastoral da Pessoa Idosa. Até então, os seus voluntários vinham orientando as pessoas através da rede de atendimento da Pastoral da Criança.

O site da Pastoral da Pessoa Idosa (www.pastoraldapessoaidosa.org.br) conta essa história em detalhes e presta informações sobre o número de atendimentos em domicílio, entre outros dados. Lá também está a íntegra do Estatuto da Pastoral da Pessoa Idosa, cujos itens reforçam a importância da manutenção da dignidade e valorização das pessoas.

Só não consta outros sites de instituições reconhecidas que há muito vem trabalhando na construção de uma cultura da longevidade como o Observatório da Longevidade Humana e Envelhecimento – OLHE, através do Portal do Envelhecimento, que está no ar desde agosto de 2004, como um deles.

Finalizando, Cano nos traz um tópico do estatuto, que, como ela bem diz, poderia inspirar mais ações para o público idoso: “Valorizar a história de vida, as experiências, o ser biográfico, a sabedoria adquirida ao longo da vida de cada pessoa idosa, respeitando-a como guardiã da memória coletiva”.

Referências
CANO, L. (2012). Desafios do envelhecimento. Disponível Aqui. Acesso em 14/01/2012.

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