Elza Soares, 80 anos de glória

Elza Soares, 80 anos de glória

Elza Soares pode ser 87 ou 76, pois ela não revela a idade. Mas o que isso tem a ver? Elza é eterna, é imortal. Com A Mulher do Fim do Mundo, seu primeiro disco de inéditas em 60 anos de carreira, entrou na lista dos dez melhores álbuns do New York Times e acabou de lançar um videoclipe em formato de cinema para comemorar. Na companhia da Rolling Stones Brasil e o apoio de um time de craque à lá Mané, Elza está nos braços da galera.

A história da cantora dá um livro, um longa, tudo isso junto e mais alguma coisa. Lata d’água na cabeça, lá vai Elza sacudir a poeira e dar a volta por cima uma, duas, três, dezenas de vezes.

Desde pequenininha, quando aos 12 anos a família a casou com o homem com quem teve meia dúzia de filhos, Elza entendeu que para vencer dependia exclusivamente dela, do seu talento e coragem.

Encarou programas de calouros que só foi admitida por conta da voz poderosa. Apresentou-se tão desarrumada que o apresentador perguntou de que planeta ela vinha. Elza respondeu sem medo: do planeta Fome.

Ficou viúva aos 21 anos. Pouco depois conheceu um jogador de futebol com quem formou uma dupla para driblar tudo, a começar pela pobreza. Na década de 60, mesmo um jogador famoso, como Mané Garrincha, ganhava pouco.

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Garrincha se divorciou para viver com Elza uma grande história de amor. Tiveram um filho. O único filho homem do jogador. Quando as coisas entravam nos eixos, Garrinchinha foi levado pelas águas e o pai se afogou na bebida.

Elza caía, levantava, sacudia a poeira e cantava com alegria e tristeza, tudo junto e misturado. Enfrentava discriminação e preconceito. Seguia de cabeça erguida e gogó afinado. Antes de cair do palco, já havia enterrado quatro filhos e dois maridos.

A queda do palco foi feia. Desabou de cima de um salto de 15cm fora o tablado. Fraturou a coluna. Levantou, operou, faz fisioterapia, mas já não samba como nos bons tempos, mas sonha em voltar a cantar de pé em breve.

Sua agenda está cada vez mais cheia. Canta ao lado de gente bonita e talentosa. Shows espetaculares, bem produzidos, inesquecíveis. Sua voz inconfundível deixou Jon Pareles, crítico do NYT, pasmo: “Não é preciso tradução para reconhecer a ira e a raiva em A Mulher do Fim do Mundo, de Elza Soares. Ela usa o rouco, ainda muito poderoso de sua voz, para cantar sobre abuso, pobreza e violência (contar a mulheres, negros e homossexuais)… a sra. Soares permanece indomável”.

 

 

Mário Lucena

Jornalista, bacharel em Psicologia e editor da Portal Edições, editora do Portal do Envelhecimento. Conheça os livros editados por Mário Lucena.

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